Rogério Melzi, presidente da holding de serviços de saúde Hospital Care, rede de hospitais, clínicas e laboratórios, não esconde de ninguém que pretende fazer uma aquisição atrás da outra até fincar bandeira em oito cidades estratégicas. E dinheiro não falta para isso.

Desde 2017, quando foi fundada por Elie Horn, da Cyrela, por meio de seu fundo Abaporu; pelo investidor Julio Bozano, com seu fundo Santa Maria; e pela Crescera, a antiga gestora Bozano, a empresa comprou operações em Campinas, Ribeirão Preto, Florianópolis e Curitiba.

Em dezembro passado, quando anunciou a compra do grupo Pilar, na capital paranaense, Melzi disse que viriam mais aquisições pela frente. Na ocasião, ele afirmou ao NeoFeed que anunciaria uma compra no início de 2020. E ele acaba de cumprir a promessa.

Nesta quarta-feira, 18 de março, a empresa vai anunciar a aquisição do grupo Austa, de São José do Rio Preto (SP). A compra de 60% do negócio ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Saúde (ANS).

O valor do negócio não é revelado, mas fontes de mercado afirmam que o Austa fature R$ 300 milhões por ano. Com isso, a Hospital Care deve bater em um faturamento estimado em R$ 1,5 bilhão. “Fico feliz de, mesmo no meio dessa confusão toda de coronavírus, anunciar mais uma aquisição”, diz Melzi ao NeoFeed.

A incorporação do Austa faz com que a holding alcance um total de 23 ativos, entre os quais nove hospitais, e atinja 80 mil atendimentos mensais. Atualmente, o hospital de São José do Rio Preto faz 10 mil atendimentos e 800 cirurgias por mês.

Rogério Melzi, CEO da Hospital Care

A aquisição garante também um plano de saúde, o Austa Clínicas, com 75 mil vidas. Somado ao Vera Cruz Assistência de Saúde, ativo da Hospital Care em Campinas, a holding teria um plano com 105 mil vidas. “Vamos estudar a possibilidade de unificar os dois planos”, diz o executivo.

Melzi afirma que a Hospital Care deverá comprar mais dois hospitais em outras duas cidades até o fim do ano, alcançando presença em sete polos. O crescimento acontece em um ritmo mais acelerado do que o previsto.

“Está difícil para muitos hospitais operarem sozinhos”, diz Melzi. Não à toa, grandes grupos como D’Or e Hapvida estão avançando sobre ativos em várias partes do país. Com a liquidez dos sócios, a Hospital Care também está aproveitando as oportunidades no mercado.

Estado de alerta

Elie Horn, da Cyrela, é um dos controladores da Hospital Care

A compra acontece num momento de grande estresse para o sistema de saúde por conta do coronavírus. Melzi afirma que as unidades da Hospital Care estão se preparando para o aumento de atendimentos que deverão vir pela frente.

“O Brasil está na terceira onda (primeiro foi a China, depois Europa e agora está chegando aqui). Isso nos deu mais tempo para nos prepararmos”, diz ele. Mas, evidentemente, há um receio grande de como será esse impacto. “Estamos preocupados com a sobrecarga sim”, diz o executivo.

A rede tem comprado e alugado ventiladores mecânicos. Mas não é o suficiente. “O governo tem de agir na questão dos ventiladores mecânicos e nos kits para teste de coronavírus”, afirma Melzi. “Criar leitos de UTIs em contêineres também é uma saída. O governo precisa fazer mais do que está sendo feito.”

“Antes dessa crise, comprávamos de nossos fornecedores pacotes de máscaras por R$ 6. Agora, o mesmo pacote está sendo vendido a R$ 180,00”, diz Melzi. “O preço está trinta vezes mais caro. Isso é um absurdo, um crime.”

Melzi cita o problema das máscaras cirúrgicas como um dos pontos críticos em que o governo tem de entrar com mãos de ferro. “Antes dessa crise, comprávamos de nossos fornecedores pacotes de máscaras por R$ 6. Agora, o mesmo pacote está sendo vendido a R$ 180,00”, diz ele. “O preço está trinta vezes mais caro. Isso é um absurdo, um crime.”

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