Quem não tem familiaridade com o mercado de aviação, deve se perguntar quando vê pela primeira vez o AW609 TiltRotor, o último lançamento da Agusta, que se tornou a marca de luxo da Leonardo, uma das principais empresas de aviação do mundo: é um helicóptero que se parece um avião ou é um avião que se parece um helicóptero?

Na verdade, o AW609 TiltRotor é um misto de helicóptero e avião. A sua vantagem é decolar e aterrissar em terrenos exíguos e, como qualquer avião executivo, vencer longas distâncias acima das nuvens, pois dispõe de cabine pressurizada. Com capacidade para até 9 passageiros, o AW609 chega a voar a 500 quilômetros por hora e tem autonomia de 926 quilômetros.

“É uma alternativa excelente para quem costuma ir de helicóptero para o aeroporto de Congonhas e de lá pegar um voo para o Rio de Janeiro, por exemplo”, diz Corrado Badalassi, vice-presidente de vendas na América do Sul da divisão de helicópteros da Leonardo. “Esperamos lançar o AW609 no Brasil no ano que vem”, antecipou ao NeoFeed.

Lançado na Dubai Expo, nos Emirados Árabes, no ano passado, o AW609 TiltRotor custa em torno de US$ 25 milhões e ainda aguarda autorização da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos e órgãos similares de outros países para ganhar os céus. A novidade, no entanto, já está à venda e cerca de cinco unidades foram vendidas.

Enquanto espera a aprovação de seu helicóptero que se parece com um avião (ou seria o contrário?), a Leonardo está trazendo outro modelo para a 17ª edição da Labace, que ocorre de 9 a 11 de agosto no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Trata-se a nova configuração do AW169, cuja cabine de passageiros, a maior entre os helicópteros desse porte, acomoda até 14 pessoas. Ele é voltado para o segmento executivo e custa a partir de US$ 11,1 milhões, sem contar os impostos de importação. Pode vir com trem de pouso retrátil, fixo ou esquis. Até então 12 brasileiros já adquiriram versões antigas do AW169.

O Brasil é um mercado estratégico para a Leonardo, que faturou 14,1 bilhões de euros em 2021. Metade dos mais de 400 helicópteros do grupo importados para a América Latina pertencem a brasileiros. “E isso apesar de o Brasil ter a maior taxa de importação entre os países vizinhos”, afirma Badalassi.

Mundialmente, a companhia já vendeu mais de 900 helicópteros — parte considerável das aquisições tem fins militares. No Brasil, não mais que um terço dos modelos adquiridos são utilizados por empresas do setor petrolífero, pela Marinha e por forças policiais. Toda a fatia restante está nas mãos do segmento executivo, seja para fretamento ou uso particular.

A Airbus e a Bell são tidas como as maiores concorrentes. No fim de julho, a primeira fez barulho ao trazer para o Brasil, pela primeira vez, o ACH160, considerado um dos helicópteros mais luxuosos e modernos da atualidade. À venda por US$ 19,5 milhões, ele veio a bordo do Airbus Beluga, mais conhecido como baleia. O dono do helicóptero é o empresário Carlos Alberto Sicupira, um dos fundadores do 3G Capital, que controla marcas como AB InBev, Burger King e Heinz.

Para atender clientes como Sucupira, a Leonardo inaugurou, ao custo de R$ 60 milhões, uma unidade de manutenção e personalização de aeronaves em Itapevi no fim do ano passado. A 30 quilômetros da capital, ela ocupa um terreno de 80 mil metros quadrados e é capaz de abrigar até 20 aeronaves simultaneamente.