Sob o usuário "Zuck23", o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi o mais recente "titã" do Vale do Silício a entrar para a onda do aplicativo Clubhouse, uma rede social em que os usuários podem apenas compartilhar áudio.

O "dono" da maior rede social do mundo se juntou ao novo app para participar de um bate-papo no programa "The Good Time Show", nativo da nova plataforma. A conversa foi ao ar na noite de quinta-feira, 4 de fevereiro, e levou o Clubhouse ao topo das paradas de aplicativos mais baixados dos Estados Unidos.

Lançado em março de 2020, o app por enquanto está disponível apenas para o sistema iOS, da Apple, e funciona sob convite. Cada novo usuário tem o direito de convidar duas pessoas para a plataforma. 

Dois meses após ter ido ao ar nos Estados Unidos, o Clubhouse, criado pelo engenheiro industrial Paul Davison e pelo cientista de computação Rohan Seth, acumulava 1,5 mil usuários e era avaliado em US$ 100 milhões.

Em janeiro deste ano, o valor de mercado da startup disparou para US$ 1 bilhão diante do investimento de US$ 100 milhões feito em uma rodada liderada pela gestora de venture capital Andreessen Horowitz. Na ocasião, o aplicativo divulgou que somava mais de 2 milhões de usuários. 

Esse número deve ter crescido muito nos últimos dias. A empresa de análise de dados Sensor Tower, por exemplo, divulgou que o aplicativo já foi baixado 3,6 milhões de vezes, sendo que 1,1 milhão desses downloads aconteceram nos últimos seis dias.

Tamanho interesse tem a ver com o modelo da companhia. O Clubhouse é uma espécie de podcast ao vivo, que integra recursos de redes sociais. Os anfitriões da conversa têm o poder de fala e podem permitir que os convidados interajam. Para isso, basta "levantar a mão", um recurso que também existe na plataforma de videoconferência Google Meets. 

Tudo ali é gratuito e não há publicidade. Mas isso deve durar pouco. Em entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC, o CEO Paul Davison disse que estuda ganhar dinheiro através de assinaturas.

“Há tantas pessoas incríveis que são inteligentes, que são engraçadas e que são realmente ótimas em reunir as pessoas”, disse Davison. “O que queremos é permitir que eles ganhem a vida diretamente no Clubhouse por meio de coisas como assinaturas e eventos com ingressos.”

O plano de receita do Clubhouse é semelhante ao do serviço de crowdfunding Patreon, que permite que criadores independentes recebam fundos diretamente de seu público. O Patreon cobra uma pequena taxa dessas transações. Não está claro quanto ou se o Clubhouse pegaria uma porcentagem das assinaturas.

O crescimento acelerado do Clubhouse tem sido impulsionado por celebridades, que adotaram a plataforma. No dia 1º de fevereiro, Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, usou o app para entrevistar o CEO do app de investimento Robinhood, Vlad Tenev. A conversa foi compartilhada simultaneamente em outra plataforma de livestream, monitorada por mais de 120 mil pessoas. 

A interação entre Musk e Tenev no app foi tão repercutida que fez disparar as ações de outra companhia, a Clubhouse Media Group, que nada tem a ver com a nova rede social. As ações da empresa homônima subiram mais de 117% no dia 2 de fevereiro.

Celebridades como Kevin Hart, Drake, Oprah e Ashton Kutcher são algumas que já estão no aplicativo. No Brasil, Romero Rodrigues, fundador do Buscapé e sócio do fundo de venture capital Redpoint eventures, e Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e da Singu, criaram também contas no Clubhouse. O número de brasileiros no Clubhouse já é bastante numeroso.

Como para fazer parte desse clube é necessário convites, um mercado paralelo se formou ao redor do aplicativo. Plataformas como eBay e Craigslist estão sendo usadas para anunciar a venda de um convite. Na sexta-feira, 5 de fevereiro, os convites para o Clubhouse eram vendidos por a partir de US$ 50 no Craigslist, com valor máximo de US$ 350 para quatro convites. 

O Clubhouse não se manifestou sobre a comercialização dos convites, mas deixou claro em sua página que pretende expandir sua base de usuários. Só não o fez ainda por duas razões: para criar uma comunidade e para ter tempo de desenvolver ferramentas que ajudem a administrar o grande fluxo de pessoas.

A principal preocupação do Clubhouse é com a moderação do conteúdo distribuído no aplicativo. Críticas relativas a discursos homofóbicos, xenófobos e misóginos já fazem parte da realidade da novata, que diz em suas regras que não tolera sexismo, abusos e discursos de ódio em geral. A startup informou que alguns usuários chegaram a ser banidos, mas não revelou os detalhes desses casos.