A vida não está fácil para ninguém. E no meio de uma pandemia que tem afetado a renda dos trabalhadores, o Carrefour está adotando uma estratégia para que os consumidores concentrem suas compras nas lojas da rede.

Um passo em direção a esse novo modelo foi dado nesta quinta-feira, 29 de outubro, quando a rede varejista francesa anunciou detalhes de seu programa de recompensas, o Meu Carrefour, e da reformulação de seu aplicativo, que serão lançados oficialmente em 3 de novembro.

De uma forma geral, o grupo varejista francês observou alguns comportamentos dos consumidores durante a pandemia para modelar sua estratégia. Entre as tendências, as vendas em hipermercados cresceram 25% (o dobro do mercado) e as compras dos consumidores são maiores e com menos frequência. Além, é claro, da explosão das vendas online de produtos alimentares, que cresceram 202,4% no terceiro trimestre de 2020.

O novo programa de recompensas usará a base do Meu Carrefour, que tem 20 milhões de consumidores cadastrados. O objetivo, segundo a empresa, não é fazer o consumidor gastar mais, mas sim concentrar seus gastos no Carrefour.

“O ‘share of wallet’ é  a nossa principal métrica a partir de hoje”, disse Luiz Moreno, CEO do Carrefour Varejo. “Antes da pandemia, estava em 20%. Agora está por volta de 25%.” Por “share of wallet”, entenda-se a capacidade de fazer com que o consumidor gaste mais no Carrefour, aumentando assim o porcentual de gasto de sua carteira na rede varejista.

De acordo com dados do Carrefour, o brasileiro, em média, gasta R$ 1 mil com gastos em supermercados. O objetivo, segundo a empresa, é fazer com que uma parte maior dessas compras, que já são feitas, passem para o Carrefour.

Citando dados da consultoria Nielsen, o Carrefour diz que, antes da pandemia, o brasileiro costumava fazer suas compras em até oito canais. Agora, são apenas três. “O brasileiro vai menos vezes ao supermercado e faz compras maiores”, afirmou Silvana Balbo, diretora de marketing do Carrefour.

Tela do novo aplicativo do Carrefour

No novo programa, a ideia é que o consumidor tenha três metas de gastos baseada em seu histórico de compras. A primeira meta, em geral, é o volume médio dos gastos nos últimos 12 meses. As duas outras metas são superiores.

A cada meta atingida, o consumidor ganha uma moeda virtual que poderá ser trocada por recompensas, que podem ser cupons de compras e vouchers para serem usados em uma rede de parceiros.

A reformulação do Meu Carrefour é anunciado no mesmo mês em que o Grupo Pão de Açúcar e a RD (raia drogasil) começaram a operar sua plataforma de fidelidade conjunta, a Stix, uma joint venture entre as duas empresas. Questionado, Moreno negou que a estratégia seja uma reação ao rival.

Ao mesmo tempo, Moreno adiantou que o Carrefour deve começar a operar sua primeira loja autônoma até o fim deste ano, baseada no modelo de “scan & go”, onde o consumidor pega os produtos e escaneia sem a necessidade da presença de uma pessoa operando o caixa.

De acordo com Moreno, o plano do Carrefour era começar a operar essas lojas sem caixa antes da pandemia, mas ela iria funcionar em um coworking. O fechamentos dos escritórios adiou os planos da companhia.

Agora, o Carrefour vai retomar o projeto. “Temos uma plano de expansão de lojas autônomas dentro de empresas e de dentro de prédios residenciais”, afirmou Moreno, sem fornecedor maiores detalhes. A primeira loja autônoma deve ser localizada em São Bernardo do Campo, na região do Grande ABC.

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