Fundada em 2011, a Mobly nasceu como um e-commerce de móveis e artigos de decoração. Desde então, esse modelo ganhou novos elementos. Primeiro, veio o formato de marketplace. Depois, as lojas físicas e a ampliação do portfólio com ofertas próprias.

Agora, a startup está acrescentando mais uma peça a esse pacote, com o lançamento de uma plataforma de venda de móveis usados. Em teste há duas semanas, o marketplace começou a ganhar visibilidade nesta terça-feira, 2 de junho, a partir de um link discreto na loja que reúne as ofertas tradicionais da companhia.

“Esse é um projeto complementar no nosso modelo”, diz Victor Noda, cofundador e CEO da Mobly, que revelou o novo projeto com exclusividade ao NeoFeed. “E com esse movimento, nós fechamos todo o ciclo de atuação no setor.”

A ideia da plataforma surgiu em fevereiro, a partir de pesquisas realizadas em 2019. Entre outras questões, a Mobly identificou que boa parte dos móveis é doada ou descartada porque embalar e entregar os produtos são algumas das barreiras para a venda.

“O segmento de móveis secundários é pouco explorado, mas tem um potencial enorme”, afirma Noda. “Há estimativas de que essa vertente represente entre 10% e 20% do mercado total de móveis, que está na faixa de R$ 90 bilhões.”

Disponível inicialmente em São Paulo, o marketplace contará com as mesmas categorias já trabalhadas em outros canais da Mobly. A plataforma terá uma curadoria das ofertas, além de centralizar todas as funções de pagamento e de repasse aos parceiros.

Para os vendedores, o principal atrativo, no entanto, é a possibilidade de usar os serviços de logística da Mobly Log, spin-off da startup, que cuidará de todo o processo, da embalagem e retirada até a entrega do produto.

“Há estimativas de que essa vertente represente entre 10% e 20% do mercado total de móveis, que está na faixa de R$ 90 bilhões”, diz Victor Noda, cofundador e CEO da Mobly

Com a plataforma ainda em fase de ajustes, o foco agora é atrair vendedores. A empresa está buscando parcerias com lojas especializadas em móveis de segunda mão. A Mobly terá uma comissão de 15% sobre as vendas geradas. Nesse início, no entanto, essa taxa não será cobrada.

A companhia também começa a abordar seus próprios clientes. A partir de hoje, aqueles que fecharem um pedido na loja virtual da startup, receberão a sugestão de venda de seus móveis antigos pelo novo canal. Essa divulgação também já está sendo feita para toda a base de cadastros da empresa.

“Nossos consumidores serão o principal motor para alavancar o número de vendedores na plataforma”, diz Noda, que estima fechar o ano com um catálogo de 5 mil produtos. Ele estima, porém, que, em dois meses, o canal já terá uma oferta representativa, o que permitirá que a Mobly invista em uma campanha centrada nos compradores.

Para Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo e inovação do Insper, o investimento no novo nicho e a conexão com os próprios consumidores da sua base fortalecem o modelo da startup e ajudam a quebrar as barreiras para a compra online de móveis.

“Há uma demanda represada, pois livrar-se de um móvel usado é um problema para boa parte das pessoas”, afirma Nakagawa. “E ao resolver essa dor, a Mobly cobre mais uma demanda nesse segmento.”

Noda, por sua vez, não revela o quanto a vertente pode representar dentro da operação da Mobly. Parte do grupo alemão Home24, desde 2018, a startup fechou o ano passado com uma receita de € 93,3 milhões de euros (R$ 420 milhões).

Outras frentes

A Mobly também tem novidades em seu marketplace tradicional de móveis e artigos de decoração. A empresa acaba de abrir a plataforma para vendedores do exterior.

Inicialmente, a iniciativa está priorizando sellers asiáticos e os produtos da categoria de eletroeletrônicos dentro do conceito de casa inteligente. No total, o canal conta com 500 vendedores e mais de 200 mil itens ofertados.

Com a Covid-19, a empresa também deu velocidade a projetos que estavam na gaveta. Entre eles, a abertura de uma loja no aplicativo da Rappi e o lançamento do Mobly Express, serviço de entregas em até um dia útil, disponível inicialmente para clientes da cidade de São Paulo e com uma oferta que abrange 200 produtos do catálogo.

A pandemia freou, no entanto, alguns projetos. Ao menos no curto prazo. A Mobly espera o fim das quarentenas para definir qual será o ritmo de expansão de suas lojas físicas.

Atualmente, a startup tem uma megaloja de 4,5 mil metros quadrados em São Paulo, além de outras 11 unidades, entre outlets e lojas de menor porte na capital paulista e nas cidades de Campinas, Guarulhos e Suzano.

“Nosso plano é seguir a expansão no estado de São Paulo”, diz Noda. “Nós acreditamos que a capital comporta mais 3 ou 4 megastores, além de lojas menores na cidade e na região metropolitana”, acrescenta.

Desde abril, a Mobly registrou um crescimento nas vendas superior a 100% quando comparado a igual período de 2019

Se o coronavírus suspendeu temporariamente a expansão das lojas físicas, em outra ponta, impulsionou as vendas digitais da startup. Segundo Noda, desde abril, a Mobly apurou um crescimento superior a 100% quando comparado a igual período de 2019.

“A penetração digital do nosso mercado era de 7% e estimamos agora que esteja em 30%”, afirma Noda, que enxerga um recuo no pós-crise, mas não para o mesmo patamar de antes da crise. “A aceleração foi gigantesca e vai nos ajudar a quebrar barreiras. Em dois meses, nós ganhamos alguns anos.”

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