A startup de crédito consignado online Meu Tudo acaba de receber um aporte da Domo Invest, gestora de venture capital que tem entre os seus sócios Rodrigo Borges, um dos fundadores do Buscapé.

Fundada em 2017 por Marcio Feitoza e Felipe Oquendo, a startup é um marketplace de crédito consignado que conta com a oferta de nove bancos: BMG, Olé, Cetelem, Santander, Pan, Daycoval, CCB (China Construction Bank), Bradesco e Safra.

O aporte total é R$ 12 milhões e inclui, além dos recursos da Domo, capital dos próprios sócios. “Com essa injeção de capital, vamos acelerar nosso crescimento e fortalecer os nossos canais de aquisição, de atendimento e suporte aos clientes”, diz Feitoza, que também é o CEO do Meu Tudo, com exclusividade ao NeoFeed.

O Meu Tudo foca no atendimento de aposentados e servidores públicos federais, estaduais e municipais. Todo seu processo é online e a contratação do crédito pode ser feita em até 10 minutos, segundo a startup. As taxas começam a partir de 1,29%.

“Há boas startups de crédito. Mas no mercado de crédito consignado não tinha ninguém em condições apropriadas para dar passos largos como o Meu Tudo”, diz Felipe Andrade, sócio da Domo Invest, explicando o motivo de investir na startup.

A pandemia acelerou o crescimento do Meu Tudo. Como seu público-alvo é mais velho, muitas pessoas deixaram de ir às agências bancárias por conta do isolamento social e de fazer parte do grupo de risco da Covid-19 e passaram a experimentar a contratação de crédito consignado em plataformas online.

No ano passado, o Meu Tudo tinha 28 mil clientes. Mas, desde o começo do ano, o número saltou para 97 mil. Por mês, o Meu Tudo já está emprestando R$ 50 milhões. A meta é chegar a uma média mensal de empréstimos de R$ 100 milhões até o fim deste ano.

"Dobramos o número de funcionários, que passou de 40 para 80", diz Feitoza, cujo receita vem de uma comissão no fechamento da operação do crédito consignado e outra ao longo do tempo do contrato.

O próximo passo do Meu Tudo vai ser criar a sua própria linha de crédito de R$ 250 milhões, que deve estar disponível no segundo semestre. Para atuar diretamente, a startup negocia acordo com uma gestora especializada em crédito consignado.

Marcio Feitoza, CEO e fundador do Meu Tudo

O objetivo é montar um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) para captar os recursos que serão oferecidos aos clientes de crédito consignado.

O Meu Tudo negocia também com um parceiro de tecnologia o serviço de banking as a service para poder oferecer o crédito próprio, pois não tem licença do Banco Central para prestar o serviço.

A Domo é conhecida por fazer investimento no estágio seed. Em geral, os cheques variam de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões. Essa é a quinta fintech do portfólio da gestora. Além do Meu Tudo, a Domo já investiu na Noverde (crédito online), Ioou (investimento coletivo), Bloxs (investimentos alternativos) e Grão (aplicativo para poupar).

Uma pesquisa do Distrito, ecossistema independente de startups, diz que há 742 fintechs no Brasil. As startups financeiras especializadas em crédito representam 15,8% desse universo, a segunda categoria com mais empresas.

O crédito consignado, por sua vez, é a maior linha de crédito pessoal do Brasil. Ela conta com R$ 400 bilhões de estoque de carteira de crédito, o dobro do crédito para financiamento de veículos no País.

Trate-se também de um mercado em que a maioria dos bancos atuam. Mas os modelos de negócios são baseados em correspondentes bancários e vendas dentro das agências.

Tradição familiar

A família de Feitoza tem uma longa trajetória na área de empréstimo consignado. Desde 1998, o grupo familiar CMF atua neste segmento através de diversas empresas.

A primeira delas foi a Facility que atuava com diversos serviços financeiros, inclusive crédito consignado. Depois foi a vez da Facility Card, que prestava serviços a outros bancos, administrando o limite de 30% do salário que pode ser comprometido com esse tipo de empréstimo.

“Ficamos incumbidos da administração das informações de mais de 1 milhão de servidores públicos de nove Estados e de 14 prefeituras”, diz Feitoza.

Mas, além de administrar, a Facility Card se tornou um correspondente bancário e chegou a ter mais de 200 lojas e 2 mil funcionários para atuar nessa área. O negócio durou até 2012, quando foi vendido.

Hoje, o grupo familiar CFM mantém nove empresas nas áreas de tecnologia e de finanças, entre elas o Meu Tudo.

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