As autoridades e os credores suíços, incluindo o UBS, estão discutindo novas medidas para evitar corridas bancárias após o resgate do Credit Suisse no início deste ano.
Entre as medidas em discussão está a opção de reter uma parcela maior dos investimentos por períodos mais longos. Cobranças de taxas nos resgates também é uma alternativa em discussão, assim como recompensar os clientes que mantêm suas poupanças por mais tempo com taxas de juros mais altas.
A informação é da agência de notícias Reuters, cujas fontes consultadas afirmam que a medida poderá afetar a indústria de wealth management por lá.
Segundo a agência, as discussões estão nos estágios iniciais, e envolvem o Banco Nacional Suíço e o Ministério das Finanças suíço.
Um representante do governo disse que a questão das corridas bancárias faz parte de uma avaliação global do regulamento too-big-to-fail na Suíça, e se centra nos chamados bancos sistemicamente importantes. O governo suíço deverá publicar um relatório na primavera (entre março e junho) do próximo ano a respeito do assunto.
O banco central local se recusou a comentar sobre o trabalho em andamento e o UBS não quis se pronunciar sobre a reportagem da Reuters.
Uma Suíça menos atraente
Apesar de ainda preliminares, as medidas em discussão estão deixando o mercado financeiro europeu nervoso. A preocupação é de uma penalização à competitividade dos bancos suíços em um momento de maior enfraquecimento frente a outros grandes bancos globais, fazendo os clientes migrarem para outros bookings centers menos amarrados em legislação.
Esse debate acontece poucos meses depois de a ministra das Finanças, Karin Keller-Sutteras, anunciar em 30 de agosto medidas para reprimir a lavagem de dinheiro e aumentar a transparência do sistema financeiro do país.
Entre as propostas, chama a atenção a exigência de que os “proprietários beneficiários” finais de trustes e empresas sejam declarados, responsabilizando advogados e agentes financeiros que não o fizerem.
Atualmente, a Suíça é o único país europeu que não possui esse registro nacional de propriedade. A versão final, que precisa ser aprovada pelo Parlamento, deve passar por alterações para evitar brechas.
Porém, os reguladores parecem mais preocupados com problemas maiores. No início deste ano, alguns bancos regionais dos EUA e o Credit Suisse sofreram enormes corridas por saques, levando alguns à falência e à intervenção dos reguladores para evitar uma crise financeira mais ampla.
O Credit Suisse viveu uma situação semelhante, sem precedentes em sua história, e esteve perto de uma liquidação em março. Nos últimos três meses de 2022, o banco, na altura o segundo maior credor da Suíça, foi atingido por saídas de 111 bilhões de francos suíços. Outros 61 bilhões de francos suíços saíram no primeiro trimestre, sendo a unidade de wealth management a mais atingida.
A sua quase implosão levou o regulador a intervir com financiamento de emergência e a facilitar a sua aquisição pelo UBS, tornando o maior banco do país ainda maior. E a avaliação é a de que não pode haver espaço para outro caso como esse.
A Suíça, que tem uma população de apenas 8,7 milhões de habitantes, é o principal centro mundial de riqueza offshore, com cerca de US$ 2,4 trilhões em ativos estrangeiros detidos pelos seus bancos.