O venture capital, como sugere o próprio nome, é um investimento de risco. Aposta-se dinheiro em empresas que estão começando sua trajetória e que tenham um produto inovador. Mas, ao longo do tempo, muitas vão ficar pelo caminho.
Agora, uma pesquisa realizada pela consultoria americana Pitchbook, uma das principais que acompanha o mundo das startups, dá números para a quantidade de dólares que fica pelo caminho: ao menos US$ 27 bilhões.
Esse é o montante que foi aportado por gestoras de venture capital em 3,2 mil negócios que quebraram neste ano, segundo o Pitchbook.
O valor é semelhante ao montante que já foi investido em startups pelos fundos de venture capital no terceiro trimestre deste ano: US$ 29,8 bilhões, segundo a EY.
Ainda que US$ 27,8 bilhões seja uma cifra alta, a tendência é de que a conta possa ser ainda maior, porque muitas empresas quebram silenciosamente. E os números não incluem as perdas de empresas públicas ou aquelas que foram adquiridas.
É o caso da WeWork, por exemplo. A companhia que opera com escritórios compartilhados chegou a levantar mais de US$ 11 bilhões junto a investidores antes de abrir capital. Atualmente a empresa está avaliada em US$ 44 milhões e ingressou um pedido de recuperação judicial.
A fintech voltada para empréstimos estudantis Frank é outro caso. A companhia chegou a ser adquirida pelo J.P. Morgan em 2021 por US$ 175 milhões. Depois disso, a startup foi acusada pelo banco de fraudar seus resultados. Em janeiro deste ano, a operação foi encerrada.
Outro exemplo é a a startup que prometia fazer pizzas automatizadas Zume, que levantou quase US$ 500 milhões, e fechou em junho deste ano. A Convoy, startup de frete que já foi considerada a “Uber do transporte rodoviário”, captou mais de US$ 1 bilhão, e fechou em novembro.
Essas apostas que deram errado podem custar caro para as gestoras, principalmente para aquelas que estão tentando levantar novos fundos de investimento.
Gestoras como Tiger Global e Sequoia Capital são algumas das que estão pressionadas por investidores após resultados ruins.
Segundo a EY, a captação no venture capital caiu quase pela metade, passando de US$ 184 bilhões nos primeiros nove meses de 2022 para US$ 104 bilhões no mesmo período deste ano.
Para investir em startups do Brasil e da América Latina, algumas gestoras já conseguiram concluir a captação de seus fundos. A Riverwood, por exemplo, buscou US$ 1,8 bilhão junto aos seus limited partners. Já a gestora argentina NXTP dispõe de US$ 98 milhões em seu novo fundo.