A renda fixa está em alta no Brasil. Até setembro de 2023, 15,6 milhões de brasileiros possuíam em seu portfólio algum produto dessa classe de ativos, o que significou um aumento de 12% em comparação com dezembro de 2022, conforme levantamento feito pela B3.
A Bradesco Asset teve papel vital no desempenho. A demanda maior por fundos de renda fixa garantiu à casa um crescimento de 5,9% dos ativos sob gestão no primeiro semestre do ano, acima dos 4,4% da indústria. Ao todo, a gestora mantém atualmente sob custódia R$ 718 bilhões.
Um dos fatores que levaram a Bradesco Asset a superar o mercado foi o modelo adotado pela gestora, baseado em uma dinâmica específica desenvolvida pela casa.
“Nós buscamos capturar oportunidades de acordo com o que enxergamos de cenário mais provável e alinhadas com as nossas teses de investimento”, afirma André Caetano, head de Renda Fixa e Inteligência de Mercado da Bradesco Asset, e que lidera uma equipe formada por dez gestores.
A sua área está dividida em três frentes. A primeira delas cuida dos passivos condominiais, aqueles que estão disponíveis no varejo. Outra equipe está dedicada aos fundos de previdência, enquanto a terceira área é voltada para clientes institucionais.
O formato resultou na criação de times altamente especializados – o que, por sua vez, leva à gestão mais eficiente dos portfólios. Isso explica porque, em 2023, boa parte do patrimônio sob gestão performou próximo ou acima do CDI”.
A gestão ativa é outro fator preponderante para os bons resultados obtidos pela gestora. Ela permite ajustes e adequações que evitam perdas e potencializam os ganhos.
Uma característica essencial da Bradesco Asset é a inteligência analítica aplicada à construção dos portfólios. Um dos braços liderados por Caetano, o de Inteligência de Mercado, responde por diversos estudos que mostram por que investir em renda fixa é sempre um bom negócio, especialmente no longo prazo.
Recentemente, Caetano e seu time realizaram um trabalho de fôlego apara demonstrar que, a despeito da alta volatilidade do mercado, o desempenho histórico da renda fixa sempre supera o benchmark – o CDI, no estudo em questão.
O levantamento calculou o retorno da renda fixa nos últimos 15 anos para diferentes prazos de investimentos, de um a sessenta meses. O portfólio considerado foi dividido em duas partes iguais: 50% prefixado e 50% indexado à inflação.
“Quanto mais alongado for o horizonte de investimento, maior é a chance de retornos superiores ao CDI”, diz Caetano. Para o prazo de um mês, o percentual de retorno acima do CDI é de aproximadamente 60%. Em sessenta meses, o índice é de quase 100%.
Caetano destaca ainda que a Selic e os ciclos monetários são decisivos para o desempenho dos ativos. Outro estudo feito por ele, desta vez considerando dados a partir de 2005, mostrou que, historicamente, os ciclos de manutenção da Selic que precedem o início de cortes de juros trazem ganhos relevantes para os ativos de renda fixa.
“Em todos esses períodos, sem nenhuma exceção, os ativos de renda fixa performaram melhor que o CDI”, diz Caetano. O Brasil acabou de passar exatamente por esse período. A Selic manteve-se estável, em 13,75% ao ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, quando finalmente caiu.
O período foi marcado por desafios – novo governo, guerras no mundo, inflação alta. Ainda assim, a renda fixa teve ótimo desempenho, comprovando a tese histórica defendida pela equipe de Inteligência de Mercado da Bradesco Asset.
“O estudo mostra que às vezes, em alguns períodos curtos, você vai perder”, diz Caetano. “Mas, se tiver paciência e disciplina para esperar o investimento maturar, o retorno positivo sempre vai aparecer.”
Na perspectiva histórica analisada nos estudos citados acima, não foram poucos os desafios que surgiram no caminho, da crise do subprime nos Estados Unidos à pandemia de Covid-19, passando por instabilidade política no Brasil e greve dos caminhoneiros, entre outros eventos impactantes.
Caetano reforça que, quanto mais alongado for o prazo de investimento, maior é o prêmio requisitado pelo mercado, o que quase sempre resulta em bons retornos para os investidores.
Como será daqui por diante? O executivo da Bradesco Asset enxerga um novo horizonte de oportunidades. “Vejo um cenário bastante positivo”, resume.
Ele cita o provável início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos a partir do ano que vem, a Selic abaixo de dois dígitos até o final de 2024 e a inflação sob controle na maior parte do mundo como eventos construtivos para a renda fixa.
A boa notícia é que, como mostram os estudos feitos pela Bradesco Asset, mesmo se houver solavancos no meio do caminho, a renda fixa continuará entregando retornos satisfatórios no longo prazo.