Quais serão os rumos da economia brasileira e global em 2024? Que temas deverão dominar o mercado de investimentos nos próximos meses? Onde estarão as maiores oportunidades de negócios? E os principais desafios?
Para responder essas e outras perguntas, a Itaú Asset, maior gestora privada de recursos do País, promoveu o evento Perspectivas 2024, um dos mais completos encontros desse tipo realizados pela indústria financeira nacional.
Com duração de mais de três horas, o evento foi dividido em três painéis – Cenário Econômico e Fundos Multimercados, Crédito Privado e Renda Fixa, e Renda Variável –, reunindo gestores e especialistas da casa para debater assuntos que certamente pautarão o mercado daqui por diante.
Em comum, todos eles demostraram, em maior ou menor grau, otimismo em relação ao desempenho da economia e do mercado de investimentos em 2024. Em outras palavras: o ano reserva excelentes oportunidades para investidores de variados perfis.
No painel de abertura, o mediador Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset, fez um balanço de 2023 recorrendo a uma imagem curiosa.
Wu divide a economia em três “planetas” principais: inflação, atividade econômica e taxas de juros. Em 2023, apontou ele, esses três “astros” estavam desalinhados, principalmente nos Estados Unidos.
“Os juros subiram, mas a atividade continuou forte e a inflação persistiu”, afirmou Wu. Como resultado, foi um ano de alta volatilidade e incertezas.
A boa notícia é que 2024 será diferente. Agora, o ambiente é de desinflação global, com expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses.
Participantes do primeiro painel, os gestores de fundos multimercados Bruno Bak (Itaú Artax), Bruno Serra (Itaú Janeiro), Mariana Dreux (Itaú Hedge Plus) e Pablo Salgado (Itaú Optimus) concluíram que, de fato, as nuvens carregadas deverão ficar para trás.
Eles apostam em um cenário de “soft landing” da economia americana, sem risco de recessão no horizonte, o que beneficia ativos de risco e os mercados emergentes.
Para Bruno Bak, há chance de o ciclo de redução de juros do Fed ser iniciado antes do previsto, enquanto Bruno Serra projeta ciclos moderados de corte ainda no primeiro semestre.
Mariana Dreux vai na mesma linha. A gestora afirmou que a inflação nos Estados Unidos surpreendeu para baixo e os sinais agora indicam que a virada de ciclo é para valer.
Embora concorde que o cenário atual justifique maior otimismo, Pablo Salgado demonstrou certa preocupação com o déficit fiscal americano – atualmente, da ordem de 6% do PIB, um dos percentuais mais altos da história.
O componente fiscal, ressalte-se, costuma ser relevante para a formação de preços de ativos, o que vale para qualquer economia, seja a americana ou brasileira. Nesse sentido, os gestores e investidores deverão manter olhos atentos à situação fiscal dos Estados Unidos.
Outro ponto comum citado pelos participantes diz respeito a apreciação do real como uma de suas principais convicções para 2024, o que se deve sobretudo à continuidade do ótimo desempenho da balança comercial brasileira em 2024.
O segundo painel do evento, focado em crédito privado e renda fixa, foi moderado por Pedro Boainain, CIO da Itaú Asset Core, e contou com a participação de Fayga Delbem, head de Crédito Core da Itaú Asset; Sergio Goldstein, chefe de Crédito Estruturado da Itaú Asset; Andrew Woods, gestor do Itaú Legend e família Global Dinâmico; e Leonardo Baumert, gestor do Itaú Lumina e IPCA Action.
“Estamos em um momento especial para a renda fixa”, disse Boainain, na abertura do painel. A mesma opinião foi compartilhada pelos palestrantes.
Baumert e Woods mantêm a visão otimista para 2024, diante principalmente de um contexto de inflação sob controle e reversão da curva de juros americana. Os gestores lembram que, historicamente, a renda fixa brasileira sempre tem boa performance nos períodos marcados por ciclos de queda da taxa Selic – tudo indica que não será diferente agora.
Na área de crédito privado, Fayga Delbem destacou que enxerga boas oportunidades em títulos privados indexados à inflação e em setores como educação. saneamento e infraestrutura.
Por sua vez, Sergio Goldstein citou o agronegócio como um setor resiliente aos solavancos da economia e com boas oportunidades de negócios ao longo de 2024.
O terceiro e último painel abordou as perspectivas da renda variável e o que esperar do mercado de ações em 2024. Moderado por Leticia Biller, head de Distribuição Varejo na Itaú Asset, reuniu os gestores Luiz Ribeiro (família de fundos Asgard), Rodrigo Koch (família de fundos Optimus) e Bruno Savaris (família de fundos Hunter).
“O cenário melhorou e há uma visão construtiva para o Brasil”, disse Biller, resumindo a visão dos gestores participantes.
Rodrigo Koch reforçou que enxerga mais valor nas empresas mid caps americanas, além de utilities europeias, que apresentam assimetria positiva e pagam bons dividendos. No Brasil, Koch está comprado em setores como petróleo, utilities, transportes e bancos.
O mercado brasileiro também é uma das apostas de Bruno Savaris – sua previsão é de Ibovespa aos 140 mil pontos no final de 2024. Savaris tem preferência por setores como utilities, bens de capital, varejo alimentar e shoppings, que deverão ter bom desempenho em um ambiente de queda de juros.
Luiz Ribeiro concordou que a conjuntura favorece mercados emergentes como o Brasil, que negocia ações com ótimo desconto em comparação com os preços praticados nos mercados desenvolvidos.
O gestor citou o setor de tecnologia como parte relevante de sua carteira, além de bancos, utilities e commodities, com destaque para a área de metais.