A Omie passou por alguns desafios antes de se tornar uma das principais desenvolvedoras de softwares de gestão online para pequenas e médias empresas e ter conseguido levantar mais de R$ 680 milhões junto a investidores.
E um deles foi tentar crescer em meio a uma febre de startups que apostavam exatamente no mesmo mercado. Eram, segundo Marcelo Lombardo, fundador e CEO da Omie, mais de 90 empresas que buscavam resolver as dores de gestão das pequenas e médias empresas.
“Antes, eu dizia que meu principal concorrente era a Tilibra (marca de cadernos)”, brinca Lombardo, ao programa Vida de Startup, do NeoFeed. "Mas a gente estava vendo cada vez mais que os nossos números pioravam por conta da concorrência.”
A consequência disso é que todas as empresas brigavam por anúncios pagos no Google, o que ficou conhecido no mercado como VC2G (venture capital para o Google), em uma brincadeira de que o dinheiro dos fundos de VC acabam indo parar nos cofres do Google. “O custo de uma determinada palavra-chave subiu 37 vezes em quatro meses.”
Foi, então, que Lombardo teve uma sacada. Ele percebeu que boa parte dos clientes vinha a partir de indicações de contadores, que observaram uma redução em seus custos ao usar a plataforma da Omie. "Cheguei para o meu investidor e disse que tinha um novo canal de distribuição. Iríamos falar diretamente com os contadores”, afirma o fundador da Omie. Foi o "all in" da startup.
Ao destrinchar os problemas que enfrentou no início de sua jornada, Lombardo comenta também sobre um erro comum cometido pelas startups que está ligado com a captação de investimento. Mas que não tem nada a ver com a falta de dinheiro, e sim com o excesso de capital conquistado durante o começo das empresas.
“Cheguei à conclusão de que muito dinheiro no começo atrapalha a empresa”, diz o empreendedor. O problema estaria na tentativa de replicar estratégias utilizadas no Vale do Silício – e que exigem dinheiro. “Isso te deixa um pouco preguiçoso para buscar as melhores saídas para o negócio.”
Para 2024, a meta da Omie é manter o equilíbrio financeiro conquistado em meados do ano passado. “Queremos manter o crescimento de forma cada vez mais eficiente e mantendo o breakeven no fluxo de caixa”, afirma Lombardo. “Mas se o custo de capital melhorar, podemos voltar ao burn com aquisições ou investimentos mais agressivos em growth.”