Não foram poucos os desafios que surgiram diante dos investidores no primeiro semestre de 2024. Dúvidas em relação ao comportamento da inflação no Brasil e no mundo, juros elevados e incertezas políticas internas e externas formaram um cenário desafiador para diversas classes de ativos.

A boa notícia é que alguns desses ruídos tendem a diminuir – os juros nos Estados Unidos deverão cair ainda em 2024 e a inflação brasileira se mantém sob controle, para citar apenas dois exemplos –, o que abre perspectivas mais positivas para o segundo semestre do ano.

O novo cenário, ressalte-se, demonstra ser um pouco mais favorável para os investidores, embora ainda seja difícil cravar a direção exata que o mercado deverá tomar.

“Tudo indica que teremos menos preocupações com o cenário macro daqui por diante”, afirma Philipe Biolchini, CIO da Bradesco Asset Management. “De todo o modo, o nosso papel é encontrar oportunidades a despeito do contexto que está se materializando.”

Mas, afinal, como esse trabalho é feito? “Criamos mecanismos para explorar oportunidades que surgem quando o mercado fica muito nervoso ou quando está muito complacente”, acrescenta o executivo.

A Bradesco Asset, diz Biolchini, reforçou nos últimos anos a montagem de sua estrutura de dados, ampliou os investimentos em tecnologia e melhorou a capacidade computacional para multiplicar os ganhos a partir de situações específicas de mercado.

“Isso nos permite obter pequenos ganhos que, somados, acabam gerando retornos relevantes para os investidores”, afirma Biolchini. “Desenvolvemos produtos cada vez mais eficientes que nos fazem navegar sem sustos no ambiente que está colocado, seja ele qual for.”

Apaixonado por gráficos, André Caetano, head de Renda Fixa e Inteligência de Mercado da Bradesco Asset, usa os números para exemplificar como os ruídos afetam a percepção do mercado a respeito da realidade econômica do país.

Ele lembra que os dados atuais de inflação são melhores do que aqueles observados em outubro de 2023, mas ainda assim o mercado precifica uma Selic mais alta do que no ano passado.

Por que isso acontece? “A resposta está relacionada com as expectativas que o mercado tem”, diz Caetano. “Isso também vale para o câmbio. É uma preocupação legítima, não se trata de paranoia do mercado, mas é preciso olhar para os dados com muita atenção.”

Outra análise interessante diz respeito às projeções fiscais. Em outubro de 2023, o mercado apostava em uma relação dívida/PIB de 83,1% em 2026. Agora, a estimativa está em 82,3% para o mesmo período.

“Ou seja, a projeção praticamente não mudou, o que significa que nem mesmo os dados fiscais estão piores”, diz Caetano. “Ainda assim, o mercado tem um viés pessimista em relação à questão fiscal, o que se deve sobretudo ao excesso de ruídos.”

Os exemplos apresentados acima mostram, em essência, como a Bradesco Asset trabalha. “Os dados nos ajudam a entender qual é o tamanho do ruído e, a partir daí, trabalhar com mais serenidade”, diz Caetano.

Esse equilíbrio – e a capacidade para olhar os diferentes cenários da forma mais isenta possível – é um dos grandes diferenciais da gestora.

“O nosso trabalho probabilístico aponta em qual ativo faz sentido ter posições e, mais do que isso, indica qual é o nível de risco que estamos dispostos a tomar”, afirma o head de Renda Fixa e Inteligência de Mercado da gestora.

No primeiro semestre, em um cenário desafio, a Bradesco Asset teve um captação líquida de R$ 29,2 bilhões, segundo dados da Anbima. Nesse período, o portfólio da gestora estava com um nível de risco abaixo do histórico da casa – portanto, a postura acabou sendo mais conservadora.

“Por isso, quando olhamos a renda fixa e os fundos multimercados, tivemos uma performance melhor do que a média da indústria”, destaca Caetano. “Agora, com a mudança do ambiente, começamos a aumentar um pouco mais o risco.”

Nesse contexto, uma palavra-chave na estratégia da Bradesco Asset é diversificação – que, afinal, reduz riscos e amplia o prêmio pago aos investidores.

A gestora usa modelos quantitativos - seus algoritmos monitoram milhares de ativos pelo mundo - que a ajudam a não depender, por exemplo, do corte de juros no Brasil ou nos Estados Unidos, tampouco da agenda fiscal dos governos.

“O grande problema que nós vimos na indústria, especialmente na renda fixa e nos fundos multimercados, é que houve uma aposta muito grande na direção do mercado”, resume Philipe Biolchini. “O nosso approach é criar portfólios que sejam mais resilientes e diversificados, de forma a escapar dos movimentos óbvios do mercado.”

A resiliência, afirma Biolchini, se dá através da análise profunda de dados de ativos financeiros no Brasil e no mundo e da leitura detalhada de como eles se comportam ao longo do tempo.

A gestora atualmente opera commodities fora do país, moedas, taxas de juros e bolsa no Brasil, para citar apenas alguns exemplos.

“O que temos notado é que os investidores não pretendem mais ficar expostos apenas à direção que o Brasil vai tomar, se é a certa ou a errada”, diz Biolchini. “Eles procuram portfólios mais balanceados e diversificados, e é nesse aspecto que pretendemos ajudá-los.”

O interessante é que a disposição para sofisticar os portfólios não diz respeito apenas ao público de alta renda, mas ao investidor em geral.

A indústria dos investimentos, portanto, vem passando por grandes transformações. E a Bradesco Asset tem papel cada vez mais vital nesse processo.