O crédito privado deslanchou em 2024. Segundo dados da Anbima, as ofertas no mercado de capitais movimentaram R$ 337,9 bilhões no primeiro semestre, mais do que o dobro da cifra captada no mesmo período de 2023.
Para se ter ideia, as debêntures incentivadas, uma das classes de títulos mais relevantes do crédito privado, captaram R$ 64,4 bilhões – é o maior volume da história para os seis primeiros meses do ano.
“O mercado, de fato, tem sido muito positivo para o crédito”, afirma Ana Rodela, head de gestão de Crédito Privado da Bradesco Asset. “Desde o início do ano, há uma tendência forte de redução dos spreads, o que é bastante benéfico para o segmento.”
A executiva lembra que boa parte do desempenho favorável deve ser atribuída às pessoas físicas, que têm buscado esse tipo de ativo para diversificar a carteira e capturar boas oportunidades de investimento.
A Bradesco Asset, uma das maiores de gestoras de recursos do país, tem sido protagonista desse movimento. No acumulado do ano, a estratégia da casa na categoria de debêntures incentivadas superou a marca dos R$ 10 bilhões, e novos recordes estão a caminho.
Em 2024, por exemplo, a gestora colocou no mercado dois novos fundos de debêntures incentivadas, um indexado ao CDI e outro ao IPCA. A iniciativa está em sintonia com a estratégia de diversificação desenhada pela Bradesco Asset dentro da classe de crédito privado.
“Uma das formas de diversificar o crédito privado é justamente alternar esses dois indexadores, o CDI e o IPCA”, reforça Rodela. As debêntures incentivadas indexadas ao IPCA trazem duas formas de diversificação, lembra a executiva.
“Uma delas é trazer um indexador, o IPCA, que vai se comportar de forma diferente do CDI”, afirma. “A segunda é a própria classe de debêntures incentivadas, cujo mercado se comporta de forma diferente daquelas que não são incentivadas.”
No acumulado do ano, a estratégia da casa na categoria de debêntures incentivadas superou a marca dos R$ 10 bilhões
Ao contrário das tradicionais, as debêntures incentivadas, registre-se, contam com benefícios fiscais e são mecanismos usados para financiar prioritariamente projetos de infraestrutura.
Ana Rodela reforça que as debêntures incentivadas indexadas ao IPCA permitem ao investidor, portanto, usufruir da diversificação dentro da própria categoria de crédito privado.
É o caso do fundo Bradesco Debêntures Incentivadas Inflação II, que busca superar o índice de ativos atrelados à inflação da Anbima, o IMA-B 5, por meio da aquisição de ativos de crédito incentivados de diversos setores e empresas.
O fundo tem como público-alvo investidores em geral, sendo que sua aplicação inicial é de R$ 1 mil.
A diversificação pauta toda a estratégia de atuação da Bradesco Asset na área de crédito privado. E um dos setores mais pulsantes da economia brasileira, o agronegócio, não poderia ficar alheio a essa proposta.
Lançado no final do ano passado, o Fiagro Bradesco Farmtech, conhecido pelo ticker BRFT11, é um fundo de crédito que destina seus recursos para o financiamento da cadeia produtiva do setor.
O fundo faz isso por meio da compra dos chamados direitos creditórios do agronegócio, que são provenientes de produtores rurais e revendas de insumos agropecuários. Um dos destaques do BRFT11 é o pagamento regular de dividendos. Em julho, eles foram equivalentes a R$ 1,22 por cota.
“No caso do BRFT11, o investidor entra em um setor que não está muito presente em outros fundos, com emissores pulverizados e isenção do Imposto de Renda”, diz Ana Rodela. “Ou seja, o fundo proporciona diversificação também de risco dentro do crédito privado.”
Um dos grandes desafios das gestoras de investimentos é selecionar as empresas que fazem parte do portfólio dos fundos. Nesse aspecto, a Bradesco Asset adota uma estratégia que tem se revelado eficaz.
A gestora conta com um time de nove analistas com experiências diversas e origens diferentes, o que é essencial para visões mais abrangentes a respeito de setores e empresas.
Além disso, a casa atribui ratings para as empresas analisadas – apenas as melhores classificadas por uma série de critérios podem entrar nos fundos.
Para onde caminha o mercado de crédito? Ana Rodela enxerga oportunidades no agro, em especial no formato em que a Bradesco Asset atua, que consiste em olhar tanto para o pequeno produtor quanto para os grandes protagonistas do setor.
“Também estamos olhando de perto projetos de infraestrutura no universo de debêntures incentivadas”, conclui a head de gestão de Crédito Privado da gestora.