Você conhece algum João sem braço? Provavelmente sim, pois em todos os ambientes é muito comum encontrarmos essa figura.
O João sem braço designa alguém que foge das obrigações, que está sempre inventando alguma desculpa e se fazendo de desentendido para tirar alguma vantagem da situação.
Essa expressão parece ter origem em países que passaram por muitas guerras e tiveram muitos cidadãos mutilados, pessoas que obviamente não conseguiam mais servir nas batalhas e por isso eram sustentadas pela caridade ou pelo Estado. Daí que sempre surgiram aqueles que fingiam não ter braços ou não ter capacidade de servir, tentando assim ser sustentados por outros e nada fazer.
Muito bem, o maior custo de ter pessoas assim na sua organização é o fim da meritocracia. O João sem braço é barato, o caro é o time perder a vontade de realizar. Caro é o bom não ter estímulo para se destacar. Caro é o fim do bom clima organizacional, pois ninguém consegue entender porque tem de trabalhar mais, sem nenhum benefício pessoal, para sustentar alguém fingido ou protegido. No final vai ficando todo mundo sem braço e aí o negócio afunda.
Mas como fugir dessa situação? Em primeiro lugar, vamos lembrar que galinha que você chama pelo nome não vai para panela. Estabelecer critérios de avaliação colegiados e frequentes, para os diversos níveis da organização, é uma condição fundamental.
Nisso a área de RH, apoiada pelo líder máximo, deve garantir que todos usem dos mesmos critérios e que a transparência seja total. O simples fato de se adotar tal prática já começa a eliminar muitos encostados e a estimular aqueles que querem fazer a diferença.
Segundo ponto, todo mundo gosta de se destacar. Então, saber reconhecer os que estão fazendo a diferença é infinitamente mais importante do que ficar buscando os erros e penalizando as pessoas.
Praticar desde simples elogios e agradecimentos, até uma política clara de reconhecimento, com desenvolvimento, incentivos e carreira aos melhores, vai criar um clima de que fazer melhor é sempre o melhor. Foque nas pessoas de bem e aplique essa frase do Voltaire: “As bruxas deixaram de existir quando paramos de matá-las”.
O João sem braço é barato, o caro é o time perder a vontade de realizar
Mas já que as avaliações são feitas e conhecemos as pessoas, estabelecer um programa de recuperação de performance, distinguindo claramente os que tem potencial e querem melhorar, é sempre mais barato do que simplesmente eliminar os colegas.
Por isso que sempre insisto em que identificar os do bem é tão ou mais importante do que identificar os bons. Poucas coisas são mais gratificantes para um gestor do que recuperar a performance perdida de um colaborador da empresa.
Mas atitude é tudo, depois dos pontos acima. Então, chegamos de volta ao João sem braço. Enquanto a empresa inteira usufrui do merecido descanso entre o Natal e o Ano Novo, esse é o cara que descansa entre o Ano Novo e o Natal. Com muito pesar no coração, mas com uma enorme responsabilidade para com a comunidade e a perpetuidade da empresa, corte a cabeça do João sem braço. Seus negócios ganharão pernas muito mais longas e velozes, além de um coração muito mais forte.
*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.
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