“A pessoa que você está se tornando é muito mais importante do que o que você está fazendo, mas é o que você está fazendo que determina a pessoa em quem você está se tornando.” Comecei este artigo com esta maravilhosa citação do escritor americano Hal Elrod, porque vou me dirigir aos mais jovens, especialmente aqueles que estão começando uma vida profissional.

Vá em busca dos seus sonhos. Frase linda, quase um clichê. Mas aqui começam os problemas de interpretação. O que tenho visto com muita frequência são pessoas que ouvem esta frase e continuam sonhando. Acorda!!!! Nunca vi ninguém realizar sonhos dormindo ou esperando. O sonho pode ser abstrato, mas a realização deve ser pragmática. Ou não acontece.

Vamos iniciar observando uma cena muito comum. Praticamente em todas as solenidades de formatura os paraninfos falam que todos devem fazer o que se gosta e, querendo dar exemplo, testemunham que não conseguem se ver fazendo outra coisa. Os formandos, jovens e sonhadores, interpretam isso como uma lição de vida. Isso não é uma lição de vida. Isso é uma conversa figurada.

Afinal, todo mundo já levou um tempo buscando o que fazer da vida. O paraninfo ou é um poeta, ou está viajando na maionese e conduzindo mentes para uma visão distorcida, até porque já houve um tempo em que ele conseguia fazer outras coisas, provavelmente a maior parte da sua vida.

Como você pode fazer o que gosta se não experimentar? A vida é relativa. Você só descobriu que não gosta de uma comida comendo; que não gosta de um jogo jogando; e que não gosta de uma pessoa convivendo. Como pode não gostar de um trabalho se não trabalhar? Todo mundo precisa experimentar para fazer escolhas.

Conheço uma infinidade de profissionais bem-sucedidos. E eles se tornaram bem-sucedidos realizando, trabalhando. Nunca vi nenhum que obteve sucesso esperando para fazer o que gosta. Foram fazendo e fazendo, experimentando e realizando e de repente: uau!! Chegaram em algo que adoram fazer. Aí, um jovem vê um profissional destes e pensa “que sorte que ele tem, está sempre deslumbrante porque faz o que gosta”. Sabe nada, inocente.

Esses dilemas sobre o que ser da vida, para onde ir, que caminhos seguir, não são nenhuma novidade

Sempre digo que as gerações mais jovens não são melhores ou piores. Apenas são diferentes. Esses dilemas sobre o que ser da vida, para onde ir, que caminhos seguir, não são nenhuma novidade. Mas, em qualquer empresa, neste momento, há jovens que estão iniciando a carreira e realizando grandes feitos, de forma pragmática, em busca dos seus sonhos! E sempre tem pelo menos um que já está se destacando, sendo observado pelos líderes, virando referência. Sabe tudo, inocente.

Jovem, talvez a questão seja mudar um pouco o olhar. Se o seu trabalho atual não é o seu sonho, duas coisas podem estar acontecendo. A vida está te mostrando que há um tempo para tudo, pois se você realizar seus sonhos agora, vai amadurecer antes da hora e pode se tornar um jovem velho. Ou a vida está te mostrando que você tem outros sonhos e que o trabalho é um meio de alcançá-los, não um fim.

Você só não pode é ficar parado esperando o trabalho ideal. Sem o seu trabalho, você não realiza a família, as viagens, os bens, a evolução, as conquistas. Seu trabalho, qualquer que seja, ou é uma enorme realização profissional ou um caminho para inúmeras outras realizações pessoais. E um dia, ralando muito, experimentando muito, realizando muito, quem sabe você não junta as duas coisas: a realização pessoal combinada com a profissional.

O querido professor Mario Sergio Cortella é quem nos diz, “a performance, o FAZER carreira exige atitude e iniciativa, por isso é um FAZER em vez de um RECEBER”. Ora, sua longa carreira é o caminho mais curto para a realização dos seus sonhos. Tenha paciência para chegar, impaciência para começar e aproveite o caminho. Um sonho que não seja capaz de ganhar vida não serve para nada. Na verdade, tende a virar um pesadelo.

Eu sei que você não gosta de ouvir, é natural, faz parte do momento da vida. Mas, no íntimo, longe dos mais velhos, talvez você goste de refletir. Quem não gosta? Imagino que a frase abaixo do dramaturgo americano James Baldwin (1924-1987) não se aplique a você, mas não custa colocar aqui para encerrar este artigo. “As crianças nunca foram muito boas em ouvir o que dizem os mais velhos, mas nunca deixaram de imitá-los.”

*Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.

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