A gestora de venture capital e.bricks ventures, com participação em 27 empresas, estava em plena captação de seu terceiro fundo quando a Covid-19 explodiu no Brasil. O plano inicial era alcançar US$ 100 milhões, mas, até então, foram captados US$ 40 milhões.

“Agora estamos em espera”, diz Pedro Melzer, o CEO da gestora, ao NeoFeed. Mas isso não quer dizer que estão parados. A e.bricks ventures assinou um acordo com uma grande plataforma de investimentos para distribuir, pelo menos, 30% do fundo três.

Antes dele, a empresa já tinha captado R$ 100 milhões para o fundo um e outros R$ 200 milhões para o fundo dois. Com o dinheiro, investiu em negócios como GuiaBolso, BCredi, Contabilizei, Sanar, entre outras.

Em entrevista ao NeoFeed, Melzer fala sobre as mudanças causadas pela Covid-19 no mercado de venture capital e que haverá uma depuração para separar os aventureiros dos profissionais. “O mercado ficará mais racional, mais maduro e mais profissional”, diz ele.

O executivo conta como separou as empresas do portfólio entre as muito afetadas, as neutras e as que podem se beneficiar do cenário atual; revelou que algumas das startups investidas estão em processo de M&A ou podem ser vendidas para empresas maiores; e afirmou que três companhias investidas pela gestora estão próximas de receber grandes aportes de grandes fundos.

Trata-se da Avenue, corretora que permite investir no exterior; da Acesso Digital, que atua no mercado de identidade digital; e da Conexa Saúde, que trabalha com telemedicina. “Estamos agora em conversas, nas três empresas, com fundos globais gigantescos, para colocar mais de R$ 100 milhões em cada uma delas”, diz Melzer. Acompanhe:

Qual foi o plano de ação adotado pela e.bricks ventures?
É natural que os primeiros movimentos que fizemos foi na direção de entender se todos estavam conscientes do nível de gravidade da Covid-19. Conversamos com os empreendedores para saber se não tinha ninguém subestimando a gravidade do assunto. Trouxemos o lado humano de saber se eles estavam tomando as medidas para proteger suas equipes e suas famílias. No segundo momento, nos certificamos se todos estavam preparados para trabalhar à distância. Após ver a questão da saúde e de trabalhar à distância, passamos para ajudar cada um a entender qual era a situação de cada empresa. Foi aí que criamos um framework de olhar três grupos diferentes.

Como funciona esse framework?
Perguntamos para os empreendedores qual seria a leitura deles do impacto que a crise poderia ter no modelo de negócios, na proposta de valor. Tivemos uma discussão profunda com esses empreendedores mostrando qual é o nosso racional para acreditar de que o impacto vai prejudicar, vai ser neutro ou até melhorar a situação da empresa. Esse foi um trabalho que fizemos com muita profundidade para que a gente trabalhasse com uma premissa da resiliência, maior ou menor, de cada proposta de valor das empresas nos respectivos mercados. Esse foi um dos trabalhos.

Qual foi o outro?
Seguido disso, olhamos o caixa de cada empresa. Lembrando que, em venture capital, trabalhamos com premissas de crescimento acelerado. Na medida que o plano começa a se comprovar, é natural que a gente pense em novas captações para aumentar a velocidade de crescimento das empresas. Quando a gente está num mercado onde há uma incerteza em relação a aportes de capital para esse perfil de empresa temos de revisitar todo o plano. Todo o comportamento de testes, de ampliação de escopo das empresas. É um trabalho muito profundo para entender qual é nossa leitura do valor daquela proposta de valor nesse contexto de mercado. E também entender qual é a condição de caixa para navegar em períodos incertos. Com essa avaliação, criamos três grupos.

Quais seriam esses três grupos?
O primeiro grupo é formado por empresas que são impactadas pela crise e têm pouco caixa para navegar. Pouco caixa define-se por menos de 10 meses de caixa e com risco desses 10 meses até encurtarem. Ou seja, terão um grande desafio e consideramos que elas estão num risco alto. Para essas empresas, estamos tomando providências como redução de gorduras na equipe, redução de salário no top management, eliminação de bônus e deixando de lado projetos incertos que estavam no roadmap antes da crise. Começa a se olhar linhas de crédito específicas que podem fazer sentido para a empresa, começa a se olhar mecanismos mais controlados de investimentos em marketing, a olhar M&A com mais afinco. Será que não é a hora de a gente ter um pouco mais de força se unindo com outras empresas? Num cenário de abundância de capital e crescimento, podemos nos dar o luxo de concorrer no mercado de forma agressiva e agora é um momento mais cauteloso. A gente fazer uma fusão com uma empresa e até ser vendido para uma concorrente que está numa condição melhor de navegar essa crise são medidas que começamos a colocar no nosso menu e a acompanhar com atenção. Em algumas de nossas investidas, estamos fazendo reunião de conselho duas vezes por semana. Antes, era uma vez por mês.

“Em algumas de nossas investidas, estamos fazendo reunião de board duas vezes por semana. Antes, era uma vez por mês”

E os outros dois grupos?
Temos um segundo de empresas que podem estar mais ou menos impactadas pela crise, mas têm caixa suficiente para navegar os próximos 24 meses e dar tempo para as coisas se reorganizarem e buscar um financiamento com muita calma. São empresas que estão com oxigênio para navegar bem nesse momento de crise. O terceiro grupo são de empresas que estão sendo surpreendidas pelas oportunidades que a crise está apresentando.

Quais empresas?
Vou começar do fundo um para o fundo três. A Infracommerce é uma estrutura para e-commerce. Ela está vivendo um cenário em que todos os varejistas e todas as marcas que não estavam consolidadas no online acabam colocando 100% da atenção da alta gestão nesse canal. A Infracommerce, que tem hoje escala de um e-commerce de R$ 4 bilhões, que é o que é transacionado na plataforma dela, está muito equipada para atender uma grande marca, um grande varejista. Ela começou a ter um nível muito alto de procura de novos varejistas e novas marcas querendo ter uma operação online e os mesmos clientes ampliando os produtos que canalizam para a Infracommerce. Para você ter uma ideia, estamos revisitando o budget dela para um crescimento de 15% a 20% em relação ao plano original traçado no começo do ano.

Além dela, quem mais está surfando na onda da crise?
A Contabilizei, que faz contabilidade para o pequeno empresário. Por um lado, o pequeno empresário está sendo impactado pela crise e por outro ele não pode abrir mão de uma contabilidade. Cada vez mais, ele precisa ter uma otimização de custos. Entre pagar R$ 200 e pagar R$ 700 faz diferença para ele por mês. Então, está tendo uma grande procura e batendo recorde de vendas. Outra é a Sanar, que dá preparação online para a medicina, bem focada em residência. Acabou de receber um aporte importante da DNA e da Valor. Pega, por exemplo, a Avenue, do fundo três, que é uma corretora que dá, aos investidores, acesso ao mercado de ações fora do Brasil. Todo mundo está querendo ter um nível de exposição em papéis num mercado mais seguro do que o nosso. Eles já estão passando de 60 mil contas.

E tem a Conexa Saúde, empresa de telemedicina que vocês investiram recentemente...
A Conexa é a estrela do momento coronavírus. Investimos nela e tinha uma limitação regulatória em relação a telemedicina para poder atender o paciente diretamente. E agora teve essa liberação em função da Covid-19. Entendemos que isso veio para ficar. Aumentou o movimento de uma maneira absurda e a empresa está conversando com um fundo gigantesco para receber mais de R$ 100 milhões em investimento. Temos três empresas no fundo três. A Avenue, a Acesso Digital e a Conexa Saúde. A Avenue, que pega o investidor de pequeno e médio porte para ter acesso ao mercado fora do Brasil; a Acesso, que tem uma proposta de valor de antifraude via biometria facial e, no momento de crise, onde tende a aumentar a fraude, isso tem aderência na veia; e a Conexa, que atua com telemedicina, que tem a solução para dar vazão ao tipo de atendimento que é necessário. As três empresas estão sendo assediadas por fundos gigantescos para colocar, em cada uma delas, centenas de milhões de reais. Estamos agora em conversas, nas três empresas, com fundos gigantescos globais, para colocar mais de R$ 100 milhões em cada uma delas. Isso está acontecendo, reuniões semanais como cada uma delas, as três avançando nas discussões.

O que essa crise fez vocês olharem ou reavaliarem?
Essa crise fez a gente reiterar os nossos critérios de investimentos. Sempre falamos da importância de ter empreendedores mais maduros. Vale lembrar que 90% dos empreendedores nunca passaram por uma crise como essa. Muitos viram a crise de 2008, mas, com responsabilidade, com liderança, é a primeira vez que estão passando. Isso mostra que nós acertamos quando elevamos a barra do rigor da maturidade do empreendedor quando fazemos os investimentos. A capacidade que esses empreendedores, que são mais maduros, têm de entender o que é lidar com uma crise, tomar decisões muito difíceis, é muito importante. É ter o profissionalismo e a capacidade de não procrastinar as decisões difíceis e manter a estabilidade de uma equipe grande que é júnior por definição. O empreendedor mais aventureiro, mais moleque, não consegue gerenciar uma crise como essa. Ele pode ter dinheiro, mas não consegue gerar estabilidade, não consegue tomar decisão difícil, é fantasioso, otimista demais. Então, o rigor na maturidade do empreendedor é algo que ficou ainda mais latente no nosso processo de análise.

“O empreendedor mais aventureiro, mais moleque, não consegue gerenciar uma crise como essa”

Quais outros pontos ficaram mais latentes?
A real força da proposta de valor. Quando você está num momento de abundância de capital, situação macroeconômica do Brasil indo na direção certa, o PIB crescendo, vento a favor, fluxo de dinheiro, país da vez, politicamente no caminho certo, tudo isso faz você ter tolerância com coisas que são legais, interessantes, mas que não são fundamentais. Quando a gente está no momento que estamos vivendo, não tem conversa para uma proposta de valor que não seja fundamental, que não seja um must have. O terceiro ponto que olhamos é a capacidade de usar a nossa força para ajudar essa empresa para ir para um outro patamar. Quando vemos que o empreendedor é sólido, a proposta de valor é sólida e quando vemos a nossos sócios, equipe e investidores, percebemos que temos condições de ajudar essa empresa a acelerar a curva dela de crescimento.

Mas vocês estão olhando oportunidades no mercado?
Estamos menos com a cabeça de ‘ah, vamos olhar uma empresa que está ferrada, vamos dar uma canelada no valuation e vamos entrar’. Não. Estamos num play de ganhar dinheiro não com preço, mas com oportunidades que crescem muito.

Quais são essas oportunidades?
Estamos vendo empresas de alguns segmentos de crédito, de fiança. Estamos vendo empresas que trabalham com algum tipo de seguro, de e-commerce nichado, softwares que melhoram a eficiência das empresas com preços mais controlados. Estamos olhando bastante coisa.

“Quando a gente está no momento que estamos vivendo, não tem conversa para uma proposta de valor que não seja fundamental, que não seja um must have

O que vai ser do mercado de venture capital pós-pandemia?
Acho que vão ter menos investidores com sede para colocar capital no Brasil. Se estávamos vivendo uma abundância de capital nessas empresas e isso, por consequência, gerando uma competição grande e inflando valuations, agora teremos uma ajustada importante. Vai ter menos capital para essas empresas do que tinha antes. Isso tem um impacto direto em valuation porque tem menos demanda para investir nas empresas. Mas também acho que as empresas vão ter projeções menos agressivas de crescimento. Isso, por consequência, também reduz o valuation de entrada porque, quando você tem uma empresa que apresenta um plano de crescimento muito agressivo, você compra esse futuro. Então, haverá menos abundância de capital e valuations mais controlados.

O que mais?
Acho que a crise, como aconteceu em outros momentos, também afasta aventureiro. O empreendedor aventureiro, aquele que acha que qualquer coisinha que ele botar de pé vai captar dinheiro e vai vender em poucos anos. Esse cara fica mais tímido de fazer esse tipo de aventura. Quem fica no mercado é o empreendedor que realmente tem uma convicção de que tem algo para endereçar em um mercado grande como o do Brasil. Da mesma forma, acho que os investidores ficam mais tímidos também. Investidores que não têm tanta convicção, que estavam olhando de forma mais oportunista, ficam mais tímidos.

Qual é o impacto para o setor?
Acho que, de certa forma, isso é bom para o mercado. Profissionaliza mais um mercado que é complexo, que não é para amador. Acho que tem esse elemento de ajuste.

O real desvalorizado não é um fator de atração para fundos estrangeiros investirem aqui?
É um plus para o investidor dolarizado, mas não é suficiente. O investidor, nessa classe de ativos, precisa acreditar em crescimento acelerado. Não acho que alguém vai entrar de forma oportunista em função do dólar. Acho que alguém vai ganhar um deal porque consegue pagar um pouquinho mais em função do dólar. Mas acho que a crença no crescimento da empresa precede a questão cambial.

Pelo que você diz então, o mercado de venture capital será mais racional. É isso?
Mais racional, mais maduro e mais profissional.

“Haverá menos abundância de capital e valuations mais controlados”

Você acredita que alguns fundos de venture capital vão sair do mercado?
Acho que os VCs que estão no mercado há vários anos, que estão no terceiro ou quarto fundo, ficam. E ficam até mais fortes. Há uma série de aventureiros, que estavam brincando de investir em startup, que não vão conseguir continuar no mercado.

Recentemente, o NeoFeed publicou um artigo do Alex Lazarow, que é da gestora de venture capital Cathay Innovation, do Vale do Silício, em que ele diz para esquecerem os unicórnios e que agora é a vez das startups camelos, aquelas mais resilientes. É isso o que o mercado vai procurar?
Acho que a questão da queima de caixa, antes de falar de Covid-19, tem que ser olhada com atenção para separar o joio do trigo. Uma coisa é o empreendedor e o investidor que estão ali conscientemente queimando aquele caixa para fazer testes e, à medida que aprendem com aqueles testes, vão acelerando o investimento naquilo que está sendo comprovado. E eles acreditam que aquela queima acontece porque eles estão apostando num crescimento acelerado e, em escala, os economics daquela empresa são saudáveis. Outra coisa são aquelas empresas que resolvem acelerar, de forma descontrolada, para impressionar a linha de cima sem cuidar da saúde dos economics da empresa. E essas empresas, que ficam mais com cara de bicicleta, que, quando para, cai, terão menos interesses por parte dos investidores. Mas tudo isso fala com os elementos que eu trouxe antes. Os investidores em geral, profissionais, estarão olhando com mais atenção para a maturidade do empreendedor, a resiliência da proposta de valor e a capacidade de cada investidor de contribuir para o crescimento daquela empresa. Vai ter mais rigor, mais cautela, mais expertise, mais maturidade do mercado e mais preço adequado.

O tamanho dos cheques vai mudar?
Pode ter uma redução. Já vimos em outras crises o cheque médio cair um pouco. Mas acho que, até em função do dólar, isso não deve acontecer tanto. É mais uma questão de preço mesmo.

Os fundos estrangeiros podem ganhar mais força aqui no Brasil?
Todo mundo que estiver capitalizado, com visão de longo prazo, vai ganhar mais força. É um mercado que fica mais centrado em profissionais e menos em aventureiros. O profissional está mais seguro para continuar investindo. E os empreendedores ficam mais rigorosos em quem eles trazem para dentro.

“Há uma série de aventureiros, que estavam brincando de investir em startup, que não vão conseguir continuar no mercado”

O que os empreendedores terão de olhar?
Terão de olhar a capacidade dos fundos de ajudar de verdade, ver os valores do fundo. Você ter uma conversa com um sócio quando as coisas estão as mil maravilhas, chegar num board e dizer ‘estou com um term sheet para um cara que quer colocar R$ 200 milhões na empresa em um valuation dez vezes maior do que todo mundo entrou aqui’, isso é good news, difícil ter desalinhamento. Agora falar o seguinte: ‘pessoal, teremos de fazer M&A, teremos de trocar ações, teremos de mudar a rota, pegar uma dívida, aceitar um valuation inferior do que o da última rodada’, isso começa a ter margem para desalinhamento. Se você não tem um grupo coeso, maduro, que compartilha os mesmos valores, complica.

Você falou de M&A. Estão conversando sobre isso em algumas das investidas?
Sim. Estamos conversando, neste momento, com uma empresa que está fazendo M&A com outra maior do segmento. E temos outra oferta de aquisição de outra empresa.

E como isso está encaminhado?
Uma delas está em uma situação mais frágil e estamos cedendo para fazer uma transação onde teremos uma perda do valor do nosso ativo quando investimos. É uma empresa com desafios de crescimento, com pouquíssimo caixa, que nos obriga a aceitar os termos, que não são hostis, mas não são bons. A outra empresa já é um pouco diferente. Tem alguns desafios, mas tem caixa. Estamos olhando com mais força. É um momento de muita humildade, as condições que eu tenho são essas e tenho de ser pragmático agora. E ter segurança no movimento para não ficar remoendo. ‘Ah, poderia ter melhor retorno nesse ativo. Poderia. Mas o mercado mudou, não tem mais caixa, it is what it is, vamos nessa’.

Você tocou numa questão importante, a humildade. Muitos empreendedores, que criam negócios, às vezes são irredutíveis e acham que o que eles criaram é único. Isso existe muito?
Sempre existe o empreendedor que não quer ver a realidade e que não ouve. O que estamos vendo no nosso grupo é muito impressionante, positivamente falando. Eles olham para nós e diz que somos parceiros e que em várias questões temos mais experiência. Estamos alinhados nisso. Isso tem sido muito gratificante. A grande maioria dos empreendedores estão entendendo que têm de dar alguns passos para trás para depois voltar a dar alguns passos para frente. Um nível de conversa franca, pedindo ajuda para tomar decisões dificílimas. Estamos tendo a grata experiência de exercermos a nossa posição de sócios, de parceiros das empresas, e ter essa recíproca.

Não tem ninguém com uma visão diferente?
Claro que tem uma minoria alienada, que ‘life is good, que isso é temporário, tudo volta 100% ao normal muito em breve, nada mudou, vamos que vamos’. Tem isso também.

Antes dessa pandemia, estava mais fácil para muitos fundos captar dinheiro no mercado. Family offices estavam começando a alocar recursos em fundos de venture capital. Isso vai mudar?
Tem dois perfis de investidores. Os family offices e os institucionais. No caso dos institucionais, a atividade core deles continua sendo alocar. E, assim como nós estamos olhando as empresas com mais rigor, os institucionais estão olhando os fundos com mais rigor. Ainda mais num País em que, além do que está acontecendo, tem uma falta de coordenação política que gera mais insegurança ainda, apesar de os fundamentos macro estarem equacionados. Acho que não vai mudar o olhar dos institucionais. Todos estão esperando para ver o que vai acontecer. Os family offices são diferentes.

Como?
O que acontece no primeiro momento? O empresário e família muito líquida teve algum tipo de perda nessa crise. Todos que estavam expostos no mercado de ações perdeu algo. O primeiro momento é entender essa perda. Qual é a reação? Realizar a perda ou se estruturar para buscar mais tarde? Existe um segundo momento onde os empresários estão olhando as oportunidades de curto prazo para recuperar essa perda. Tem muitos papéis na bolsa que são de empresas sólidas, com muita condição de navegar essa crise, mas que estão subavaliados e são oportunidades, para quem se posicionar, de upside de 50% a 60%. Vejo famílias que têm liquidez se posicionando com oportunidades de papéis que estão subvalorizados ainda. Mas esse movimento de se posicionar também é uma janela que se fecha. Quando olhamos estruturalmente a taxa de juros inclinando cada vez mais para baixo, volta aquela situação em que o investidor não pode se dar o luxo de ficar em um mercado que não remunera tanto o seu capital. Ele precisa ver ativos alternativos.

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