Com 32 mil lojas espalhadas por mais de 80 países, a Starbucks acompanha em tempo real como o avanço da Covid-19 tem se comportado nos mais diferentes mercados ao redor do mundo. Agora, a gigante avaliada em US$ 86,6 bilhões se prepara para voltar à ativa – e criou uma receita para isso.
A partir de agora, pegar um café em uma das unidades do Starbucks vai ser um pouco mais "impessoal". Mesas e cadeiras estão temporariamente banidas das lojas, que trabalham apenas com pedidos para viagem.
Compras pelo aplicativo ou por drive-thru serão as únicas modalidades aceitas nas lojas que têm estrutura para isso. Nas demais, os clientes só terão tempo suficiente de fazer o pedido. E, em alguns casos, aguardar o preparo das bebidas ao lado de fora. Para evitar o máximo o contato humano, algumas das unidades terão as portas trocadas por portões automáticos.
Do outro lado do balcão, as coisas também vão mudar bastante. Antes de dar início ao expediente, cada membro da equipe do Starbucks tem de fazer uma espécie de check up: relatar qualquer sinal de mal-estar e reportar sua temperatura corpórea.
"Todos os colaboradores que identifiquem algum tipo de sintoma de doença serão direcionados a ficar em casa", disse o presidente e CEO da Starbucks, Kevin Johnson, a Marc Benioff, o fundador da Salesforce, durante bate-papo transmitido ao vivo.
Segundo o executivo, além de cuidados básicos, como luvas e máscaras faciais, os funcionários também devem ser lembrados de lavar as mãos a cada 30 minutos.
Esse protocolo, de acordo com Johnson, foi desenvolvido pela equipe chinesa, a primeira impactada pelo novo coronavírus. "Fechamos mais de 90% de nossas lojas na China em meados de janeiro. Ficamos nove semanas inoperantes e a reabertura delas será o nosso guia para os demais mercados", disse Johnson.
O modelo, contudo, não precisa ser necessariamente seguido à risca. "Sempre acreditei no modelo de liderança compartilhada, mas sobretudo nesta crise ele se mostrou acertado", afirmou Johnson. "Se tivéssemos todas as decisões concentradas em um só escritório, teríamos problemas."
De acordo com Johnson, cada região teve um cronograma e um impacto diferente. "Na Itália, por exemplo, o cenário foi devastador, como na Espanha. Nos Estados Unidos, nosso principal mercado, as medidas de distanciamento social começaram apenas em março, depois de alguns países europeus", disse o executivo.
Johnson diz que as equipes, além de terem autonomia, devem incentivar o diálogo, "porque algumas das ideias não teriam saído de uma reunião do conselho. Apenas quem vive e conhece as operações poderiam ter ideias para ajustar o sistema à essa nova realidade".
No segundo trimestre fiscal, encerrado em 29 de março, a Starbucks registrou um lucro líquido de US$ 328,4 milhões, o que marca uma retração de 50,5% do montante registrado no mesmo período do ano anterior.
As vendas globais recuaram 10% em comparação ao mesmo período de 2019, a primeira queda depois de 41 trimestres consecutivos de crescimento. Só nos EUA, a retração foi de 3%, enquanto na China, as vendas diminuíram em 50%.
Um dos poucos pontos positivos do último relatório é o ganho de usuários no programa de fidelidade da empresa: 19,4 milhões de pessoas participavam do projeto que "recompensa", com pontos e ofertas especiais, os clientes fiéis. O salto é de 15% se comparado com o mesmo período do ano anterior.
Na bolsa, porém, o movimento é inverso: desde janeiro, os papéis da Starbucks acumulam queda de 16,9%, sendo negociados nos atuais US$ 74,20. A empresa acredita que o impacto financeiro dessa crise, contudo, seja sentido com mais força nos dois trimestres que estão por vir. Nos Estados Unidos, a expectativa é que 90% das unidades da Starbucks sejam reabertas apenas no início de junho.
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