Candidato vem do latim candidus, branco brilhante. Na Roma antiga, o cidadão que concorria a algum cargo público fazia sua campanha vestido com uma toga branca, simbolizando pureza e honradez.
Ou seja, exigia-se que o candidato tivesse histórico de caráter e ética. Para servir ao público, tinha que ter um propósito, coisa que não tem a ver consigo próprio, mas com o bem dos outros.
Já da mitologia grega vem a noção de que o universo é uma luta entre amor e caos. Do amor vem a beleza, a harmonia, a ordem e a vida. Do caos vem a desordem, doenças, a dor, o absurdo. Nos negócios isso tudo se aplica. Existem os que vivem de resolver o caos e os que olham para a empresa com amor.
A Roma e a Grécia antiga parecem estar bem longe dos nossos negócios, mas vamos tentar trazê-los para nosso momento e nossos desafios. Facilmente podemos pensar no amor como soluções e no caos como problemas.
Se na nossa empresa temos muitos problemas (caos) e buscamos incessantemente soluções (amor), não parece que a melhor saída passa por atrair os candidatos que venham por um propósito, o que, na sua essência, tem a ver com o melhor para os outros?
Uma vez que o futuro está nas soluções, o nosso candidato deve olhar para os clientes, a sociedade, os colegas e os acionistas, todos estes antes de si próprio, não é verdade?
Tudo bem que pode parecer inocência da minha parte, mas faz total sentido. Se é para servir ao público, o candidato deve ser transparente, sem nada a esconder. Pode parecer um sonho, mas sem sonhos não se muda o mundo. Nem se muda o seu negócio.
Claro que o caos existe, mas ele não é o foco. Contrate pessoas cuja maior habilidade é resolver problemas e elas vão ter cada vez mais valor na medida em que os problemas se perpetuem. De problemas em problemas seu negócio vira um pandemônio, até porque, sem problemas, essas pessoas não se destacam.
Mas, se temos gosto pelas soluções, sonhamos com o futuro cada vez melhor e construímos uma visão que o reflita. Daí nossos candidatos ideais vêm com perfil de amor.
São pessoas com fome de aprender, que olham para as conquistas como a construção do sucesso dos outros, que usam os conhecimentos para a realização do outro. Essas pessoas existem!
E mais, elas sabem administrar o caos, mas trabalham pelo seu fim, pois seu valor está no propósito, no lado bom da vida e das pessoas. Mais importante, elas não têm todas as respostas, mas carregam infinitas perguntas não respondidas, daí o olhar sempre em busca das soluções.
E fui buscar no Rubem Alves (mais uma vez) uma síntese de tudo isso. “Cientistas e professores moram no espaço do conhecimento, o que é muito bom e necessário: para se plantar uma árvore e fazer um balanço é preciso conhecimento. Mas o conhecimento sozinho, não faz ninguém ‘desejar’ plantar uma árvore e fazer um balanço. Para isso é preciso amor. Mundos a serem criados, antes de existirem como realidade, existem como fantasias de amor.”
Em resumo, o conhecimento é muito importante, talvez mais ainda na resolução dos problemas, no caos. Mas se não houver amor, sede de servir, propósito na missão, não há significado no conhecimento, por melhor que seja.
Antes de mais nada escolha o amor, inimigo do caos. Com gente que traz este olhar para as soluções, o amor vai entrar na sua empresa.
*Leonel Andrade é CEO da CVC Corp e foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Ele também é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Além disso, faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.
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