Desde que a pandemia da Covid-19 começou, a Uber se viu numa situação paradoxal. De um lado, as corridas com seus carros se reduziram. De outro, o braço de delivery, com a marca Uber Eats, viu a demanda crescer.
Com um prejuízo de US$ 8,5 bilhões em 2019 e pressionado pelos investidores a buscar um caminho para a lucratividade, o CEO Dara Khosrowshahi tomou a decisão óbvia: investir em delivery.
A estratégia de Khosrowshahi foi tentar consolidar o mercado através de compras de concorrentes para ganhar escala. Mas, até agora, a Uber não tem sido bem-sucedida nessa estratégia.
Em maio, a Uber negociou com a compra da Grubhub. O negócio parecia que estava acertado. Mas, na última hora, a Grubhub deixou a Uber na mão e aceitou uma proposta de US$ 7,3 bilhões da europeia Just Eat Takeaway.
A Uber agora mira sua atenção para a Postmates, o quarto maior aplicativo de entrega de comida dos Estados Unidos. A companhia fez uma oferta de US$ 2,6 bilhões para comprar o aplicativo, segundo o jornal econômico The Wall Street Journal.
Com o negócio, a Uber consolidaria a segunda posição no mercado de delivery americano, ultrapassando a Grubhub e ficando atrás apenas da DoorDash.
As negociações, segundo a publicação, estão avançadas. E há vários sinais de que têm boas chances de ser concretizada. Mas a Uber não está sozinha na briga pela Postmates.
Um SPAC (special purpose acquisition companies), um veículo especial que capta recursos de investidores para fazer uma aquisição sem identificar o ativo, também está conversando com a Postmates.
Não bastasse isso, a Postmates também estaria estudando uma oferta inicial de ações. Em fevereiro do ano passado, a companhia protocolou seu pedido de IPO, mas não levou os planos adiante.
Agora, no meio da pandemia, em que os aplicativos de delivery estão valorizados, a Postmates está considerando a opção novamente.
Embora também se beneficie do boom dos aplicativos de deliveries durante a crise provocada pela pandemia da Covid-19, a Postmates vê dificuldades de competir nacionalmente, tendo mais sucesso em regiões específicas, como Los Angeles e Miami.
Desde sua fundação em 2011, a companhia levantou US$ 903 milhões em investimentos de fundos como GPI Capital, BlackRock e Founders Fund. Na última rodada, em setembro do ano passado, ela foi avaliada em US$ 2,4 bilhões, um valor próximo ao que a Uber quer pagar para comprá-la.
Khosrowshahi já chegou a dizer que a Uber iria deixar o negócio de delivery, na qual não era um player dominante. Mas foi atropelado pela Covid-19 em suas convicções.
Por conta do coronavírus, as empresas da área estão valorizadas e conseguindo captar recursos com investidores. A DoorDash, outro competidor desse mercado, levantou US$ 400 milhões, numa avaliação de U$ 16 bilhões, pavimentando seu caminho para uma abertura de capital.
A Instacart, que atua na entrega de compras por supermercado, também acaba de fazer uma captação de US$ 225 milhões que dobrou sua avaliação privada para US$ 14 bilhões.
Mas mesmo com a demanda em alta, as companhias de delivery ainda estão perdendo dinheiro ou estão operando perto do equilíbrio financeiro. A causa é o aumento dos custos em fundos de promoções e em equipamentos de segurança. Por outro lado, os restaurantes estão também pressionando por taxas menores.
Para uma empresa que perde bilhões de dólares por ano, como a Uber, será que a compra da Postmates vai ser um bom negócio?
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