A trajetória profissional da paulista Paula Paschoal é marcada por diversos pontos fora da curva. Diretora sênior do PayPal Brasil, Paula lidera uma empresa de tecnologia, setor tradicionalmente dominado por homens. Ainda mais raro no mercado é ser promovida ao voltar da licença-maternidade – ela recebeu a notícia alguns meses após o nascimento da segunda filha.
“Obtive inúmeras conquistas intangíveis com a maternidade”, diz a executiva. “Comecei a compreender que cada indivíduo tem seu tempo. Ele é diferente do meu e precisa ser respeitado. Aprendi essa lição após a minha primeira filha nascer, já que ela mamava quando estava com fome e não no momento que eu estava disponível para amamentar.”
Sob diversos aspectos, declarações como essas vão na contramão do velho ambiente corporativo. Paula não só ascendeu na carreira após engravidar como tornou a maternidade uma experiência valiosa para suas atividades no PayPal, que incluem liderar, inspirar e, como ela própria reconhece, tornar o mundo um lugar melhor.
Paula é um dos exemplos mais notáveis de uma nova geração de profissionais talentosos que não limitam sua atuação ao universo das empresas. Ela quer também melhorar o mundo, e isso só será possível na medida que compreender as novas demandas da sociedade e, acima de tudo, trabalhar para atendê-las.
“As empresas se tornaram entes presentes na realidade das pessoas, e seus líderes ainda mais”, diz Paula. “Nos últimos anos, os CEOs ganharam responsabilidades que não dizem respeito apenas aos negócios que administram, mas à própria sociedade.”
Uma das demandas mais urgentes é a inserção das mulheres no mercado de trabalho. Poucas executivas são tão qualificadas para atuar em prol da inclusão feminina. Paula tornou esse objetivo um desafio diário, que é exercido com afinco no PayPal.
A empresa, líder mundial em pagamentos eletrônicos e avaliada em US$ 277 bilhões na bolsa eletrônica Nasdaq, tem um dos mais completos programas de diversidade do país. Na verdade, são diversas frentes focadas nos mesmos objetivos: atrair pessoas e ideias diferentes entre si. “Quanto mais diverso for seu público interno, mais bem representado estará o perfil de seus clientes”, diz a diretora sênior do PayPal.
O PayPal conta com cinco grupos chamados de “afinidade. O primeiro é o Amplify, que incentiva o recrutamento, a retenção e o desenvolvimento de funcionários negros. O segundo deles, denominado Gives, cria campanhas para ampliar o engajamento social em prol da comunidade. No Pride, o foco é o apoio a funcionários LGBTQIA+, enquanto o Unity valoriza a igualdade e o equilíbrio de gênero. Por fim, o Aliados dedica-se à representatividade das pessoas de origem latina no PayPal.
Iniciativas como essas, de fato, transformaram a empresa. Segundo Paula Paschoal, a operação brasileira do PayPal tem mais de 50% dos cargos de liderança nas mãos de mulheres. Trata-se de uma participação expressiva. Para efeito de comparação, a quantidade de mulheres líderes no planeta está em torno de 12%.
A operação brasileira do PayPal tem mais de 50% dos cargos de liderança nas mãos de mulheres
“O PayPal tem uma visão de equidade de gênero que vai muito além do discurso”, diz a executiva. Desde 2016, a empresa paga o mesmo salário para homens e mulheres que tenham cargos similares. “Isso parece óbvio, mas há um gap mundial que chega a 30%”, destaca Paula.
A atuação da executiva, contudo, não se restringe ao PayPal. Nos últimos anos, Paula passou a ser uma das vozes mais ativas do País na defesa da equidade de gênero. Além da agenda diária na empresa, ela se dedica a uma série de atividades focadas no tema.
Apenas em 2020, participou de mais de 30 fóruns sobre inclusão de mulheres no mercado de trabalho. Além disso, faz parte do grupo Impacto do CEO Legacy, da Fundação Dom Cabral, que promove relevantes debates em torno da questão.
Paula Paschoal está no PayPal desde o início das operações da companhia no País, em 2010. Em julho de 2017, tornou-se diretora sênior do PayPal Brasil, respondendo pela estratégia da empresa no maior mercado da América Latina, com 4,3 milhões de contas ativas. Entre outras atribuições, ela também é a responsável pela expansão dos negócios locais e o desenvolvimento de parcerias.
Antes de ocupar o cargo máximo do PayPal no Brasil, Paula atuou como diretora comercial da empresa, liderando o atendimento a grandes contas, além de chefiar a área de pequenos e médios negócios. Também foi diretora de vendas e desenvolvimento de negócios, período marcado pela conquista de novos clientes e expansão de parcerias.
Sua carreira é pontuada por experiências valiosas. De 2007 a 2010, foi head do site da rede de livrarias e produtos eletrônicos Fnac no Brasil, tendo sido diretamente responsável pelo desenvolvimento e consolidação da área dentro da empresa. Antes, trabalhou em diversas departamentos do Hotel Transamérica, da recepção ao setor de segurança, e também deu expediente na Câmara Americana de Comércio (Amcham) e na companhia de tecnologia AMD.
Desde cedo, Paula considerou que deveria contribuir para a diminuição do fosso que separa homens e mulheres do mercado no trabalho. No papel de diretora sênior do PayPal, ela tem sido bem-sucedida nesse desafio. “Sempre apostei em um ambiente de colaboração”, diz. “Liderança, afinal, é conseguir que as pessoas sob sua gestão olhem, ao mesmo tempo, para a mesma direção.”