"Todo mundo tem um plano até levar um murro na boca"

(Mike Tyson, boxeador, ex-campeão mundial de pesos pesados)

Quem nunca usou a famosa frase de Tyson em uma apresentação corporativa que atire a primeira pedra. Não tinha tido a curiosidade de pesquisar se ela realmente havia sido dita pelo ex-pugilista e, quando o fiz, descobri a explicação dada pelo próprio Tyson.

"As pessoas me perguntavam [antes da luta], 'O que vai acontecer?'. Eles estavam falando sobre o estilo do meu oponente. 'Ele vai te dar muito movimento lateral. Ele vai se mover, ele vai dançar. Ele vai fazer isso, fazer aquilo.' Eu disse: ‘Todos têm um plano até serem atingidos. Então, como um rato, eles param de medo e congelam.’"

Adorei isso. Quando nossos planos não saem como previsto, a tendência é que nos comportemos como ratos. Paralisados pelo medo. Sem ação. A frase de Tyson é mais atual do que nunca, afinal, o que foi essa pandemia senão um murro na boca que levamos como raça humana em 2020?

Um soco inesperado. Um golpe bem encaixado. Que deixou a grande maioria paralisada, sem ação. Voltar para o combate com a mesma estratégia depois levar um murro desses normalmente significa…. Levar outro golpe. E aí a chance de cair e não levantar é maior. Nocaute!

É por isso que os grandes vencedores de 2020 foram aqueles que fizeram uma correção na estratégia após sofrerem o primeiro golpe. Que voltaram para a luta com outro plano, mais adequado ao novo cenário. Que aprenderam algo. Que experimentaram novas hipóteses. Que erraram e levaram outro soco, que acertaram e começaram a ver a luz no fim do túnel.

Os grandes vencedores de 2020 foram aqueles que fizeram uma correção na estratégia após sofrerem o primeiro golpe

Por isso, a capacidade de adequar a estratégia de negócios a cenários cada vez mais imprevisíveis é a habilidade mais valiosa do mundo dos negócios para 2021.

Perde valor a busca pela previsibilidade total - até porque aprendemos que ela não existe.

Ganha peso a capacidade de analisar o cenário, entender os impactos da mudança no consumidor e desenhar novas hipóteses para testá-las o mais rápido possível em busca de um novo encaixe.

Se tem uma coisa que sabemos sobre nossos planos é que eles não serão executados como a gente previa, o que não tira de forma nenhuma o valor do exercício. Dwight D. Eisenhower, 34o presidente dos Estados Unidos - que também era boxeador -, disse uma vez que o plano é inútil, mas que o planejamento é indispensável.

Eu complementaria, para encerrar, dizendo o seguinte: Se você não aprendeu nada no ano que passou, me desculpe, mas você perdeu 12 meses.

*Renato Mendes é investidor, professor na pós- graduação do Insper, mentor na Endeavor Brasil e autor do livro “Mude ou Morra”, finalista do Prêmio Jabuti 2019.

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