Enquanto governos e autoridades discutem a remuneração de produtores de conteúdo por parte das redes sociais, o Twitter se adianta e compra uma empresa cujo foco é justamente gerar renda a autores, escritores e criativos.
A rede de microblog anunciou na terça-feira, 26 de janeiro, a aquisição da Revue, uma plataforma para desenvolvimento e disparo de newsletter, com categorias que aceitam cobranças.
As companhias não divulgaram o valor e os termos do acordo, mas sabe-se que a Revue, fundada na Holanda, em 2015, segue operando de maneira independente.
“A Revue vai acelerar nosso trabalho de ajudar as pessoas a se manterem informadas, enquanto oferece aos escritores uma maneira de monetizar com sua audiência”, disse o chefe de produto do Twitter, Kayvon Beykpour, e o vice-presidente de produtos para editores, Mike Park, em uma postagem no blog da plataforma.
Tal qual a sua "rival" Substack, a Revue permite que qualquer usuário crie uma newsletter própria, que pode ser enviada de forma gratuita ou paga, se o autor decidir capitalizar seu conteúdo.
Não há valor mínimo ou máximo de cobrança de assinatura, mas a plataforma cobra 5% de taxa sob os ganhos dos usuários que optam pelo modelo pago. Antes da compra do Twitter, a Revue cobrava 6%.
Outra mudança da nova gestão diz respeito ao tamanho da equipe. Atualmente, a plataforma de newsletter conta com seis integrantes, mas o Twitter já revelou que quer expandir o time.
A rede de microblogs planeja ainda criar novos recursos que devem facilitar a interação entre escritores e público, permitindo, por exemplo, que usuários se inscrevam com alguns cliques nas newsletters dos perfis que seguem no Twitter, e adicionando novas configurações para que os escritores "hospedem" conversas com seus assinantes na rede social.
O Twitter afirmou ainda que os criadores podem esperar algum tipo de compensação financeira baseada na taxa de conversão de usuários do Twitter que se tornam assinantes pagos.
Antes desse reforço de peso da rede de microblogs, a Revue já havia captado US$ 350 mil em investimentos com fundos e investidores anjos. Alguns dos clientes mais estrelados da plataforma são as empresas de comunicação Vox Media, Chicago Sun-Times e Markup.
Essa movimentação é apenas o mais recente capítulo na "novela" das mídias sociais explorando ferramentas para ajudar seus criadores a aumentar sua audiência e ganhar dinheiro com isso. O Instagram, o Snapchat e o TikTok anunciaram no ano passado que pretendiam remunerar seus criadores mais "famosos"
Segundo o The Wall Street Journal, executivos do Twitter teriam dito que a empresa estava avaliando a criação de um serviço de assinatura No ano passado, a companhia chegou a postar empregos relacionados a isso, incluindo uma vaga de liderança da área de pagamento e assinatura.
Identificar oportunidades de assinaturas é um caminho que a empresa de mídia social pode usar para impulsionar o crescimento de sua receita, que foi de US$ 936,2 milhões no terceiro trimestre de 2020, um aumento de 13,6% em relação ao trimestre anterior, quando gerou US$ 823,7 milhões.
Na bolsa, o Twitter encerrou o pregão da terça em alta de 3,8%. Seu valor de mercado é de US$ 39,5 bilhões.
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