Em junho deste ano, a insurtech chilena Betterfly captou US$ 60 milhões com investidores de peso, como os sócios do DST Global, a QED Investors, Softbank Latin America, Valor Capital e Endeavor Catalyst.
O cheque, um dos maiores já recebidos por uma insurtech na América Latina, tinha como destino a expansão pela região, a começar pelo Brasil.
Agora, a companhia fundada pelo chileno Eduardo della Maggiora está dando o seu primeiro passo para começar a operar no Brasil. A Betterfly está anunciando uma parceria com a brasileira Icatu para oferecer um seguro de vida associado a uma plataforma de benefícios.
“Foram meses de conversas e conseguimos encontrar um parceiro no Brasil”, diz Maggiora, ao NeoFeed. “Acredito que temos muitas sinergias para explorar.”
A Icatu será a responsável pelo seguro de vida que vai ser oferecido pela Betterfly no Brasil em uma parceria co-branded. No momento, as duas companhias trabalham para desenvolver o produto, que não tem data ainda para chegar ao mercado.
“Estamos com uma expectativa muito grande e acredito que o número de 1 milhão de clientes vai ser atingido muito rapidamente”, afirma Luciano Snel, CEO da Icatu, ao NeoFeed.
A ideia é replicar no mercado brasileiro o modelo da insurtech no Chile. Em seu país de origem, a Betterfly é uma plataforma de benefícios que oferece um seguro de vida cujo valor aumenta à medida que o usuário caminha, corre ou medita. Parte dos recursos são também destinados a doações.
No Chile, a Betterfly conta com 1,5 mil empresas que usam sua plataforma e pagam um mensalidade que começa a partir de US$ 4 por funcionário. No total, são quase 1 milhão de profissionais beneficiados. O leque de clientes inclui desde pequenas até grandes empresas, como o banco Santander.
Com o pagamento da mensalidade, os funcionários têm acesso a um seguro de vida e a diversos aplicativos de saúde e bem-estar. No Chile, os apps disponíveis na plataforma são Puramente (meditação); Instafit (fitness); Focus (economia e investimento); The Big Know (cursos de bem-estar); e Teledoc (telemedicina, psicologia e nutricionista).
À medida que os funcionários caminham, correm, meditem ou fazem cursos, eles vão acumulando pontos (chamados de Better Coins), o que faz aumentar o valor do seguro de vida – segundo a empresa, eles começam em US$ 8 mil. Ao mesmo tempo, parte desses pontos são convertidos em doações para organizações não-governamentais com as quais a Betterfly tem parceria.
No Brasil, Maggiora diz que a companhia está negociando todas as parceiras de sua plataforma de saúde e bem-estar, o que deve ser anunciado nas próximas semanas. A insurtech também busca organizações não governamentais locais para que os clientes possam fazer as suas doações.
A Icatu será também uma parceira comercial e vai ajudar a Betterfly a distribuir o seguro através de sua força de vendas. Atualmente, a seguradora da família Almeida Braga atua no modelo B2B2C. Ela presta serviços para parceiros. E estes, por sua vez, vendem os seguros para os consumidores finais.
Por esse motivo, ela conta com uma força de venda de 14 mil corretores que devem ser usados na distribuição do seguro de vida que será codesenvolvido com a Betterfly.
Essa não é a única parceria com startups da Icatu, que tem se aproximada desse universo por conta da abertura do mercado com o open insurance, que vai facilitar o compartilhamento e integração de dados, aumentando a competição entre os diversos atores do mercado, dos incumbentes às insurtechs.
Desde maio deste ano, a Creditas, uma das principais fintechs do Brasil, oferece uma nova modalidade de empréstimo com garantia além de carro, casa e salário: é o Crédito Protegido Prev, que empresta dinheiro atrelado ao saldo de um plano de previdência em parceria com a Icatu.
A seguradora está também atuando com a Flash, startup que oferece benefícios de forma flexível para fornecer um seguro de vida flexível, em que o consumidor escolhe os prêmios de acordo com seu momento de vida.