A Black Friday é uma das principais datas do varejo brasileiro, em que o consumidor sai atrás de pechinchas e, muitas vezes, antecipa as compras do Natal.

Mas a situação macroeconômica brasileira, com juros altos, queda da renda do trabalhador e a inflação alta, está fazendo com que o Magazine Luiza faça uma aposta incomum na Black Friday, que vai acontecer, neste ano, em 26 de novembro: os produtos premium.

“Nos preparamos para fazer uma Black Friday no online de produtos premium”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, ao comentar os resultados do terceiro trimestre de 2021.

Por produtos premium, Trajano diz que depende da categoria, mas citou os produtos da Apple e da Samsung, além de tevês acima de 50 polegadas e geladeiras duplex. “São, em geral, os produtos com mais tecnologia”, afirmou o CEO da Magazine Luiza.

O motivo dessa aposta é simples. As pessoas de renda mais alta sofrem menos o impacto da inflação. Além disso, o impacto do aumento de preço nesses produtos mais caros é menor. “Foi o insight que tivemos e a aposta que vamos fazer”, disse Trajano.

Os resultados do terceiro trimestre do Magazine Luiza refletem, em certa medida, a deterioração do cenário macroeconômico brasileiro. “Tínhamos uma expectativa positiva no segundo semestre em função do avanço da vacinação”, disse Trajano. “Mas com o crescimento baixo, a inflação e os juros altos, encontramos um terceiro trimestre cujo cenário vai continuar por algum período.”

As vendas totais do Magazine Luiza atingiram R$ 13,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano, um avanço de 12%. O e-commerce cresceu 22% e atingiu, pela primeira vez, R$ 10 bilhões.

O destaque ficou por conta do marketplace, que movimentou R$ 3,5 bilhões em vendas, um avanço de 67% na comparação com o terceiro trimestre de 2020. Em dois anos, o crescimento é de 310%. “O online está sendo impulsionado pelo marketplace, que é o canal que temos apostado mais”, afirmou Trajano.

Atualmente, o Magazine Luiza conta com 120 mil empresas em seu marketplace e mais de 50 milhões de ofertas, incluindo as vendas diretas e feitas pelos sellers.

Se o online ainda se manteve resiliente diante do quadro econômico, o mesmo não pode se dizer das lojas físicas, cujas vendas tiveram uma redução de 8% no trimestre.

Esse desempenho impactou a margem bruta ajustada do Magazine Luiza, pois o canal físico é o mais rentável da varejista, que foi de 24,7%, uma redução de 1,5 ponto percentual. O lucro líquido ajustado foi também menor e atingiu R$ 22,6 milhões. Há um ano, o resultado havia sido R$ 215,9 milhões.