Poucos setores passaram por transformações tão intensas nos últimos anos quanto a saúde. Cirurgias realizadas por robôs, exames de alta precisão e medicamentos cada vez mais sofisticados abriram novas perspectivas para médicos e pacientes.
Com a pandemia, as inovações tecnológicas ganharam ainda mais velocidade. O ambiente digital – e as diversas possibilidades trazidas por ele – passou a ser um aliado tão eficaz quanto indispensável.
Em sintonia com a nova realidade, o Grupo Fleury lançou em setembro do ano passado a startup Saúde iD, uma plataforma digital que permite a realização de consultas por telemedicina, compra de exames, descontos em medicamentos e até a compra de cirurgias, além de muitos outros serviços.
“Somos, acima de tudo, uma plataforma que tem como principal objetivo unir usuários com prestadores, e fazer com que eles tenham uma interação de sucesso”, diz Hans Lenk, CEO da Saúde iD.
Na entrevista a seguir, Lenk detalha as soluções oferecidas pela plataforma, revela quais são os planos daqui por diante e analisa os novos desafios do setor da saúde no pós-pandemia.
Como surgiu a ideia da plataforma Saúde iD?
Começamos a avaliar em 2017 modelos de negócios para o Fleury ampliar a sua atuação. Em 2018, o Fleury comprou a SantéCorp, empresa especializada em soluções para a gestão de saúde. Em paralelo, mapeamos o que havia de melhor no mundo para eventualmente adaptar a estratégia à realidade brasileira. No início de 2020, veio a pandemia e iniciamos o nosso produto de telemedicina, que já era o passo inicial para a plataforma. Em setembro de 2020, lançamos a Saúde iD e rapidamente nos tornamos um dos principais players do Brasil em telemedicina.
Qual é o volume de atendimentos em telemedicina hoje em dia?
Fazemos atualmente entre 40 mil e 60 mil atendimentos por mês. O ponto não é só volume. Nosso NPS (Net Promoter Score, indicador que mede o nível de satisfação dos clientes) está acima de 80, o que é fantástico para a área de saúde. Já o índice de resolutividade é superior a 90% – ou seja, eu soluciono o caso do paciente sem que ele precise se deslocar ao hospital ou ao consultório físico. Isso gera uma experiência fenomenal para o usuário, porque ele foi atendido por um médico no conforto da sua casa.
Qual é o efeito prático de números como esses para o sistema de saúde?
Com a telemedicina eficiente, nós ajudamos a desafogar e desonerar o sistema de saúde, porque possivelmente o usuário iria para o pronto-socorro, seja ele público ou privado. Isso, porém, é apenas uma das frentes da plataforma Saúde iD. Há muitas outras. A Saúde iD é uma empresa de telemedicina? Não, mas nós temos telemedicina. É um marketplace? Não, mas temos um marketplace. Somos, acima de tudo, uma plataforma que tem como principal objetivo unir usuários com prestadores, e fazer com que eles tenham uma interação de sucesso, em uma verdadeira relação “ganha-ganha”. Esse é a nossa missão.
Quais soluções a plataforma oferece?
O nosso marketplace tem três verticais principais de negócios. Uma delas é consulta, seja no Pronto Atendimento Digital ou presencial. A segunda vertical é oferecer exames a um preço competitivo e com qualidade. O terceiro ponto são os procedimentos de baixa complexidade e alta previsibilidade de desfecho, como cirurgias de vesícula, varizes, alguns tipos de hérnias e de olhos, entre outras.
A ideia, portanto, é que o usuário encontre diversos tipos de serviços e produtos em um mesmo lugar?
A plataforma se prontifica a ser um lugar seguro para a pessoa fazer toda a coordenação da jornada de saúde dela. A partir dos dados que disponho, incluindo histórico de consultas, utilização de medicamentos e uso do sistema de saúde, eu consigo, com a ajuda da tecnologia, ter um retrato preciso do usuário e identificar as necessidades dele. Se a pessoa precisar de algo em termos de saúde, certamente irá encontrar o que deseja dentro da plataforma.
A plataforma mantém parcerias com outras empresas?
Sim, com várias delas. O sucesso de Saúde iD depende de parcerias com diversas empresas. Fechamos um acordo com a AIG, que permitirá aos segurados da empresa acessar o nosso serviço de Pronto Atendimento Digital. Também assinamos uma parceria com a Smiles, que passará a oferecer para os seus clientes os produtos da Saúde iD.
"A conta é a seguinte: apenas 25% da população do Brasil têm plano de saúde, ou seja, estou falando dos outros 75%. É um mercado estimado entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões"
Que público que a plataforma espera alcançar?
A conta é a seguinte: apenas 25% da população do Brasil têm plano de saúde, ou seja, estou falando dos outros 75%. É um mercado estimado entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões. O segmento, obviamente, traz muitos desafios. Para alguns brasileiros, fazer o download de um app no celular pode ser algo complicado, já que muitas vezes o aparelho ou a conexão sequer comportam um aplicativo pesado. Para eu engajar essa pessoa, preciso ser muito eficiente. É isso o que buscamos. Além de ter como missão aumentar o acesso a saúde de quem não tem um plano de saúde, nós também somos uma alternativa para o segmento da população que tem plano de saúde, mas precisa gastar do bolso, seja por questões de restrição de rede ou co-participação.
Como a plataforma gera receitas?
Pense no Mercado Livre. Funcionamos com a mesma lógica, o mesmo modelo de negócio. O Saúde iD é uma plataforma remunerada por uma taxa de transação. Nesse sentido, não cobramos nada pela coordenação da jornada do usuário.
A plataforma mantém parcerias com redes de farmácias?
Sim, temos parceria com a ePharma e com a Pague Menos. Além de vender medicamentos com descontos, lançamos o serviço de atendimento dentro das farmácias Pague Menos. Para isso, usamos dispositivos portáteis desenvolvidos pela empresa israelense TytoCare que permitem a realização de exames físicos, como ausculta cardíaca e pulmonar e avaliação de garganta e ouvido, entre outros. O usuário da Pague Menos vai na farmácia e, num box exclusivo, consegue fazer os exames. Isso é o que chamamos de telemedicina ampliada.
A telemedicina ampliada parece oferecer inúmeras possibilidades.
Sim. Pretendemos, por exemplo, lançar contêineres para espalhar o conceito de telemedicina ampliada para áreas públicas. Também planejamos ofertar o serviço para pequenas e médias empresas que não conseguem bancar um médico full time na empresa. Como os dispositivos da TytoCare, tudo isso passa a ser possível.
A pandemia acelerou a transformação digital da saúde no Brasil?
Com certeza. Desde o início da pandemia, vimos surgir uma quantidade impressionante de startups na área de saúde. Estimo que hoje existam mais de mil empresas dedicadas a esse ramo de negócio. A pandemia confirmou várias hipóteses. Uma delas é que o brasileiro aprecia a praticidade da tecnologia. Atualmente, você vê os consumos nas plataformas e marketplaces crescer trimestre atrás de trimestre. Com a telemedicina é a mesma coisa. É uma evolução contínua e sustentável.
Para mais informações, clique aqui.