No início de 2020, o Itaú BBA, maior banco de investimentos do país, tinha quase tudo pronto para realizar o seu primeiro evento 100% dedicado à indústria da tecnologia. Mas eis que veio a crise do coronavírus e com ela as restrições sanitárias que vetaram encontros presenciais. Não houve outra saída a não ser adiar a programação.
Dois anos depois – e diante do cenário de trégua na pandemia –, o evento finalmente entra em cena. Mas agora mais fortalecido, já que a pandemia desencadeou inúmeros avanços na área tecnológica: em dois anos, o mundo ficou mais digital, startups nasceram, pequenas companhias se tornaram gigantes.
O Tech Founders Summit 2022 será realizado nos dias 7 e 8 de abril no Cubo, a incubadora de startups do Itaú, e trará pesos-pesados ligados de alguma maneira ao ecossistema tecnológico brasileiro e mundial.
Seu formato híbrido, com encontros presenciais e transmissão online, foi concebido para estimular a interação entre os participantes. A ideia é facilitar conexões entre potenciais empreendedores, fundadores de startups, representantes de fundos de venture capital, executivos do ramo e o público interessado em desbravar o universo tecnológico.
Entre os nomes confirmados estão Adam Selipsky, CEO global da AWS, divisão de serviços de computação em nuvem da Amazon, que vai abrir o evento ao lado de Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco.
A futurista americana Amy Webb, fundadora do Future Today Institute e uma das principais referências globais em tendências tecnológicas, será outra estrela do encontro. “Reuniremos um time de protagonistas do setor tecnológico”, resume Gabriel Brabo, head de Tech e Related Companies do Itaú BBA.
De fato, estarão no Tech Founders gigantes como Softbank, conglomerado japonês por trás de investimentos em tecnologia ao redor do mundo, além dos tradicionais fundos General Atlantic e Riverwood.
Entre as big techs, destaque para a Meta (ex-Facebook). Como não poderia deixar de ser, a empresa de Mark Zuckerberg trará detalhes sobre o metaverso, o mundo virtual que é a sua maior aposta para o futuro.
“Reuniremos um time de protagonistas do setor tecnológico”, diz Gabriel Brabo, head de Tech e Related Companies do Itaú BBA
Empresas brasileiras com DNA tecnológico também marcarão presença. É o caso da unico, idtech recém-convertida em unicórnio, e Locaweb, veterana no ramo de tecnologia da informação.
“O evento abordará áreas que se tornaram nos últimos anos grandes geradoras de negócios, como e-commerce, games, segurança de dados e muitas outras”, pontua Thiago Maceira, managing director do Itaú BBA.
A realização do Tech Founders Summit 2022 está inserida em uma estratégia desenhada pelo Itaú tempos atrás, cuja premissa principal era, mais do que apenas se aproximar das empresas do ramo, se tornar parte ativa do ecossistema tecnológico do Brasil.
Entre o final de 2018 e o início de 2019, o Itaú criou um Núcleo Tech que consistia em envolver várias áreas – do banco de investimento ao private banking, do corporate à turma de marketing e vendas – para debater o tema e assessorar empresas com viés tecnológico.
Com o tempo, o Núcleo Tech acabaria gerando outros frutos. Um deles, batizado de Nicho Tech, foi criado em 2021 e avança em passos acelerados. “A ideia era agrupar empresas de tecnologia que já eram clientes do banco nos mais diversos segmentos”, explica Gabriel Brabo.
De imediato, o nicho tech passou a cobrir 700 empresas de tecnologia mapeadas. Agora são 1.300. Até o final de 2022, o número chegará a 1.500.
O executivo diz que o trabalho de aproximação com as empresas de tecnologia está ancorado em pilares diferentes daqueles que sustentam o mundo corporativo tradicional.
O primeiro deles consiste em um modelo de crédito proprietário que olha variáveis mais afeitas ao mundo das startups. Às vezes, não adianta buscar a coluna de lucros no balanço se a empresa ainda está nos estágios iniciais e só opera com prejuízo.
“Nesse caso, vamos olhar outras variáveis. Por exemplo: quem é fundador, quem são os acionistas, que tipo de aporte a empresa já recebeu”, diz Brabo. O Itaú BBA também abriu uma linha de crédito específica para as techs. Chamada “venture debt”, ela é, em termos gerais, uma alternativa de funding às típicas rodadas de captação de equity das startups”.
Nos últimos anos, o Itaú BBA tem se consolidado como o principal parceiro de negócios das empresas brasileiras de tecnologia. Segundo Maceira, desde 2018, o Itaú BBA fez 27 IPOs de empresas tech, mais do que qualquer outra instituição no país. Apenas em 2021 foram onze, marca também não alcançada pelos concorrentes.
Segundo Thiago Maceira, managing director do Itaú BBA, desde 2018, o banco fez 27 IPOs de empresas tech, mais do que qualquer outra instituição no país
O executivo lembra que o Itaú BBA foi o único banco brasileiro a ter participado da abertura de capital da empresa brasileira de softwares VTEX na bolsa americana Nasdaq.
Algumas das transações mais emblemáticas do mercado de capitais brasileiro tiveram a participação ativa do Itaú BBA no ano passado. É o caso do IPO da empresa de soluções antifraude ClearSale e da plataforma de serviços online e de logística Infracommerce. Nos dois casos, o banco foi o coordenador-líder.
Como será em 2022? “O ciclo de crescimento digital no Brasil vai prosseguir, as boas empresas de tecnologia vão continuar acelerando”, crava Maceira. Segundo ele, o volume expressivo de recursos que entrou no mercado de tecnologia nos últimos anos fará com que as oportunidades de negócios sigam em alta.
“O capital não precisa necessariamente vir do mercado público, mas pode chegar pelo privado, via consolidação das empresas”, afirma. “Por isso, vamos provavelmente ver mais operações de M&A na área tech.”
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