No fim de 2019, Wagner Ruiz e Alphonse Voigt, dois dos fundadores da Ebanx, startup de pagamentos que já levantou US$ 460 milhões em aportes e se tornou um unicórnio em 2019, sentaram-se do lado oposto da mesa de negociações e assumiram o papel de investidores-anjo em outra fintech também com sede em Curitiba.
A dupla, ao lado de um terceiro investidor, realizou um aporte de R$ 700 mil na operação da fintech. O aporte foi no Transferbank, cujo negócio consiste em uma plataforma que facilita a transação de dinheiro do exterior para o Brasil e vice-versa. Quase três anos depois, a aposta dos fundadores da Ebanx começa a fazer sentido.
Nesta quarta-feira, 9 de novembro, o Transferbank anunciou que concluiu a captação de R$ 4 milhões numa rodada seed. Os investidores estão sendo mantidos em sigilo, mas Luiz Felipe Pereira Bazzo, fundador e CEO da operação, diz que a captação foi feita sem a necessidade de incluir gestoras de venture capital.
“A gente tinha a intenção de fazer uma rodada menor com fins de reestruturação e de reorganização do captable”, diz Bazzo, ao NeoFeed. “Trouxemos parceiros estratégicos neste round.” Entre os investidores está um executivo de um banco digital e profissionais ligados com comércio exterior.
A rodada foi concluída em setembro, mas só pode ser anunciada agora. Bazzo explica que a reestruturação do captable envolveu a compra da participação do antigo sócio da startup, o executivo Rafael Mellem, que optou por deixar a operação para focar em outros negócios.
Com 1,1 mil empresas atendidas e R$ 2,2 bilhões transacionados nos últimos três anos, o Transferbank se coloca como uma concorrente para as fintechs que tentam fazer o meio de campo do câmbio no lugar dos bancos. Uma das rivais é a Husky, startup paulista que teve seu negócio comprado pela Nomad, por valor não revelado, na semana passada.
Com uma plataforma digital, o Transferbank permite que o usuário remeta toda a documentação necessária para enviar ou receber dinheiro do exterior em sete moedas diferentes (real, dólar, dólar canadense, euro, libra, iene e dólar australiano).
As taxas variam de acordo com a categoria do cliente. Ao todo são cinco segmentos atendidos: importadores, exportadores, prestadores de serviço para empresas do exterior (principalmente desenvolvedores e profissionais de TI), startups e gestoras de venture capital.
Nos dois últimos grupos, o Transferbank já realizou serviços para gestoras como Caravela Capital, Honey Island, ACE, TM3 e Kapture. Entre as startups que usaram a plataforma estão Olist, bxblue, OmniChat, Triven, James Delivery e BossaBox.
Em geral, Bazzo diz que a alíquota parte de 0,7%. “O mercado pratica entre 1,25% e 2,5% para profissionais que prestam serviço para o exterior”, diz Bazzo. “A conta fecha porque a gente não depende de uma infraestrutura tradicional e o cliente tem autonomia e controle sobre as transações.”
O Transferbank permite também que os clientes que tenham prazos mais extensos para realizar pagamentos ou recebimentos no exterior. É possível ainda estipular um número alvo no qual a transação será atingida caso a moeda atinja este valor.
Com uma operação já lucrativa, o Transferbank deve crescer acima de 40% neste ano. Uma das alavancas para este crescimento é a modalidade de transferência voltada para pessoas físicas, que está rodando em fase de testes pela startup.
Quando for lançada oficialmente, em dezembro deste ano, a ideia é de que a ferramenta atenda um público que transacione a partir de US$ 2 mil. “Abaixo deste valor há muito volume e não é o nosso foco”, diz Bazzo.
Neste caso há a incidência das taxas da startup (que variam de acordo com o valor), e de IOF que pode ser de 0,38% ou 1,10%.