No início desta semana, Jack Ma, fundador do Alibaba, fez sua primeira aparição pública na China, após passar quase um ano no exterior, longe do escrutínio das autoridades chinesas, que elegeram o grupo e o empresário como um dos grandes alvos em sua ofensiva regulatória contra as companhias locais de tecnologia.
Nesta terça-feira, 28 de março, um dia depois de o empresário voltar aos holofotes, em mais um sinal de um possível arrefecimento nesses embates, o Alibaba anunciou uma grande reorganização em seu modelo de atuação.
Por meio de um comunicado, o gigante chinês informou que irá dividir seus negócios em seis unidades: computação em nuvem; e-commerce chinês; e-commerce global, que inclui braços como o AliExpress; mapeamento digital e delivery de alimentos; logística; e mídia e entretenimento.
Nessa nova estrutura, o grupo passará a atuar como uma holding, liderado pelo atual presidente da empresa, Daniel Zhang. Cada divisão terá seu próprio CEO, com seus respectivos conselhos de administração. Da mesma forma, cada operação será responsável pelo seu desempenho.
Em uma carta enviada aos funcionários, Zhang observou que as seis divisões recém-criadas poderão levantar fundos e fazer ofertas públicas iniciais (IPOs) no momento adequado. A única exceção será a Taobao Tmall Commerce Group, de e-commerce doméstico, que seguirá como propriedade integral do grupo.
Segundo pessoas familiarizadas com essa estratégia ouvidas pelo The Wall Street Journal, a medida não afetará a listagem das ações do Alibaba em Nova York e em Hong Kong. Na bolsa americana, os papéis do Alibaba estavam sendo negociados no pre-market com alta de 9,8%.
O novo movimento do grupo começou a ser ensaiado há pouco mais de um ano, quando Zhang passou a dar mais autonomia aos executivos que lideravam esses negócios. Agora, o grupo frisou que o passo oficial nessa direção foi projetado para gerar valor aos acionistas e promover a competitividade do mercado.
“Essa transformação vai permitir que todos os nossos negócios se tornem mais ágeis, aprimorem a tomada de decisões e deem respostas mais rápidas às mudanças do mercado”, destacou Zhang, em sua mensagem aos funcionários.
O anúncio do Alibaba, sob o mantra de "dividir para somar", encontra paralelos no mercado de tecnologia. Entre eles, a criação da Alphabet, em 2015, holding que marcou a separação dos negócios do Google das demais operações no entorno do gigante de buscas.
Ao mesmo tempo, a medida chega em um momento no qual o Alibaba tenta recuperar terreno, após enfrentar, nos últimos três anos, questões como a regulamentação mais rígida na China, a desaceleração do crescimento no país e o aumento da concorrência doméstica.
Um número, em particular, mostra o tamanho do estrago gerado por esse pacote desafiador. Desde outubro de 2020, quando alcançou sua máxima histórica, o Alibaba perdeu mais de US$ 600 bilhões em valor de mercado. Atualmente, a empresa está avaliada em US$ 222,9 bilhões.