É tido que o mercado de startups e fundos de venture capital passam por um período delicado. Enquanto as empresas encontram dificuldades para captar novos aportes, novos fundos de investimento sofrem para convencer investidores a alocarem capital em seus veículos em um momento em que a renda fixa parece mais atraente.

Ainda assim, há quem esteja tentando remar contra essa maré. Nos últimos meses, a Pipeline Capital começou a diversificar sua operação para além de sua boutique de M&As. A companhia, que tem como sócios Alon Sochaczewski, Pyr Marcondes e André Zimmermann, colocou em prática um plano de expansão que engloba venture building, venture capital, equity crowdfunding e uma área de debt & credit.

“Ter um negócio mais completo faz mais sentido porque existem empreendedores que estão no começo da jornada e precisamos ter uma solução para apoiá-los”, afirma Sochaczewski, fundador e CEO da Pipeline Capital, ao NeoFeed.

Com operações em mais de 25 países e mais de US$ 1 bilhão em ativos sob gestão, a Pipeline já fez o meio de campo para alguns dos principais deals do mercado de comunicação digital e marketing nos últimos anos.

Entre os principais clientes do buy side estão Cadastra, B&Partners, WPP, QuintoAndar, FSB Comunicação, entre outras. Agora, a ideia é ir além de apenas encontrar um match para essas empresas.

Para isso, a expansão está sendo feita de forma escalonada. A frente de venture builder, por exemplo, já está em operação e conta com dois clientes, cujos nomes não são revelados.

Nesta área, a Pipeline ajuda a construir negócios que podem ser vendidos em um período de três a quatro anos por até US$ 30 milhões. No radar estão startups com receitas de pelo menos R$ 10 milhões. Em troca deste serviço, a Pipeline fica com 7,5% do equity.

A unidade de debt & credit, que será utilizada para fornecer capital em formato de dívida para startups, também já está em operação. Com o auxílio de bancos, a Pipeline quer fornecer linhas de crédito que podem variar entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão para empresas que precisam de recursos pontuais.

“Em um momento de downturn da economia, essa modalidade ganha mais importância no mercado”, diz Pyr Marcondes, senior partner da Pipeline Capital.

Dinheiro externo e dos sócios

Em relação à vertical de equity crowdfunding, a expectativa é iniciar os trabalhos no mês que vem. O investimento será restrito para um grupo de investidores selecionados. Marcondes afirma que a captação de investidores ainda está em andamento. O serviço vai operar sob a plataforma da Kria, empresa especializada em crowdfunding.

Por fim, o fundo de venture capital deve demorar um pouco mais para de fato sair do papel. A ideia é levantar R$ 100 milhões em um período de até dois anos começando a captação a partir do início do ano que vem.

“Vamos montar um fundo em tranches. Vamos pegar R$ 20 milhões e depois de seis meses faremos isso novamente”, diz Marcondes.

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Alon Sochaczewski, fundador e CEO da Pipeline Capital

O dinheiro, que será captado com investidores externos e também terá uma parte advinda dos próprios sócios da Pipeline, deve ser utilizado para investir em startups early stage dos setores nos quais a Pipeline já tem familiaridade. Os cheques vão variar entre R$ 5 milhões e R$ 15 milhões.

Questionado sobre se este é o momento certo para lançar um veículo de venture capital, Sochaczewski destacou a importância do negócio.  “Se eu fosse lançar somente o fundo venture capital, eu confesso que pensaria duas vezes antes de fazer isso. Mas não é o caso, temos um negócio que é conveniente e pode ser combinado”, disse.

Ao diversificar sua operação, a Pipeline Capital tenta fugir de uma competição que parece cada vez mais acirrada entre as boutiques de M&As. Somente neste ano, duas novas operações foram montadas com este foco.

Em maio, Wagner Andrade, veterano do mercado de investimentos e com passagens por Itaú Unibanco, BNP Paribas e Santander, além da BR Partners, anunciou a criação da Norteus, sua própria boutique de M&A. O negócio está sendo tocado ao lado dos sócios Juliana Chan e Daniel Penteado e foca em transações acima de R$ 50 milhões.

Meses antes, em fevereiro, a Ace também decidiu entrar neste mercado. A holding que concentra uma aceleradora, uma plataforma de educação e uma consultoria corporativa criada em 2019 por Pedro Waengertner e Mike Ajnsztajn estruturou uma frente dedicada a fusões e aquisições dentro da operação. A ideia é fazer transações que ficam entre R$ 80 milhões e R$ 150 milhões.