Startups dos Estados Unidos e do Reino Unido estão investindo milhões de dólares para levar seus negócios para o espaço literalmente. Nos últimos anos, diferentes empresas têm trabalhado para conseguir fabricar produtos que vão desde chips semicondutores até farmacêuticos fora dos limites da Terra.
Uma projeção da McKinsey aponta que esse mercado deve movimentar mais de US$ 10 bilhões em 2030. O que atrai o investimento nesta direção é a possibilidade de estar em um ambiente com altos níveis de radiação, microgravidade e quase total ausência de vácuo.
Por ora, esse movimento ainda é tímido e nos últimos anos foi mais explorado por acadêmicos e agências governamentais. O presidente americano Joe Biden, por exemplo, comprometeu US$ 5 milhões do orçamento de 2024 para a realização de pesquisas relacionadas ao câncer na Estação Espacial Internacional (ISS).
Os pesquisadores que estarão na estação espacial precisarão dividir o espaço com um número cada vez maior de cientistas. A empresa americana Varda Space Industries, que trabalha com empresas farmacêuticas para levar seus produtos para o espaço, também está interessada em utilizar as instalações.
A Varda, que já levantou US$ 51 milhões junto a investidores como General Catalyst, Khosla Ventures e até a brasileira Bossanova Investimentos, segundo dados do Crunchbase, se apoia em um processo chamado de cristalização de proteínas para convencer as companhias de que a viagem espacial vale a pena. Esse processo, que consiste em evaporar as proteínas para tornar os medicamentos mais eficazes e duráveis, tem resultados melhores no espaço.
A ideia não é fabricar medicamentos em grande escala, principalmente de remédios que utilizam substâncias como penicilina ou ibuprofeno. “Mas há um amplo conjunto de medicamentos que geram bilhões de dólares por ano e que se encaixam no tamanho de fabricação que podemos fazer”, disse Delian Asparouhov, cofundador e presidente da Varda Space Industries para a CNBC.
Outra empresa interessada nessa prática é a Space Forge, do Reino Unido. Neste caso, a companhia está voltada para a fabricação de chips semicondutores. A ideia é levar a produção para o espaço para fabricar os componentes com outro material diferente do silício. A expectativa é de que isso poderia elevar o desempenho das peças em até 100 vezes.
Tal como farmacêuticos, a chave do sucesso para isso está no processo de criação de cristais perfeitos no espaço. “Depois de criarmos esses cristais no espaço, podemos trazê-los de volta ao solo e replicar efetivamente esse crescimento na Terra”, disse Josh Western, CEO e cofundador da Space Forge, que captou pouco mais de US$ 11 milhões com investidores como Spave.VC e Type One Ventures.
Por ora, as iniciativas ainda estão em fase de testes.