Andy Jassy, CEO da Amazon Web Services (AWS), estava sozinho no grande palco instalado na sede da companhia, em Seattle. Virtualmente, no entanto, mais de 400 mil pessoas ao redor do mundo tinham se inscrito para acompanhar atentamente suas palavras na abertura da edição de 2020 do re:Invent, um dos principais eventos de inovação e tecnologia do mundo, realizada ontem.

O executivo foi direto ao ponto e mostrou todo o poder de fogo que a empresa de computação em nuvem nascida nos corredores da Amazon construiu desde a sua fundação, em 2006. Naquele ano, a computação em nuvem era pouco mais que um conceito, e estava longe de ser uma prioridade nas estratégias e orçamentos de boa parte das empresas. Mas a companhia, com a experiência de muitos anos desenvolvendo a tecnologia que suportava a maior loja virtual da internet, a Amazon.com, apostou no conceito e no poder de transformação da nuvem.

“Demoramos pouco mais de dez anos para chegar a uma receita anual de US$ 10 bilhões. Mais 23 meses para ir até US$ 20 bilhões e outros 13 para alcançar US$ 30 bilhões”, afirmou Jassy. “E, em outros 12 meses, superamos a marca de US$ 40 bilhões.”

Atualmente, a receita anualizada de US$ 46 bilhões e o crescimento ano a ano de 29%, reportados no terceiro trimestre de 2020, não são os únicos indicadores que atestam a relevância da AWS. Segundo a consultoria americana Gartner, a empresa é a líder no setor, com uma participação global de 45%, quase o triplo da segunda colocada no ranking.

Ao lado do pioneirismo, há um outro componente por trás desses números: um ritmo de inovação que, com o passar do tempo, vem se mostrando cada vez mais eficiente. E que não para.

Essa faceta ficou explícita na apresentação de Jassy. Em exatas três horas, o executivo anunciou mais de três dezenas de novidades no portfólio já extenso da companhia, com mais de 175 serviços. Com melhorias de preço e performance e no caminho da transformação digital, o pacote favorece o acesso das empresas a tecnologias e conceitos como machine learning, IoT e gestão e análise de dados.

“Temos muito mais maturidade que qualquer outro fornecedor, um ecossistema amplo de parceiros e estamos pelo menos seis anos à frente dos demais players”, afirmou Jassy, que destacou ainda outro ponto nessa estratégia. Grande parte das inovações foi desenvolvida a partir de pedidos feitos pelos próprios clientes.

Segundo a consultoria americana Gartner, a empresa é a líder no setor, com uma participação global de 45%, quase o triplo da segunda colocada no ranking

O espectro de anúncios inclui, por exemplo, ferramentas como o DevOps Guru, solução de machine learning que permite aos desenvolvedores identificarem problemas operacionais em um aplicativo antes dessas falhas impactarem os usuários. Ao processar dados históricos da própria Amazon e logs do cliente, a solução gera automaticamente parâmetros de medição, que evoluem à medida que a aplicação é utilizada.

Há também plataformas que antecipam falhas em linhas de produção (Internet das coisas industrial) e ofertas que simplificam e agilizam a gestão, a movimentação e a análise de dados nas estruturas das empresas. Bem como recursos que aprimoram o relacionamento dessas companhias com seus consumidores.

O evento também marcou o lançamento da próxima versão do Amazon Aurora Serverless, que poderá ser escalado para centenas de milhares de transações em uma fração de segundo, proporcionando uma economia de custos de até 90% em comparação com o provisionamento para pico de capacidade.

Outra novidade anunciada foi um recurso que facilita a migração dos clientes do SQL Server para o Amazon Aurora PostreSQL, além de um projeto de código aberto para ajudar mais empresas a migrar dos bancos de dados legados para alternativas de código aberto.

Para Jassy, todo esse arsenal de novidades vai ao encontro de uma questão. “Das empresas da Fortune 500 nos anos 2000, apenas metade permanece na lista”, observou. “Os negócios precisam, com cada vez mais frequência, se reinventar.”

Na visão de Jassy, os pontos de partida dessa jornada devem ser o uso das tecnologias disponíveis e a construção de uma cultura de reinvenção. Nessa última frente, ele destacou pontos-chave, entre eles, o fato de que essa mudança deve ser patrocinada e incentivada pelas lideranças da companhia.

Esse percurso também passa, cada vez mais, pela computação em nuvem, dada a flexibilidade e a velocidade que o modelo fornece para que as companhias se adaptem a esse cenário. E esse contexto abre mais oportunidades para a AWS, o que vem se refletindo no crescimento acelerado da operação.

“Há dez anos, não figurávamos na lista das principais empresas de TI. Hoje, somos a quinta maior do mundo”, observou Jassy. Ele ressaltou que a empresa tem um mercado potencial muito mais amplo, com a tendência de as companhias decidirem migrar suas estruturas para a nuvem.

“Hoje, se olharmos os gastos totais de TI, a nuvem concentra apenas 4%”, disse ele, que projeta um mercado potencial muito mais amplo para a AWS. “Muitas empresas saíram da conversa para realmente ter um plano. E a pandemia acelerou a adoção desse modelo em muitos anos.”

A combinação da necessidade de reinvenção com o portfólio de inovações tem, de fato, atraído cada vez mais clientes interessados na adoção das soluções desenvolvidas pela AWS. E a América Latina, em particular, o Brasil, tem bons exemplos dessa movimentação.

O Itaú Unibanco acaba de firmar um contrato de dez anos para que a AWS seja o seu provedor estratégico de computação em nuvem e ajude a empresa a acelerar seu processo de transformação digital

Maior banco da região, o Itaú Unibanco acaba de firmar um contrato de dez anos para que a AWS seja o seu provedor estratégico de computação em nuvem e ajude a empresa a acelerar seu processo de transformação digital. Com o acordo, o banco vai migrar boa parte de sua infraestrutura de TI para a nuvem da AWS, o que inclui suas principais plataformas, soluções de call center e aplicativos. O escopo também envolve os negócios no entorno da instituição, como a Rede, de pagamentos eletrônicos, e o iti, plataforma de conta digital gratuita, lançada em 2019.

O Itaú Unibanco planeja dar mais velocidade e reduzir os custos nos lançamentos de serviços para os seus 56 milhões de clientes. Além de capturar informações e insights para o desenvolvimento de novos negócios.

Nessa frente, um dos destaques será o uso do portfólio de análise de dados e de machine learning da AWS, para conhecer mais a fundo as necessidades dos clientes e oferecer experiências mais personalizadas. Em um exemplo dessa abordagem, o Itaú Unibanco está usando o Amazon SageMaker para identificar padrões de comportamento em sua base. O banco vai usar as informações obtidas com essa aplicação para aprimorar o atendimento realizado por chatbots.

Extrair benefícios da avalanche de dados gerada pelo seu negócio é também um dos fatores por trás da escolha da AWS como principal fornecedor de computação em nuvem do Mercado Livre, companhia mais valiosa da América Latina e dona de uma base de 76 milhões de usuários ativos na região. Um dos projetos envolve o desenvolvimento de uma plataforma para obter insights de mais de 20 anos de dados coletados pelo grupo, que foi pioneiro no segmento de marketplace e hoje tem atuação também em áreas como pagamentos, logística e publicidade.

Nesse contexto, o Mercado Livre construiu um data lake, batizado de MeliLake, na AWS, que reúne as informações de vendas, pagamentos e transações em uma única plataforma, acessível a todas as equipes da empresa. Para se ter ideia do volume envolvido, o grupo processa mais de 25 terabytes de dados de transações todos os dias.

Ao mesmo tempo, o Mercado Livre está usando serviços de machine learning da AWS em aplicações para ampliar a segurança de suas operações e, dessa forma, aprimorar a experiência ofertada aos seus clientes. Entre os recursos aplicados está o Amazon Rekognition, serviço de análise de vídeo e imagem da AWS, pelo Mercado Pago, braço financeiro do grupo. A ferramenta é usada para detectar fraudes e como parte da verificação de identidade dos consumidores que fazem compras no marketplace.

Os exemplos de Itaú Unibanco e Mercado Livre, que se destacam em seus segmentos, mas que, ao mesmo tempo, estão se movimentando em busca de longevidade, devem servir de inspiração para outras companhias. “As empresas que ainda não estão se reinventando vão ficar para trás”, afirmou Jassy. “A boa notícia é que essa reinvenção é factível. E nós estaremos aqui para ajudar os clientes.”

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