Marcelo Lombardo traça um paralelo para ilustrar como sua percepção mudou entre a primeira companhia que fundou, a NewAge, de sistemas de gestão para clientes de grande porte, em 2000, e a Omie, criada por ele em 2013, para oferecer, via nuvem, ERPs a pequenas e médias empresas.
“Naquela época (da NewAge), se você tivesse menos que R$ 500 mil para gastar em um projeto de ERP, eu tinha preguiça até de atender o telefone”, diz Lombardo, ao Conexão CEO (vídeo completo acima). “Hoje, por R$ 500, eu atravesso São Paulo em uma quinta-feira, véspera de feriado e chovendo.”
Reforçada por um pacote de ofertas em torno do seu sistema, com destaque para produtos financeiros, a escolha se mostrou acertada. A Omie tem 90 mil clientes e já captou mais de R$ 690 milhões junto a investidores como Softbank e Tencent. Mas não é a única a apostar nesse modelo para fisgar as PMEs.
Essa lista inclui empresas tradicionais do setor, como Totvs e Linx – comprada pela Stone, em 2021, que estão engrossando a onda das chamada techfins. E nessa disputa, mesmo sem citar nomes, Lombardo não hesita em “disparar” contra as rivais.
“O que temos ali é o fake cloud. Você tira o sistema do servidor da empresa e hospeda em servidor na nuvem. Mas é o mesmo software de 30 anos atrás”, diz Lombardo. “Então, essa migração para a nuvem não está acontecendo de verdade nesses players.”
As críticas se estendem ao que ele classifica como um erro de abordagem na convergência entre os mundos das fintechs e do software de gestão.
“A provocação aqui é conseguir juntar a velocidade de crescimento de serviços financeiros com a qualidade de receita de software como serviço”, afirma. “E não oferecer serviços financeiros para monetizar o software.”
Na entrevista, Lombardo se aprofunda nessas questões e no modelo que a Omie está construindo. A conversa inclui ainda temas como a integração de aquisições recentes, novos M&As, o perfil de investidores que a startup trouxe para a operação e qual é o apetite para um IPO fora do País.