Toda fusão acaba gerando uma certa ansiedade nos funcionários das empresas envolvidas. Afinal, eles não sabem se vão seguir empregados depois da união, porque operações como essas invariavelmente resultam em demissões, para não ter redundância de funções. 

De olho nessa situação, e para evitar que os talentos deixem a companhia e prejudiquem as operações, a BRMalls reservou R$ 50 milhões para reter funcionários de alto e médio escalão. 

"Quando se está falando de uma combinação dessas, para seu sucesso é fundamental que a gente retenha, engaje, consiga fazer com que os talentos permaneçam na nova companhia resultante”, disse o CEO da BRMalls, Ruy Kameyama, em teleconferência com analistas e investidores para tratar dos resultados do primeiro trimestre de 2022, nesta sexta-feira, 13 de maio. 

Kameyama não detalhou como a verba será empregada, se via aumento de salários ou bônus, e afirmou que os recursos são destinados não apenas aos diretores estatutários, mas para toda a companhia. 

“A maior parte não é para os diretores estatutários, é exatamente para que a gente consiga fazer com que o time todo entenda os méritos, ao mesmo tempo que tenha a retenção adequada até que o acordo seja concluído”, afirmou Kameyama. 

A decisão da BRMalls acaba indo um pouco contra a um dos objetivos de transações de fusões e aquisições, que é a obtenção de sinergias. 

Quando divulgou os resultados do quarto trimestre, no final de março, a diretoria da Aliansce Sonae afirmou em teleconferência que a fusão com a BRMalls, que até então estava em fase de tratativas, poderia resultar em R$ 210 milhões em sinergias. A projeção não indicava a quantidade de funcionários que trabalharão na nova companhia. 

A fusão ainda precisa ser aprovada pelos acionistas das duas companhias, em reuniões gerais, cada uma delas marcada para 8 de junho, além do crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Resultados

Na teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre, a diretoria da BRMalls também trouxe boas notícias em relação aos próximos meses, com a companhia vendo uma retomada consistente de seus negócios. 

A operadora de shopping centers informou que as vendas totais cresceram 21,6% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2019, antes do início da pandemia. E, segundo Kameyama, os dados de maio devem vir ainda melhores. “A cada mês a gente tem visto bastante positivos”, disse.  

Ele destacou ainda que a inadimplência líquida foi de 6% no trimestre, com janeiro pior por conta da variante ômicron da Covid-19, mas que, em abril. ela ficou praticamente zerada.  “É mais um sinal de como as coisas estão evoluindo positivamente, o que nos dá confiança no crescimento orgânico”, afirmou Kameyama. 

No primeiro trimestre, a BRMalls registrou um lucro líquido ajustado de R$ 84,2 milhões, alta de 11% em relação ao mesmo período de 2011, com a receita subindo 41,7%, a R$ 341,8 milhões, e o Ebitda ajustado avançando 49%, para R$ 254,6 milhões. 

Por volta das 16h40, as ações da BRMalls subiam 1,02%, a R$ 8,93. Com isso, os papéis acumulam alta de 11,7% e a empresa registrava valor de mercado de R$ 7,4 bilhões.