Parte essencial de um dos segmentos mais afetados pela pandemia, as companhias aéreas enxergam agora um horizonte mais favorável com o reaquecimento do turismo, após atravessarem um período de menor atividade na esteira das restrições da Covid-19.

Indicadores mais recentes da Agência Nacional de Aviação (Anac), relativos a outubro de 2022, ilustram essa perspectiva. No mercado doméstico, a demanda já está em 91,8% dos índices pré-pandemia. E nos voos internacionais, essa fatia já chegou a 77,8%, contra 48,2% no início do ano passado.

Em meio a esse contexto de recuperação, a Gol, uma das principais empresas do setor no mercado brasileiro, divulgou na manhã desta quarta-feira, 4 de janeiro, suas projeções financeiras preliminares e não auditadas para 2023.

Em fato relevante, a companhia ressaltou que os dados refletem as estimativas para atender a demanda de viagens aéreas domésticas esperadas para o ano, de aproximadamente 100 bilhões de RPKs, sigla do setor que traduz o número de passageiros pagantes vezes a distância percorrida em cada voo.

Nesse cenário, a Gol projeta, a princípio, um crescimento de 32% em sua receita líquida em 2023, para o patamar de R$ 20 bilhões. Para efeito de comparação, em 2019, antes da pandemia, a companhia aérea reportou uma receita de R$ 13,9 bilhões.

A empresa estima que o resultado consolidado de 2023 incluirá uma economia de R$ 450 milhões, a partir da reincorporação da Smiles.

A companhia também prevê uma economia de R$ 400 milhões, com a adição de aeronaves MAX, da Boeing, à sua frota. A projeção é encerrar 2023 com 53 desses aviões. Segundo a Gol, o modelo, mais eficiente, trará maior produtividade, redução de custos unitários e menores emissões de carbono.

No ano, a expectativa da Gol é operar com uma média de 120 aeronaves em sua malha, com uma taxa de ocupação média de aproximadamente 80%, em linha com o índice projetado para o ano consolidado de 2022.

A empresa também estima uma margem Ebitda de cerca de 24% e fechar o período com uma dívida de aproximadamente US$ 2,4 bilhões, além de uma relação dívida líquida x Ebitda na faixa de seis vezes. Para 2022, o indicador aponta para um patamar de dez vezes.

Em outras linhas, a companhia espera gerar aproximadamente R$ 4,5 bilhões de fluxo de caixa operacional e registrar um capex líquido próximo de R$ 700 milhões. Para a despesa financeira líquida, a projeção aponta para um montante de cerca de R$ 2 bilhões no ano.

Esses indicadores foram precedidos pela divulgação das projeções para o resultado do quarto trimestre de 2022, divulgadas na noite da terça-feira, 3 de janeiro. Entre outros dados, a Gol prevê um prejuízo por ação de aproximadamente R$ 2,3 nesse intervalo, com uma margem Ebitda de cerca de 20%.

Ao mesmo tempo, a empresa projeta um crescimento em torno de 20% na receita unitária de passageiros entre outubro e dezembro de 2022, impulsionada pela recuperação contínua na demanda de viagens de lazer combinada com um aumento em viagens internacionais.

As ações da Gol estavam sendo negociadas com ligeira alta de 0,45% na B3, por volta das 10h20 dessa quarta-feira. Nos últimos doze meses, os papéis acumulam uma desvalorização de 59,2%. A companhia está avaliada em R$ 21,2 bilhões.