Entre julho e setembro do ano passado, a fabricante francesa de canetas, isqueiros e aparelhos para barbear Bic queria lançar uma campanha de redução de preços voltada para o canal distribuidor e atacadista com o foco em três famílias da categoria de barbeadores em algumas regiões do País. A empresa, porém, precisava saber rapidamente qual seria o impacto da estratégia para, se fosse o caso, ajustá-la a tempo de obter melhores resultados.

Para mensurar os impactos da iniciativa, a Bic contou com a providencial ajuda da Mtrix, empresa especializada no desenvolvimento de soluções de inteligência de dados para a gestão do canal distribuidor e atacadista.

“Impressionante como, através das soluções Mtrix, conseguimos imediatamente mensurar os resultados enxergando a diminuição dos preços médios das vendas dos distribuidores para os pontos de venda, as vendas crescendo e o consequente estoque nos clientes diminuindo, nos levando a uma previsão de vendas com assertividade muito maior”, afirma Sammy Moraes, gerente de administração e inteligência de vendas da Bic no Brasil.

Durante a pandemia, a francesa Lesaffre, referência global em fermentação, descobriu que um parceiro distribuidor enfrentava problemas na Bahia. Com as restrições sanitárias, as visitas aos pontos de venda estavam mais difíceis e as vendas caíam em ritmo acelerado.

A Mtrix teve um papel vital da identificação deste obstáculo possibilitando a tomada de decisão rápida para a recuperação das vendas. De posse das informações, a Lesaffre lançou uma campanha e em apenas uma semana reverteu o quadro. “Sem as ferramentas da Mtrix, não teríamos conseguido”, destaca Ronaldo Coelho, gerente comercial nacional de vendas e marketing da Lesaffre.

Os exemplos apresentados acima mostram por que a Mtrix se tornou referência em inteligência de dados no Brasil. Nos últimos anos, a empresa construiu uma espécie de big data da indústria, ajudando fabricantes de diversos segmentos a aumentar a eficiência de suas operações.

“Possuir dados é relativamente simples”, diz Maria Cabral Barbaro, CEO e fundadora da Mtrix. “Gerar conteúdo a partir deles é onde começa a brincadeira”, completa a executiva, que fundou a empresa em 2010 após atuar no mercado financeiro.

A Mtrix surgiu em um momento em que mal se falava sobre a importância dos dados para melhorar a performance das empresas. Agora que eles são considerados indispensáveis, a Mtrix está bem-posicionada em um mercado que se caracteriza pela forte expansão.

Atualmente, seu portfólio é formado por mais de 70 clientes dos mais importantes segmentos da indústria. Para citar apenas alguns, nomes como Bic, Diageo, Nivea, Lesaffre, Seara, Reckitt, Pepsico, Alpargatas, Nestlé e Unilever usam as diversas soluções da Mtrix para alavancar seus resultados.

O portfólio da Mtrix é formado por mais de 70 clientes dos mais importantes segmentos da indústria

A base de dados é colossal. São coletadas diariamente informações de 1,5 mil distribuidores que estão conectados à plataforma da empresa e que chegam a 1,1 milhão de pontos de venda em todo o território brasileiro. “Eu arrisco dizer que temos visibilidade de 100% dos pequenos e médios varejistas do canal alimentar no Brasil”, diz Maria Barbaro.

A executiva lembra que a empresa atua em três verticais diferentes de negócios. A primeira diz respeito à integração de dados. Em linhas gerais, a Mtrix coleta as informações de distribuidores e atacadistas para, a partir daí, qualificá-las.

O trabalho é feito por intermédio de uma plataforma de data quality chamada “Mind”. É ela que monitora e analisa diariamente o conteúdo das informações relativas às compras realizadas pelos PDVs – são aspectos como quem vendeu, onde vendeu, por qual preço. “Com o Mind, nossos clientes têm certeza de que aquela informação para a qual ele está olhando é correta”, reforça a CEO.

A partir daí, a indústria pode tomar determinadas decisões de acordo com o que foi apurado pelos dados, como acelerar a fabricação de um item com tendência a vender mais, enviar mercadorias adicionais para uma determinada região ou ajustar seus estoques.

A segunda vertical entra num nível mais sofisticado. Nesse caso, a Mtrix cria soluções customizadas e que atendem a estratégias específicas do cliente. São ações como campanhas de incentivo para o distribuidor, desenvolvimento de modelos de fidelização e direcionamento da equipe de vendas, entre outras iniciativas.

O crescimento da Mtrix nos últimos anos e a conquista de uma base relevante de clientes permitiu que a empresa investisse em um terceiro braço de negócios. Trata-se da vertical de informações de mercado.

“Passamos a construir estudos relacionados ao comportamento do mercado e a cruzar isso com informações do meu cliente”, diz Maria Barbaro. “Eu consigo, por exemplo, falar para a indústria que sua política de preços caminha de um jeito e o mercado, de outro. Posso dizer que ele está dando desconto enquanto o mercado reajusta os produtos, ou vice-versa. É algo muito valioso.”

Um dos insights trazidos pela análise inteligente de dados da Mtrix diz respeito a mudanças de hábitos de consumo. Na pandemia, os brasileiros passaram a fazer compras em estabelecimentos mais próximos de suas casas, o que explica o movimento atual de grandes varejistas que passaram a abrir unidades menores nos bairros.

A indústria reconhece a importância das soluções criadas pela Mtrix. Tanto é assim que a empresa fechou 2021 com crescimento de 41% do faturamento. Em 2022, o ritmo se manterá forte, com a expectativa de aumento de 53% das receitas.

Como empresa inquieta, a Mtrix investe agora em duas novidades. A primeira delas é a criação de uma plataforma de serviços para o distribuidor nos mesmos moldes do modelo que já existe para a indústria.

A segunda é o projeto de expansão internacional. “Tem empresa que me procurou para perguntar se eu poderia atender as suas operações em outros países”, diz a fundadora. A sugestão foi aceita e a Mtrix parte agora para desbravar a América Latina, em países como México, Peru, República Dominicana, Chile e Equador. Não há dúvida: dados valem ouro.