Poucos dias após ser submetido a uma cirurgia cardíaca emergencial, o CEO do banco J.P. Morgan, Jamie Dimon, parece já estar pronto para grandes emoções.
Na reunião anual com os investidores, nesta terça-feira 24 de março, o executivo deixou claro que a empresa está buscando ativamente novas oportunidades "para aquisições agressivas".
Segundo informações reveladas pelo portal americano da CNBC, Dimon e sua equipe analisam possibilidade de compras no setor financeiro e tecnológico. A intenção é ganhar poder de fogo para brigar com concorrentes inesperados que passaram a entrar no mercado financeiro, como big techs do calibre de Google e Amazon.
Ainda no encontro, o executivo também deixou aberta a porta para que o J.P. Morgan assuma o controle de novos negócios, seguindo a lógica dos dois últimos grandes acordos feitos pela companhia.
Em março de 2017, o banco assumiu a fintech WePay por um valor não revelado e, em maio de 2019, desembolsou US$ 500 milhões para controlar a plataforma de pagamento de serviços médicos InstaMed.
Embora se mostre inclinado a essa possibilidade, Dimon disse que a preferência do J.P. Morgan é crescer novos negócios organicamente, e não pagar para assumir o controle. Avaliado em US$ 272 bilhões, o J.P. Morgan teve lucro de US$ 36,4 bilhões em 2019.
Com as oscilações do mercado diante das complicações econômicas trazidas pela pandemia do coronavírus, os papéis do J.P. Morgan se desvalorizam 33% na bolsa de valores no último mês. As ações, que eram negociadas a US$ 132,7 em 24 de fevereiro, são agora vendidos por US$ 88,3.
Esse "encolhimento" da empresa deve ser refletido em escala global. Analistas do próprio J.P. Morgan apostam que a economia dos Estados Unidos retraia 1,5% em 2020, ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego no país salte dos atuais 3,5% para 6,25% até o meio deste ano. O saldo deste indicador ao final de 2020 seria de 5,25%.
Ainda na previsão do banco, o Brasil deve ser um dos países mais castigados pela crise do coronavírus. O J.P. Morgan prevê uma queda de 1% no PIB da maior economia da América Latina, afirmando em comunicado que "uma recessão parece inevitável".
Diante das profecias "apocalípticas", o professor de economia Gustavo Cortes, que leciona na Universidade da Flórida, relembra que é "arriscado fazer aquisições em momentos de incerteza".
Mas, ao NeoFeed, o docente afirma também que "adquirir competidores em períodos de recessão pode ser vantajoso para os líderes de um segmento, pois os preços dos ativos estão relativamente desvalorizados".
No caso de bancos, diz Cortes, isso faz ainda mais sentido, pois ele vêm sofrendo maior competição nos últimos anos com a expansão das fintechs. Diante desse cenário, o especialista avalia a decisão de Dimon e do J.P. Morgan como "bem racional" – resta agora saber qual será a próxima grande aposta do banco.
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