Durante muito tempo a rede de clínicas populares dr.consulta foi celebrada como uma das mais promissoras startups do setor de medicina do Brasil.
Fundada em 2011 por Thomaz Srougi e Guilherme Azevedo como um projeto na favela de Heliópolis, em São Paulo, ela rapidamente se tornou queridinha dos investidores por oferecer consultas médicas a preços acessíveis.
Nomes como Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira, José Galló, Nizan Guanaes e fundos como Madrone Capital e Kaszek Ventures investiram na empresa com 56 unidades espalhadas por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Levantou mais de US$ 100 milhões em aportes.
Mas, segundo fontes, o brilho da empresa tem sido ofuscado por uma dificuldade de fazer o faturamento, que foi de R$ 220 milhões em 2018, crescer e reverter o Ebitda negativo.
O resultado é que o fundador da empresa, Thomaz Srougi, acaba de ser substituído por Renato Velloso, até então vice-presidente de negócios da rede, no comando da companhia. Srougi vai presidir o conselho.
Duas fontes conversaram com o NeoFeed e afirmaram que a mudança foi uma imposição dos investidores. Procurado, Velloso, que é fundador da Odontoprev e investidor do dr.consulta, diz o contrário. “Foi um pedido do Thomaz, ele queria ir para a presidência do conselho e sair do dia a dia.”
O representante de um fundo com participação relevante na operação também foi procurado pelo NeoFeed e disse que não comentaria a notícia.
Velloso afirma que a companhia tem um “road map” muito bem definido para os próximos cinco anos. E que, ao longo dos últimos anos, o perfil dos pacientes mudou. Deixou de atender apenas pessoas da classe C para também atender as classes A e B. Em relação aos números, afirma que a companhia atingiu o equilíbrio em agosto.
Fontes que conhecem os dois dizem que eles têm visões opostas do negócio. “Enquanto o Thomaz queria transformar a dr.consulta em uma healthtech baseada em dados, o Renato quer fortalecer o negócio de clínicas”, diz uma fonte.
Srougi, segundo outra fonte do setor, também teve dificuldade para captar mais investimentos, no ano passado, quando esteve nos Estados Unidos conversando com alguns dos principais fundos de venture capital.
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