O colapso financeiro da FTX segue ganhando novos contornos. Nos últimos dias, duas importantes figuras do mercado de criptoativos vieram a público para criticar as declarações de que a implosão dos negócios da exchange de Sam Bankman-Fried foi causada por erros contábeis.
Para entender melhor a história, Bankman-Fried participou de um evento realizado pelo The New York Times, na semana passada, e negou que a exchange tivesse cometido qualquer fraude, afirmando que os problemas decorreram de "um erro contábil".
"Nunca tentei cometer fraude com ninguém. Fiquei chocado com o que aconteceu", afirmou o ex-CEO. O erro em questão diz respeito a US$ 8 bilhões que estavam sendo calculados de forma incorreta pelo empresário, conforme uma planilha exibida pelo próprio durante o evento em que participou remotamente.
A explicação, no entanto, não caiu bem no mercado. Em postagem no Twitter, Brian Armstrong, CEO da Coinbase, uma das rivais da FTX no mercado de criptoativos, afirmou que a FTX roubou dinheiro de seus clientes. “É dinheiro roubado do cliente, usado em seu fundo de hedge, puro e simples”, disse Armstrong.
E prosseguiu: "Não me importa quão bagunçada seja sua contabilidade, você definitivamente notará se encontrar US$ 8 bilhões extras para gastar”, escreveu o CEO da Coinbase. “Mesmo a pessoa mais crédula não deve acreditar na afirmação de Sam de que este foi um erro de contabilidade.”
O empreendedor se refere ao fato de que Bankman-Fried teria utilizado conscientemente dinheiro da exchange FTX na Alameda Research, outra empresa de Bankman-Fried. A prática consistiria em fraude. Em reportagem publicada pela Reuters em novembro, a FTX foi acusada de transferir cerca de US$ 10 bilhões em depósitos de clientes para a Alameda Research.
Quem também criticou as justificativas mais recentes de Bankman-Fried foi Mike Novogratz executivo-chefe da empresa de investimentos em criptoativos Galaxy Digital.
Em entrevista à CNBC, o executivo afirmou que “Sam estava delirando sobre o que aconteceu e sua culpa nisso” e que ele provavelmente enfrentará pena de prisão pelo caso. “Eles perpetuaram uma grande fraude.”
A Galaxy tem especial interesse no caso porque é das empresas afetadas pela derrocada da FTX. Em novembro, ainda antes do colapso do negócio vir a público, Novogratz informou que a Galaxy tinha US$ 76,8 milhões dentro da FTX e que iria resgatar US$ 47,5 milhões.