As declarações antissemitas feitas por Ye, rapper outrora conhecido como Kanye West, em outubro do ano passado, seguem dando dor de cabeça e problemas financeiros para a Adidas.

As ações da companhia alemã fecharam o pregão desta sexta-feira, dia 10 de fevereiro, com queda de 10,9% na Bolsa de Valores de Frankfurt, a € 139,26, depois de a empresa emitir um alerta duro sobre as consequências do caso.

Segundo a Adidas, caso não consiga vender o estoque de Yeezy, linha de tênis criada em parceria com o rapper, a empresa sofrerá um impacto negativo de € 1,2 bilhão de (US$ 1,3 bilhão) na receita de 2023.

E, para piorar, o lucro operacional sofrerá com um efeito negativo de € 500 milhões (US$ 534 milhões) se a situação não for resolvida.

Os problemas com os produtos Yeezy são apenas uma parte das agruras previstas pela Adidas para 2023. A companhia estima uma queda das vendas de “um dígito alto”, o que pode ser entendido como uma contração na faixa de 6% a 9%.

Além disso, a companhia prevê registrar € 200 milhões (US$ 213,5 milhões) em custos não recorrentes relativos à revisão estratégica que está conduzindo em suas atividades.

Por isso, caso não consiga resolver o estoque com produtos Yeezy, a Adidas pode registrar um impacto de € 700 milhões (US$ 747,3 milhões) no lucro operacional de 2023.

“Os números falam por si mesmos, não estamos desempenhando do jeito que deveríamos”, disse o CEO da Adidas, Bjørn Gulden, em nota.

Não são apenas os números projetados que mostram uma empresa com uma performance aquém. Dados preliminares divulgados pela Adidas apontam que a receita cresceu apenas 1%, desconsiderando os efeitos cambiais.

E o lucro operacional recuou 66,3% em relação a 2021, para € 669 milhões (US$ 714,2 milhões). O balanço com os dados finais de 2022 está previsto para ser divulgado em 8 de março.

A Adidas não foi a única a romper com Ye. A Balenciaga e a Gap também decidiram romper os acordos que tinham com o músico. Sua gravadora, a Universal Music, já se mostrou nada satisfeita com as polêmicas em que ele vem se metendo.

Nem Elon Musk, que não teme em se envolver em questões controversas, ficou ao lado de Ye. Em dezembro de 2022, o bilionário baniu o músico do Twitter. A decisão foi tomada depois de Ye compartilhar uma imagem de uma suástica sobreposta à estrela de Davi.