Pouco mais de uma década atrás, Marc Andreessen escreveu um artigo para o The Wall Street Journal. O texto do cofundador da Andreessen Horowitz, uma das principais gestoras de venture capital dos Estados Unidos, trazia um alerta para como as empresas de software estavam dominando o mundo.
Agora, Andreessen está fazendo um novo alerta em um artigo no qual aborda os caminhos que a tecnologia está tomando para moldar o futuro. Dessa vez, porém, em vez de falar sobre softwares ou redes sociais, um dos principais investidores do Vale do Silício elaborou um ensaio sobre os avanços que podem ser obtidos com o uso de inteligência artificial.
“Estou aqui para trazer as boas notícias: a inteligência artificial não vai destruir o mundo. Na verdade, vai salvá-lo”, escreveu Andreessen no artigo que está disponível na íntegra e em inglês no site de sua gestora. “IA não se trata de softwares e robôs assassinos que vão ganhar vida e decidir matar a raça humana e arruinar tudo.”
O texto diz que a inteligência artificial permite aumentar profundamente a inteligência humana e que isso já começou a ser feito a partir de programas como ChatGPT e que criam tutores, assistentes, mentores, treinadores e até terapeutas munidos de inteligência artificial para tentar maximizar os resultados de cada tarefa.
“O crescimento da produtividade em toda a economia acelerará drasticamente, impulsionando o crescimento econômico, a criação de novas indústrias, novos empregos e o aumento dos salários, resultando em uma nova era de maior prosperidade material em todo o planeta”, escreveu Andreessen.
Além de avanços científicos e no campo artístico, a inteligência artificial também poderia contribuir em um cenário de guerra. Isso porque a tecnologia poderia ajudar a reduzir as taxas de mortalidade em conflitos. “Toda guerra é caracterizada por decisões terríveis tomadas sob intensa pressão e com informações extremamente limitadas por líderes humanos muito limitados”, cita o artigo.
Em relação aos perigos desta nova tecnologia, Andreessen afirma que a qualidade mais subestimada da IA é o fato de que ela realmente pode ser humanizadora. “Em vez de tornar o mundo mais cruel e mecanicista, a IA infinitamente paciente e solidária tornará o mundo mais quente e agradável”, escreveu.
Segundo o texto, que traz motivos para não temer os avanços da IA, as discussões que permeiam sobre esta nova tecnologia são combinadas com um misto de medo histérico e paranoia de que máquinas “ganharão vida” e poderão extinguir a sociedade como conhecemos hoje, causando desemprego e opressão.
Para Andreessen, esse preconceito é normal porque, historicamente, “toda nova tecnologia que importa, da iluminação elétrica aos automóveis, aos rádios e à internet, provocou um pânico moral – um contágio social que convence as pessoas de que a nova tecnologia vai destruir o mundo, ou a sociedade, ou ambos”.
O investidor afirma que esse pânico moral e irracional está sendo utilizado como uma força motivadora para criar restrições e regulamentos em relação ao uso da inteligência artificial. Com isso, pessoas envolvidas nessas discussões sobre o controle da internet como um todo “alimentam e inflamam ainda mais o pânico”, diz o texto.
“A ideia de que a IA decidirá literalmente matar a humanidade é um profundo erro”, escreve Andreessen. “A IA não quer e não tem objetivos. Ela não quer te matar porque não está viva. É uma máquina – e não vai ganhar mais vida do que uma torradeira.”