Afinado com discursos recentes de seus dirigentes, o Banco Central Europeu (BCE) acelerou o aumento da taxa de juro de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto nesta quinta-feira, 8 de setembro, enquanto governos das maiores economias europeias definem medidas para compensar o salto dos preços da energia.
A taxa de depósito ou de referência do BCE, que saiu do campo negativo para 0% em julho, avançou a 0,75%. A taxa de refinanciamento subiu a 1,25%. Em comunicado, a instituição acena com mais aumentos nas próximas reuniões
Com mais esse ajuste de juro, o segundo consecutivo desde 2011, o BCE revalidou seu compromisso de combater a inflação – anualizada em 9,1% até agosto.
Um dia antes, a Eurostat divulgou um aumento de 0,8% no PIB da Zona do Euro no segundo trimestre ante o primeiro ou 4,1% em base anualizada. O resultado veio acima do esperado e superou a estimativa anterior de 3,9%.
Apesar disso, há expectativa de recessão nos próximos trimestres, sobretudo por pressão nos custos de energia. Por conta disso, a União Europeia chamou uma reunião de emergência para a sexta-feira, 9 de setembro, para discutir a crise energética.
Na semana passada, o G7, grupo que reúne as maiores economias do mundo, disse que pretende implementar um teto de preços ao petróleo produzido na Rússia, em uma tentativa de reduzir a receita do país por fontes energéticas e limitar sua capacidade de financiar a guerra na Ucrânia. O comunicado do G7 não detalhou, porém, como será o teto. O preço inicial e data de implementação da medida serão decididos futuramente.
A medida desagradou o presidente Vladimir Putin, que ameaça interromper todos os fornecimentos caso esse teto proposto pela União Europeia venha a ser adotado. Putin afirmou que os contratos de fornecimento podem ser rompidos. “Não forneceremos gás, petróleo, carvão, óleo para aquecimento. Não forneceremos nada”, disse o presidente russo, segundo agências internacionais.
A Alemanha, onde a inflação anualizada até agosto é de 7,9%, detalhou um pacote de até 13 bilhões de euros este ano para socorrer cidadãos e empresas atingidos pelo aumento nos preços da energia.
Neste ano, os aposentados alemães receberão um pagamento único de 300 euros e as empresas com uso intensivo de energia devem receber um total de 3 bilhões de euros neste ano e no próximo, quando o total de auxílios deve alcançar 42,5 bilhões de euros.
Na Inglaterra, a nova premiê, Liz Truss, anunciou nesta quinta-feira, 8 de setembro, um plano para também enfrentar o aumento nas contas de energia.
As famílias britânicas não pagarão mais de 2.500 libras por ano (US$ 2.880) para cada um dos próximos dois anos, indicando que a economia média será de 1.000 libras por ano.
E as empresas terão garantia equivalente pelos próximos seis meses. A premiê britânica declarou que haverá mais apoio aos setores mais vulneráveis ao custo de energia. Segundo a Dow Jones, Truss considera um pacote de medidas estimado em 180 bilhões de libras. Não está claro como as despesas serão financiadas.
Em meio à crise energética, o regulador de energia do Reino Unido informou que as contas do setor saltarão 80% por ano a partir de outubro.