Em um momento de taxas de juros e inflação altas, o Magazine Luiza quer convencer o mercado de que não basta olhar a fotografia do segundo trimestre de 2022, mas observar o filme completo dos últimos três anos.
Como esperado por diversas casas de análise, a varejista divulgou um desempenho com queda ou estabilidade em diversas linhas de seu balanço: a receita líquida caiu e o Ebitda e a margem Ebitda ficaram estáveis. Mas geração de caixa e a margem bruta foram positivas.
Na última linha do balanço, no entanto, o prejuízo ajustado foi de R$ 112,1 milhões, revertendo um lucro líquido ajustado de R$ 89,1 milhões no mesmo período do ano passado.
“Conseguimos atingir o principal objetivo da primeira metade do ano, que era aumentar margens, sem perder participação de mercado, nem baixar o nível de serviço ao cliente”, afirmou Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, em comunicado divulgado ao mercado.
Nos números divulgados nesta quinta-feira, 11 de agosto, o Magazine Luiza tentou sempre mostrar a fotografia e o filme de seu balanço. Um exemplo: a receita total atingiu R$ 14 bilhões (a fotografia) no segundo trimestre de 2022, alta de 1%. O crescimento médio anual nos últimos (o filme) três anos foi de 34%.
As vendas do e-commerce, que somam as realizadas em seu próprio site (1P) e no marketplace (3P) chegou a R$ 10 bilhões, alta de 2%. Na média dos últimos três anos, foi de 61%.
Só o marketplace, que atingiu 200 mil sellers, destoou de um crescimento tímido, atingindo R$ 3,6 bilhões em vendas, 22% se comparado com o segundo trimestre de 2021. Nos últimos três anos, as vendas avançaram, em média, 84%.
O resultado do segundo trimestre de 2022 reflete as condições macroeconômicas, que têm afetado, principalmente, as empresas de varejo. “Houve uma mudança macroeconômica relevante no ano passado. A inflação subiu muito rápido e houve um aumento alto na taxa de juros. São mudanças que necessitam de ajustes”, diz Vanessa Papini, gerente de relações com investidores do Magazine Luiza.
Estes ajustes, por exemplo, refletiram no aumento no custo dos produtos e no prazo médio de venda. “Era mais comum oferecer vendas em 18 ou 24 vezes sem juros um ano atrás. A gente não consegue mais praticar este tipo de campanha”, diz Papini.
Por outro lado, a companhia avançou em outros índices. A geração de caixa operacional ficou em R$ 1,3 bilhão. Dessa forma, o caixa líquido ajustado aumentou em R$ 554,2 milhões para R$ 2,1 bilhões. A justificativa da companhia para o resultado foi a variação de capital de giro, a redução de níveis de estoque e o aumento do saldo de fornecedores.
O Ebitda ficou em R$ 457,4 milhões contra R$ 339,5 milhões do primeiro trimestre. O montante fica ainda abaixo dos R$ 465,1 milhões registrados na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
No comunicado divulgado ao mercado, o Magazine Luiza ressaltou que a margem Ebitda ajustada ficou em 5,7%, um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre e de 3,2 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2021. Segundo a empresa, é a maior margem Ebitda trimestral desde 2020.
A expectativa do Magalu é de que os próximos trimestres possam apresentar melhores resultados, principalmente por conta da sazonalidade e pela Copa do Mundo, que deve impulsionar as vendas. Segundo a Associação Brasileira de Varejo, as vendas para o setor devem ser 12% maiores no segundo semestre ante os primeiros seis meses do ano.
No mercado as perspectivas não são tão otimistas. Goldman Sachs e Morgan Stanley reduziram as estimativas para o Magazine Luiza, assim como para seus concorrentes, Via e Americanas. A justificativa é uma possível queda de 4% no GMV da indústria ante o crescimento de 13% registrado no primeiro trimestre. O consumo mais fraco e a mudança de gastos com mais foco em serviços também determinaram a decisão.
As ações do Magazine Luiza terminaram esta quinta-feira, 11 de agosto, negociadas com queda de 7,6%. Avaliada em R$ 20,2 bilhões, a varejista já perdeu mais da metade de seu valor de mercado desde o começo do ano. Na comparação com o pico do valor das ações, registrado em novembro de 2020, a desvalorização dos papéis já é de quase 90%.