Em menos de um ano, a gestora de venture capital (VC) Andreessen Horowitz lançou seu terceiro e quarto fundos em criptoativos. O primeiro, no valor de US$ 2,2 bilhões. E o segundo, anunciado em maio de 2022, de US$ 4,5 bilhões.
Nos últimos meses, porém, a investidora de Menlo Park vem sinalizando que os negócios não seguirão o ritmo acelerado do passado. A puxada de freio da Andreessen Horowitz ilustra à perfeição a nova realidade dos fundos de VC.
Frente às incertezas da economia, no quarto trimestre de 2022, a captação global de recursos pelas companhias de venture capital atingiu sua pior marca em nove anos. Naquele período, os investidores levantaram US$ 20,6 bilhões – uma queda de 65% em relação a 2021, informa pesquisa da Preqin, empresa de dados, sediada em Londres.
O valor representa menos da metade de tudo o que foi arrecadado nos três meses anteriores. Foi a primeira vez também, desde 2009, que os investimentos diminuíram entre o terceiro e quarto trimestres. Os financiadores apoiaram 226 fundos. A título de comparação, no quarto trimestre de 2021, quando ações de tecnologia atingiram o pico, eles apoiaram 620 empresas.
A desaceleração que atingiu as startups no ano passado, agora, pauta os negócios dos capitalistas de risco. Ao longo da última década, os investidores se deixaram levar pelo otimismo de que o setor de VC poderia superar os retornos de outras classes de ativos. Eles, então, se lançaram na captação. E eles captaram muito. Alguns fundos multibilionários passaram então a rivalizar em tamanho com algumas empresas de investimento de Wall Street.
Mas, em meio à escassez de saídas de capital, queda nas ações e nos valuations das startups em razão da elevação das taxas de juros, muitas empresas de VC começaram a enfrentar dificuldades para levantar capital com investidores.
Até mesmo casas tradicionais do mercado. Um exemplo é a Tiger Global Management, um dos investidores mais ativos de 2021, por exemplo, qie baixou a meta de seu fundo mais recente de US$ 6 bilhões para US$ 5 bilhões – o que representa menos da metade dos US$ 12,7 bilhões levantados anteriormente, na virada de 2021 para 2022.
Os LPs (limited partners) estão também mais cautelosos. Em 2022, eles apoiaram 141 fundos administrados por gestores iniciantes, uma queda de quase 60% em relação ao ano anterior e o número mais baixo desde 2013.