O Itaú Unibanco iniciou há alguns dias um projeto inédito no mercado brasileiro. Na segunda semana de agosto, 400 criadores de conteúdo digital deram a largada para a primeira edição da “Academia Itaú de Criadores.”

Desenvolvida em parceria com a consultoria Youpix, a Academia é, em termos gerais, um programa de aceleração que tem por objetivo capacitar pessoas que atuam na área e contribuir para a profissionalização da indústria de criadores de conteúdo no Brasil.

Nas aulas, os participantes aprendem como produzir conteúdo de acordo com o perfil de cada plataforma digital e recebem lições sobre planejamento de posts, orçamento e empreendedorismo.

Dicas práticas – de ângulos de filmagem a estilos de linguagem – também são fornecidas pelos mentores. Aspectos mais técnicos, como o funcionamento dos algoritmos das plataformas, são igualmente abordados.

Em formato online, o curso está dividido em várias etapas. Na primeira fase, os 400 alunos têm acesso a mentorias com profissionais que são referência no mercado. Na segunda, entre 30 e 50 participantes serão selecionados para um trabalho mais avançado de capacitação.

O final do programa reserva uma grande oportunidade: entre 5 e 10 “creators” serão escolhidos para efetivamente integrar o “Squad Itaú Criadores”, um time que se dedicará a criar conteúdos para as redes sociais do banco.

Afinal, por que o Itaú decidiu investir em programas desse tipo? Uma das premissas do projeto é fomentar a indústria ligada à “Creator Economy”.

Ao formar novos “creators”, o banco não apenas gera conexão e dialoga com mais públicos, mas também contribui para o desenvolvimento do mercado de influência.

A “Creator Economy” tem papel cada vez mais relevante na economia. Segundo estimativas da empresa americana NeoReach, o mercado global está avaliado em US$ 104 bilhões. Portanto, ao incentivar o ecossistema ligado a essa indústria, o Itaú impulsiona um segmento com forte vocação para gerar novos – e promissores – negócios.

Ao formar novos “creators”, o banco não apenas gera conexão e dialoga com mais públicos, mas também contribui para o desenvolvimento do mercado de influência

Para a marca Itaú, a iniciativa é eficaz na medida que permite a imersão em diferentes universos a partir do conteúdo que cada “creator” produz em parceria com o banco.

“Alguns caminhos nos trouxeram até aqui”, diz Thaiza Akemi, superintendente de Marketing do Itaú. “Em primeiro lugar, decidimos ouvir as pessoas e entender o comportamento de consumo de conteúdo em 2022”

Thaiza avança na explicação. “Hoje em dia, as pessoas não querem mais ser interrompidas quando estão consumindo algum conteúdo, é a última coisa que admitem na experiência delas”, afirma. “Percebemos que não estávamos necessariamente respeitando este comportamento. Nosso posicionamento de marca, ‘feito com você’, ainda não se refletia na tática e na construção de conteúdo nas redes sociais.”

Para resolver o dilema, o Itaú contratou criadores de conteúdo que assumiram integralmente as suas publicações nas redes sociais. Tudo isso começou em abril do ano passado e desde então uma verdadeira revolução foi desencadeada.

Agora, nenhum post nas três redes sociais mais exploradas pelo banco – Instagram, TikTok e Twitter – é feito pelo Itaú. Ao contrário, o conteúdo é 100% realizado pela comunidade de “creators” da instituição.

Trata-se, de fato, de uma nova era. “Depois que descobrimos um ‘creator’, obviamente existe um processo de briefing, de exposição do que desejamos”, aponta Thaiza. “Mas garantimos a total autonomia para o criador de conteúdo. Não vou impor uma linguagem, não vou determinar um estilo.”

A intenção é tornar o trabalho mais autêntico e, assim, se aproximar das comunidades com as quais o “creator” se relaciona. “Tenho total liberdade de criação nos posts que faço para o Itaú”, diz a influencer Dandara Pagu. “Posso assegurar que sou eu mesma que está ali representada.”

É aqui que entra outro aspecto importante destacado por Thaiza Akemi para justificar o mergulho do Itaú na chamada “Creator Economy”. O mote histórico do Itaú sempre foi “feito para você.” No ano passado, o conceito passou a ser “feito com você.” Embora sutil, trata-se de uma mudança importante de significado.

“Hoje em dia, as pessoas não querem mais ser interrompidas quando estão consumindo algum conteúdo, é a última coisa que admitem na experiência delas”, afirma Thaiza Akemi, superintendente de Marketing do Itaú

“O banco só é feito com você se trouxermos as pessoas para perto, para o centro da nossa comunicação, da nossa instituição. É uma forma muito poderosa de abordarmos a centralidade no cliente”, diz Thaiza. “Isso certamente é o que nos guiará daqui para frente.”

A influencer Dandara foi descoberta pelo Itaú em julho do ano passado. Atualmente, é seguida por 179 mil pessoas que acompanham seus vídeos sobre beleza, cultura, política e sexualidade publicados no Instagram.

Seu trabalho certamente ajudou o banco a alçar novos voos. “Se você quer, de fato, um banco que seja para todo mundo, precisa colocar pessoas que falem com os diferentes públicos”, afirma Dandara. “Acho que essa é a contribuição que posso dar.”

Ela tem razão. A maior parte dos seguidores de Dandara é formada pelo público jovem, e eis aqui outro salto que o Itaú pretende dar. Ao investir na “Creator Economy” – um mercado pulsante, criativo e inovador –, o banco inevitavelmente rejuvenesce a própria marca e se conecta de forma mais efetiva com a nova era digital.

O trabalho começou com maior intensidade em abril do ano passado, quando Thaiza, egressa do Twitter, foi incorporada ao time do Itaú. Os números mostram a velocidade da mudança. Em 2021, o banco contratou mais de 200 “creators”. Em 2022, já foram 120.

A estratégia do Itaú para treinar seus influenciadores tem contado com a colaboração ativa da Youpix. Um dos projetos resultantes da parceria é o “creators boost”, metodologia desenvolvida pela consultoria para a capacitação de criadores de conteúdo. “Nós patrocinamos e, com isso, democratizamos ainda mais o programa, que já era consagrado”

O segundo projeto é a “Academia Itaú de Criadores”, que também usará os métodos da Youpix. “Nós desenvolvemos uma metodologia de aceleração com resultados comprovados”, diz Bia Granja, fundadora da consultoria. “Desde 2017, aceleramos 2.007 criadores de conteúdo em programas proprietários ou customizados para empresas, e 75% dessa turma registrou crescimento no negócio.”

O Itaú também olha para o seu público interno, um universo formado por cerca de 100 mil colaboradores. Diante de um contingente tão grande, é natural que entre eles existam pessoas que produzam algum tipo de conteúdo digital.

Recentemente, o banco contratou a agência Brunch para ajudá-lo a identificar possíveis criadores de conteúdo para a marca ou mesmo para o mercado em geral. “Avaliamos as características e o perfil desses possíveis influenciadores e, a partir daí, preparamos um treinamento customizado”, diz Ana Paula Passarelli, fundadora da Brunch.

É um trabalho imersivo: o treinamento dura duas semanas, com aulas todos os dias com influenciadores consolidadas no mercado. A primeira turma com 25 alunos – todos funcionários do Itaú, ressalte-se – foi formada em junho passado e a segunda será em agosto.

A “Creator Economy” é uma indústria crescente no Brasil e no mundo. Apenas no Instagram, 9 milhões de usuários brasileiros criam conteúdos regularmente.

Não à toa, o Brasil é um dos campeões mundiais em tudo o que diz respeito a esse universo. Um levantamento das agências Hootsuite e We Are Social mostrou que somos o segundo país que mais segue influenciadores (44,3% dos usuários da internet), atrás apenas Filipinas (51,4%)

É uma indústria gigantesca. Dados da empresa de Venture Capital SignalFire apontam que 50 milhões de pessoas no mundo se consideram “creators” ou influenciadores. Atento à nova realidade, o Itaú certamente será protagonista deste universo.