Dois bilionários estão em uma corrida para saber quem será o primeiro a inaugurar uma nova era nas viagens espaciais: a do turismo. De um lado, está o americano Jeff Bezos, o fundador da Amazon e homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 199 bilhões. De outro, o britânico Richard Branson, o dono da Virgin Galactic, com “apenas” US$ 7,7 bilhões.
Bezos, que está deixando o cargo de CEO da Amazon em 5 de julho, anunciou que irá ao espaço em uma aeronave da sua empresa Blue Origin, ao lado de seu irmão mais novo Mark, em 20 de julho, dia que marca a chegada do homem a Lua.
Nesta sexta-feira, 2 de julho, Branson informou que deverá partir para uma viagem semelhante em 11 de julho, nove dias antes. “Eu realmente acredito que o espaço pertence a todos nós”, disse Branson, em um comunicado. “Após 17 anos de pesquisa, engenharia e inovação, a nova indústria espacial comercial está pronta para abrir o universo para a humanidade e mudar o mundo para sempre.”
As ações da Virgin Galactic subiram 25% nas negociações no pregão afterhours. No momento, elas estão em alta de mais de 15%, com a companhia avaliada em US$ 11,9 bilhões.
A nave de Branson, a SpaceShipTwo Unity, já fez três testes de voos no espaço, sendo o último deles em maio deste ano. Na semana passada, a empresa recebeu autorização da Federal Aviation Administration dos Estados Unidos para colocar membros pagantes do público a bordo, abrindo caminho para o tão esperado voo do empresário.
A viagem de Branson sairá da base operacional da empresa no Novo México e faz parte de três outros testes que ele planeja fazer antes de começar a transportar passageiros em sua nave de seis lugares.
Já o voo de Bezos sairá de um local no oeste do Texas e levará, além dos irmãos Bezos, Wally Funk, de 82 anos, que fazia parte do programa Mercury 13, e um quarto passageiro, de nome não revelado, “passagem” que foi vendida por US$ 28 milhões em um leilão.
Branson e Bezos viajarão em trajetórias suborbitais curtas que apenas arranharão a borda do espaço e darão aos passageiros a possibilidade de flutuação por apenas alguns minutos. No caso da Virgin Galactic, o voo deve demorar cerca de 90 minutos – 10 deles no espaço.
Em uma nota, o CEO da Blue Origin, Bob Smith, desejou o melhor para Branson, mas mostrou um ar de superioridade. "Eles não estão voando acima da linha de Karman e é uma experiência muito diferente."
Smith refere-se às distâncias que as duas espaçonaves foram projetadas para viajar. A cápsula New Shepard, da Blue Origin, voa a uma altitude de 62 milhas, a chamada linha de Karman, que alguns especialistas dizem ser onde o espaço começa. O avião espacial da Virgin Galactic voa além de 50 milhas, acima do qual a Federal Aviation Administration define como espaço.
Se tudo der certo – é preciso que as condições climáticas, bem como as técnicas, permitam o voo – Branson deverá inaugurar as viagens turísticas ao espaço antes de Bezos. Mas essa não será uma “diversão” para qualquer mortal.
A Virgin Galactic, que foi fundada em 2004, diz ter 600 pessoas que se candidataram para fazer a viagem turística ao espaço. O preço é estimado em US$ 250 mil, mas a companhia acredita que o tíquete deve subir – analistas estimam em US$ 500 mil (aproximadamente R$ 2,5 milhões). A Blue Origin ainda não anunciou quanto cobrará para levar turistas ao espaço.