À frente da Pershing Square Capital Management, Bill Ackman construiu uma reputação no mercado financeiro e um longo histórico de elevados retornos em seus investimentos que lhe renderam o apelido de “Baby Buffett”, em uma referência ao megainvestidor Warren Buffett.
Entretanto, nesta semana, o investidor americano escreveu um capítulo que vai na contramão desse roteiro de sucesso. A trama envolve uma Special Purpose Acquisition Company (SPAC) ou, no jargão do mercado, uma “empresa de cheque em branco”, que foi estruturada pela gestora há exatos dois anos.
Em carta enviada na segunda-feira, 11 de julho, aos acionistas da Pershing Square, e obtida pelo The Wall Street Journal, Ackman revelou que estava colocando um ponto final na empresa em questão, batizada de Pershing Square Tontine Holdings.
Como parte desse processo, a gestora irá devolver os US$ 4 bilhões captados em julho de 2020 na Bolsa de Nova York pela operação, dado que falhou em encontrar um ativo para investir em linha com a sua tese. Ou seja, a operação não cumpriu a principal finalidade no modelo de uma SPAC.
Dentro desse formato, em geral, as “empresas de cheque em branco” têm dois anos para fechar um negócio a partir dos recursos arrecadados em suas listagens. No caso da Pershing Square, essa corrida contra o tempo se encerraria no próximo dia 22 de julho.
Na carta destinada aos acionistas da gestora, Ackman atribuiu o “fracasso” nesse percurso a questões como o fraco desempenho de SPACs que concluíram seus investimentos recentemente. O que, segundo ele, teria contribuído paras as percepções negativos do mercado sobre esses veículos.
Alguns números dão sustentação às palavras do investidor americano. Um levantamento recente feito por pesquisadores da Universidade da Flórida mostrou que as ações das companhias listadas por meio desse modelo registraram um recuo médio de 59,5% no acumulado de 2022 até o dia 24 de maio.
O fundador e CEO da Pershing Square também citou as altas taxas de resgate e o aumento do “escrutínio regulatório” sobre essas operações. Esse último argumento encontra eco na trajetória da própria SPAC estruturada pela gestora.
Em 2021, a Pershing Square Tontine Holdings desistiu de comprar uma fatia na Universal Music diante da oposição da Securities and Exchange Commission (SEC) ao acordo, sob a alegação de que o veículo não atendia todas as regras de investimentos de uma SPAC.
Ao mesmo tempo, mais recentemente, Ackman também não foi bem-sucedido quando solicitou à SEC uma extensão do prazo para que a empresa encontrasse um ativo que se encaixasse em sua tese de investimentos.