Poucas modalidades de investimento têm tanto espaço para crescer no Brasil quanto os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos de investimentos negociados em bolsa que replicam índices de referência. Atualmente, eles respondem por menos de 1% do capital alocado em fundos no país. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos essa proporção ultrapassa os 50%.
Os ETFs oferecem uma série de vantagens. Eles desfrutam de benefícios fiscais, têm liquidez imediata e asseguram aos investidores a possibilidade de diversificar a carteira, entre outros benefícios.
Agora, uma inovação trazida pela gestora Bradesco Asset tornará os ETFs ainda mais atrativos. A casa se prepara para lançar seus primeiros ETFs internacionais, diretamente conectados ao pujante mercado chinês.
Para isso, a Bradesco Asset, que já possui sete ETFs listados na B3, fechou acordos com a China Universal e China AMC, duas das maiores gestoras da Ásia.
“Temos escritório na China desde 2011, o que ajudou nas negociações e na solução de questões operacionais”, afirma Ricardo Eleuterio, diretor da Bradesco Asset. “Conhecemos muito bem o mercado chinês e acreditamos que os novos ETFs trarão grandes oportunidades para os investidores.”
“Conhecemos muito bem o mercado chinês e acreditamos que os novos ETFs trarão grandes oportunidades para os investidores”, diz Ricardo Eleuterio, diretor da Bradesco Asset
Com isso, os investidores brasileiros terão acesso a índices como o CSI 300, composto pelas maiores e mais representativas empresas da China. De seu lado, investidores chineses poderão adquirir ETFs baseados no índice brasileiro Ibovespa.
“Simplificando, vale dizer que o investidor chinês vai conseguir comprar a Bolsa brasileira, e o brasileiro terá acesso à Bolsa chinesa”, afirma Eleuterio.
O executivo ressalta que o acordo com as gestoras vai muito além da simples oferta do ETF. “Firmamos um compromisso que inclui também uma agenda de treinamentos e intercâmbio de conhecimento sobre o mercado chinês para brasileiros e mercado brasileiro para os investidores chineses”, diz.
Desse modo, executivos e especialistas chineses virão ao Brasil para realizar roadshows, palestras e workshops, ajudando os investidores locais a entenderem melhor as oportunidades existentes na China.
De forma recíproca, profissionais brasileiros farão o mesmo na China, apresentando as potencialidades do país aos investidores locais.
O lançamento está integrado ao programa ETF Connect,apresentado oficialmente pela B3 há alguns dias. Trata-se de um acordo inédito entre a bolsa brasileira B3 e as bolsas de Xangai e Shenzhen, que permitirá a listagem cruzada de ETFs entre os dois países.
De acordo com a B3, o objetivo da iniciativa é ampliar oportunidades de investimento por meio de ETFs listados reciprocamente entre China e Brasil – e, assim, garantir um relacionamento de longo prazo entre as bolsas dos dois países.
A iniciativa ganhou impulso a partir de um memorando assinado em 2024 entre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), e foi fortalecida pela decisão dos governos do Brasil e da China de priorizar a cooperação no setor financeiro.
A China já conta com 18 ETFs lançados em parcerias semelhantes com mercados asiáticos como Japão, Singapura e Hong Kong. O Brasil será o primeiro país fora da Ásia a participar de um programa desse tipo.
Por que a China? “A China vive uma nova fase de prosperidade, que vai muito além das commodities, do setor imobiliário e dos bancos”, diz Fabiana D’Atri, economista da Bradesco Asset. D’Atri tem amplo conhecimento do mercado chinês. Ela acompanha a economia local desde 2008 e, a partir de 2010, passou a viajar com frequência ao país.
Entre os segmentos que se destacaram nos últimos anos, a economista aponta inteligência artificial, robótica, biotecnologia e energias renováveis, entre outros, que poderão ser desbravados pelos investidores brasileiros.
Portanto, o ETF voltado para o mercado chinês permitirá aos investidores brasileiros não apenas diversificar seus investimentos, mas também acessar uma economia dinâmica que está entre as líderes na corrida mundial pela inovação.
“O melhor ativo para você estar na China é a bolsa e, em especial, as empresas de tecnologia”, diz Fabiana D’Atri, economista da Bradesco Asset
A economista também destaca que o contexto econômico chinês é favorável para investimentos em ações, sobretudo devido ao recente pacote de estímulos fiscais, que deverá dar novo fôlego ao país. “O melhor ativo para você estar na China é a bolsa e, em especial, as empresas de tecnologia”, ressalta D’Atri.
Na direção oposta, o Brasil também passou a atrair os olhares dos investidores chineses. “Existe uma pré-disposição das empresas locais e dos investidores para conhecer mais o mercado brasileiro”, afirma Eleuterio.
O lançamento do ETF voltado ao mercado chinês faz parte da estratégia de internacionalização da Bradesco Asset, que vem expandindo sua presença global nos últimos anos.
Além do escritório já estabelecido em Hong Kong, a empresa recentemente abriu uma unidade em Miami, com distribuição de produtos financeiros para Europa e América Latina.