No início de 2023, a Bradesco Asset, uma das maiores gestoras de recursos do país, decidiu investir em pessoas, novos produtos e reforçar a presença de seus fundos em plataformas abertas de investimentos e family offices.

Para se aproximar dos chamados canais externos, criou uma área dedicada exclusivamente para esse fim. Embora recém-nascida, a iniciativa já vem colhendo frutos e alguns fundos da Bradesco Asset já podem ser encontrados nas principais plataformas de investimentos disponíveis no mercado.

Ao todo, os canais externos representam aproximadamente R$ 6 bilhões dos ativos sob gestão da Bradesco Asset. A meta é que, a médio prazo, eles respondam por ao menos 10% de todos os recursos sob gestão da casa, que atualmente superam os R$ 605 bilhões.

“Contar com canais externos de distribuição é uma estratégia importante de posicionamento de marca”, afirma Fernando Pairol, superintendente comercial da Bradesco Asset. “Ao ampliar a presença nesses canais, aumentamos a conexão com o público investidor.”

A maior participação da Bradesco Asset nas plataformas e family offices coincide com o bons resultados obtidos pela gestora ao longo de 2022/2023. Conhecida por sua forte atuação nas áreas de previdência e renda fixa, a Bradesco Asset passou a colher frutos também no segmento de crédito privado.

As turbulências no mercado nos primeiros meses do ano assustaram os investidores, especialmente aqueles que não estão acostumados à volatilidade de preços. Como resultado, os saques intensificaram-se no início de 2023. De janeiro a abril, foram resgatados R$ 120 bilhões de fundos compradores de crédito privado negociados no Brasil.

A Bradesco Asset, contudo, foi na direção oposta, registrando captação líquida de R$ 6 bilhões no mesmo período. “O que nos ajudou a manter os cotistas nos fundos foram os bons níveis de rentabilidade”, diz Ana Luísa Rodela, head de gestão de crédito na Bradesco Asset. “E conseguimos isso a partir da gestão ativa e da seleção rigorosa de crédito.”

A executiva lembra que a Bradesco Asset tem se destacado pela forte atuação no mercado secundário de crédito – apenas em 2022, foram movimentados mais R$ 15 bilhões entre compras e vendas.

Afinal, como a Bradesco Asset seleciona as empresas que compõem o seu portfólio? A gestora conta com um time de seis analistas dedicados exclusivamente à área de crédito.

Nos últimos anos também foram feitos investimentos na equipe de fundos estruturados, que complementam o portfólio oferecido ao cliente com produtos mais arrojados, focados em créditos que requerem análise especializada, mas que em troca oferecem taxas mais altas aos investidores. Essa área é responsável pelo primeiro fundo high yield listado em bolsa (BRHY11) e se prepara para lançar novos produtos ao longo do segundo semestre, inclusive um deles focado no setor agro.

As minúcias nas análises indicam quais operações oferecem relação de risco-retorno adequada – ou seja, aquelas que poderão proporcionar aos investidores boa rentabilidade, mas sem elevar demais os níveis de risco.

Fernando Pairol destaca que os cuidados na seleção dos ativos são fundamentais, especialmente em períodos de turbulências no mercado.

Em 2023, ressalte-se, duas grandes empresas, Americanas e Light, protocolaram pedidos de recuperação judicial, o que certamente foi motivo de preocupação para muitos investidores. “Nesse contexto, não há dúvida de que os investidores começarão a fazer uma seleção mais criteriosa de fundos e gestores antes de realizarem as alocações”, diz Pairol.

Ana Rodela acrescenta. “O investidor aprendeu com os choques sucessivos que começaram lá atrás, durante a pandemia. As gestoras que possuem portfólio mais equilibrado e diversificado se saíram melhor.”

De fato, a Bradesco Asset estava bem-posicionada para enfrentar, sem sustos, os solavancos que atingiram a indústria de investimentos nos últimos meses.

Diversos fundos geridos pela Bradesco Asset têm resultados consistentes para apresentar. Com patrimônio de R$ 556 milhões, o Bradesco Crédito Privado Ultra registrou rentabilidade de 116,04% do CDI nos últimos 24 meses, encerrados em junho de 2023.

Os executivos da gestora lembram que o patrimônio do Bradesco Crédito Privado Ultra é relativamente pequeno por decisão da própria asset.

“Ele teria demanda para ter patrimônio muito maior, mas nós queremos preservar a qualidade do portfólio”, diz Pairol. “Por isso, abrimos para captação apenas quando detectamos um momento favorável do mercado.”

Em linhas gerais, seu objetivo é obter retornos por meio da alocação em títulos de crédito privado de longo prazo. Como se vê, a estratégia tem funcionado.

Outro destaque da casa é o Bradesco Crédito Privado Plus, com rentabilidade superior a 110% do CDI nos últimos 24 meses, encerrados em junho de 2023 e R$ 7,6 bilhões de patrimônio líquido na estratégia. Esse fundo paga resgate em D+5 dias úteis após a solicitação o que permite o gestor montar um portfólio um pouco mais alocado em crédito.

Outro fundo interessante na grade da Bradesco Asset é o Bradesco Crédito Privado Bancos, com patrimônio de R$ 6,5 bilhões na estratégia. Nesse caso, a gestora só compra crédito bancário – o crédito corporativo, portanto, está fora do escopo do produto.

A ideia é atrair o investidor que pretende estar exposto a risco de crédito, mas excluindo o universo das empresas. De novo, a estratégia funcionou. O Bradesco Crédito Privado Bancos teve rentabilidade de 105,59% do CDI nos últimos 12 meses. “Nosso maior objetivo é entregar bons resultados ponderados pelo risco para os clientes”, diz Ana Rodela.