A 13ª edição do CEO Forum, tradicional evento promovido pelo banco de investimentos Bradesco BBI, trouxe duas ótimas notícias para o Brasil.
A primeira: os investidores estrangeiros estão com maior apetite pelo mercado brasileiro. A segunda não é menos impactante: 2024 deverá ser o ano da renda variável, o que certamente trará oportunidades de negócios para o país.
Realizado em Nova York, nos Estados Unidos, entre 14 e 16 de novembro, o CEO Forum tornou-se um dos mais importantes encontros da indústria de investimentos.
A conferência reuniu, de um lado, um grupo seleto de investidores institucionais. De outro, empresas que são referências em seus setores – e tudo isso permeado por palestras feitas por protagonistas do cenário econômico brasileiro e mundial.
“Além da longevidade do evento e do alto nível dos participantes, um de seus diferenciais é o timing”, diz Felipe Thut, Head do Investment Banking do Bradesco BBI.
Thut explica: “A conferência sempre é realizada em novembro, o que é ótimo para discutir as perspectivas do próximo ano”, afirma. “Além disso, as empresas chegam com o balanço do terceiro trimestre já divulgado, e os investidores ficam com esse update.”
Head de Global Markets do Bradesco BBI, Rui Marques traz os números superlativos da conferência. “Participaram desta edição do CEO Forum 93 empresas e 350 investidores”, diz o executivo.
Ele chama a atenção para outro dado ainda mais marcante. “Nos três dias do evento, foram realizadas 940 reuniões entre investidores e empresas.”
Ou seja: o CEO Forum não é apenas um evento de relacionamento, mas, acima de tudo, dá origem a muitos negócios.
93 empresas e 350 investidores participaram do CEO Forum
O que explica a percepção generalizada de que o Brasil ingressará em um ciclo positivo? “Temos o PIB surpreendendo para cima, inflação surpreendendo para baixo, corte da taxa de juros, balança comercial em alta”, responde Thut.
O Brasil também poderá ser beneficiado pelo fim do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos – é consenso entre analistas que ele atingiu o pico e deverá cair no ano que vem.
“Por todas essas razões, os investidores enxergam um momento positivo para o Brasil, especificamente no mercado de equities”, afirma Rui Maques.
Nesse contexto, as palestras não poderiam ser mais esclarecedoras. Entre outros temas, os painelistas falaram sobre os desafios da política econômica mundial, ajuste fiscal no Brasil, corte de juros e reforma tributária.
As mudanças climáticas, e o que podemos fazer para abrandá-las, também estiveram em pauta.
“Com base no conteúdo que trouxemos, os investidores vão escolher os seus cavalos para investir quando decidirem adicionar risco ao portfólio”, diz Thut.
O conteúdo, de fato, certamente municiou os participantes de informações que ajudarão em suas decisões de investimentos.
Um dos destaques do evento foi a palestra de William Dudley, ex-presidente do FED de Nova York e vice-chairman do FOMC, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que estabelece as taxas de juros nos Estados Unidos.
Dudley, claro, falou sobre a política monetária dos Estados Unidos. Em linhas gerais, ele disse que o Fed entende o risco de manter a taxa de juros elevada por mais tempo, mas seria um perigo maior baixá-la antes de existirem condições para isso.
Do lado estrangeiro, outro destaque foi a participação do economista turco Daron Acemoglu, professor do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e coautor do best-seller “Por que as Nações Fracassam?"
Entre outros assuntos instigantes, Acemoglu falou sobre desglobalização, o avanço do populismo no mundo e as mudanças no mercado de trabalho no pós-Covid.
Evento de vocação global, o CEO Forum contou com palestrantes de diversos países – como o indiano Raghuram Rajan, ex-presidente do BC da Índia e ex-economista-chefe do FMI, e a mexicana Vanessa Rubio, ex-vice-ministra das Finanças de seu país.
Eles abordaram temas fundamentais como o risco de recessão global, o desempenho econômico de seus países e a desaceleração chinesa.
Um tema que, de certa forma, impacta todos os outros também foi discutido com profundidade no CEO Forum: as mudanças climáticas e os seus efeitos para o desenvolvimento econômico.
Professor e codiretor do departamento de sustentabilidade do MIT, o americano John Sterman disse que, sim, o cenário é alarmante, mas dá para revertê-lo com o somatório de diversas iniciativas, como o maior uso de energias renováveis e a eletrificação da frota de automóveis.
Do lado brasileiro, os palestrantes também são protagonistas em suas áreas de atuação. Secretário para a reforma tributária no Ministério da Fazenda, Bernard Appy falou sobre as novas regras que tramitam no Congresso e o desafio para implementá-las.
Por sua vez, Guilherme Mello, secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, abordou um tema essencial para as costas públicas: a meta fiscal do governo e as chances de alcançar déficit zero no ano que vem.
Todas essas questões e os seus desdobramentos certamente influenciam as tomadas de decisão dos investidores. Como o CEO Forum mostrou, eles têm motivos para estar otimistas com o Brasil.