O crédito entrou em um novo ciclo no Brasil. A oferta de empréstimos, antes concentrada em grandes bancos, passou a ser distribuída por uma rede mais ampla de players: varejistas que financiam seus clientes, plataformas de e-commerce que parcelam compras com recursos próprios, ERPs que antecipam recebíveis e fintechs especializadas em nichos específicos.

Para o consumidor, essa transformação é evidente. Agora, o crédito está embutido na própria jornada de compra: é possível contratar um empréstimo em poucos cliques no aplicativo do celular ou aprovar um limite enquanto finaliza a compra no e-commerce.

É nesse ambiente de alta digitalização que a Celcoin se posiciona. Fundada em 2016, a empresa se consolidou como uma das principais infratechs financeiras do país, fornecendo infraestrutura para que bancos, fintechs e empresas não financeiras operem serviços de pagamentos, banking e, cada vez mais, crédito.

“Estamos vivendo um ciclo inédito de desconcentração do crédito”, afirma Marcelo França, CEO da Celcoin. “Nossa missão é permitir que qualquer empresa ofereça crédito de forma segura, digital e escalável, sem precisar se tornar um banco.”

A Celcoin nasceu como uma plataforma de pagamentos e banking as a service, apoiando a primeira geração de fintechs a lançar contas digitais, carteiras e serviços financeiros.

Com o avanço regulatório no país, a chegada do Open Finance e a maturidade crescente do mercado de capitais, a companhia passou a enxergar no crédito um novo canal de crescimento.

A vertical começou a ganhar corpo em meados de 2022 e hoje já responde por 30% do negócio. “Projetamos que até o final de 2026 o crédito representará a maior parte de nossa receita”, diz o executivo.

Para sustentar essa ambição, a empresa montou uma esteira completa de infraestrutura de crédito. Nos últimos quatro anos, fez seis aquisições que trouxeram competências em meios de pagamento, esteira de crédito, Open Finance, suporte regulatório, cobrança e motor de crédito com uso de inteligência artificial.

“Estamos vivendo um ciclo inédito de desconcentração do crédito”, afirma Marcelo França, CEO da Celcoin. “Nossa missão é permitir que qualquer empresa ofereça crédito de forma segura, digital e escalável, sem precisar se tornar um banco.”

A mais recente aquisição, a Vulkan Labs, acrescentou ao portfólio da Celcoin um motor de decisão no-code, nativo em IA, que conecta múltiplas fontes de dados e automatiza decisões de crédito em tempo real.

A solução permite configurar fluxos personalizados, monitorar carteiras e acessar dashboards analíticos, além de integrar dados de fontes externas como Open Finance e Serasa. Na prática, o modelo permite que as empresas criem esteiras de crédito sob medida, com decisões mais rápidas, assertivas e seguras.

O motor também pode ser usado em processos de onboarding, prevenção a fraudes, compliance e gestão de risco, criando uma camada de inteligência sobre toda a jornada.

A inteligência artificial entra numa das etapas mais sensíveis do processo: a análise de risco, aplicando modelos estatísticos e de machine learning para estimar a probabilidade de inadimplência e definir limites, taxas e prazos. “A IA ajuda a prever melhor o risco da operação”, diz o CEO, que reforça que a Celcoin tem apostado em uma abordagem modular e tecnológica para oferecer uma infraestrutura completa para a jornada de crédito.

A estratégia conecta todas as etapas do ciclo de crédito, da originação à recuperação, promovendo eficiência para todos os players, sejam eles instituições financeiras, no modelo core credit, onde oferece toda a infraestrutura tecnológica de crédito, ou credores não regulados, no modelo CaaS (credit as a service), com a oferta tanto de tecnologia quanto da parte regulatória “as a service.

Na jornada do crédito, por exemplo, a Celcoin fornece infraestrutura integrada do início ao fim, resolvendo o problema da gestão de múltiplos fornecedores. A oferta inclui Onboarding, Formalização de CCBs e NCs, Cessão para veículos diversos como FIDCs e Securitizadoras e Cobrança. Além disso, a empresa viabiliza tecnologia e licenças para que clientes operem crédito para pessoas físicas e jurídicas, com ou sem garantia, no setor público ou privado, de natureza mercantil ou bancária, com alto grau de automação e neutralidade.

O mercado, por sua vez, já reconhece a Celcoin como uma infraestrutura completa e modular, capaz de se adaptar a diferentes modelos de negócio e estágios de maturidade. Essa flexibilidade é o que permite que empresas de perfis variados encontrem na infratech o suporte ideal para operar crédito de ponta a ponta.

A Americanas e a Pagol utilizam o modelo BNPL integrado à infraestrutura da Celcoin; a Robbin opera a bancarização com emissão de CCB; a Pipeimob reúne banking, crédito e pagamentos em uma jornada totalmente digital; Bull Banker e BYX contam com o motor de averbação para o consignado; enquanto Bankme e SuperSim operam com a esteira completa de crédito da companhia

“O cliente escolhe os bricks que precisa para construir sua esteira de crédito e a sua estrutura de contas”, afirma. Isso permite à empresa atender desde grandes instituições financeiras até varejistas físicos e digitais, marketplaces, ERPs e fintechs nativas digitais.

A velocidade de implementação é um diferencial em um mercado que exige agilidade e rapidez nos negócios. Segundo o executivo, há casos em que uma esteira de crédito foi colocada de pé em questão de dias.

“O originador não precisa se preocupar com licenças bancárias ou com a construção da tecnologia do zero”, diz. “Ele embute a nossa infraestrutura na jornada dele.”

A Celcoin atende cerca de 750 clientes, entre fintechs e companhias de diversos segmentos, conta com 400 colaboradores e processa em torno de R$ 40 bilhões por mês em transações

Esse modelo viabiliza uma variedade de produtos, do consignado público e privado ao Crédito do Trabalhador, passando por crédito pessoal, BNPL (buy now, pay later) e antecipação de recebíveis.

Tamanha abrangência se traduz em uma multiplicação de casos de uso. Há marketplaces que financiam consumidores diretamente no checkout, redes de lojistas que oferecem conta e limite de crédito para parceiros e empresas de serviços que transformam sua base de clientes em canal de originação.

“A combinação do avanço da tecnologia, da regulação e do aumento do funding é o que está acelerando a desconcentração e a democratização dos serviços financeiros”, afirma França.

A escala já alcançada pela empresa demonstra o papel vital dessa infraestrutura invisível. A Celcoin atende cerca de 750 clientes, entre fintechs e companhias de diversos segmentos, conta com 400 colaboradores e processa em torno de R$ 40 bilhões por mês em transações.

Para o CEO, a transformação ainda está no começo. Ele enxerga o movimento brasileiro em direção a um modelo em que o mercado de capitais ganha peso em relação ao sistema bancário tradicional, como já acontece em economias mais maduras.

Nesse cenário, empresas capazes de organizar dados, controle de risco e backoffice se tornaram peças centrais da engrenagem. “Estamos vivendo o início de uma nova era do crédito, em que a tecnologia não é mais suporte, é o próprio motor do negócio”, conclui França.